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5 fundos para investir no exterior com até R$ 1 mil

Analista de fundos do BTG Pactual digital, Juliana Machado explica a proporção indicada para investimentos internacionais e as características dos produtos

Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), em Wall Street | Foto: Matteo Colombo/Getty Images (Matteo Colombo/Getty Images)

Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), em Wall Street | Foto: Matteo Colombo/Getty Images (Matteo Colombo/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 30 de novembro de 2021 às 06h15.

Última atualização em 30 de novembro de 2021 às 07h26.

A piora das perspectivas para a economia local e as incertezas que acompanham o ano eleitoral de 2022 têm levado parte do mercado a migrar seus ativos para o exterior, em busca de diversificação do portfólio. Mas, para muitos investidores, as possibilidades oferecidas pelo mercado internacional podem se mostrar um desafio na hora de escolher o que colocar na carteira.

Para aqueles que querem aproveitar o que há de melhor no exterior sem ter que estudar os mercados do mundo todo, os fundos de investimentos podem ser uma excelente opção. Com esse objetivo, Juliana Machado, analista de fundos do BTG Pactual digital, selecionou a pedido da EXAME Invest cinco fundos com aporte inicial de menos de 1.000 reais e históricos de retorno consistentes -- aqui vale sempre a ressalva: retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, mas pode sinalizar um histórico de entrega de resultados que ajuda a balizar as escolhas.

Machado ressalta que é importante dosar a proporção dos investimentos internacionais na carteira, ainda mais se não tiverem proteção contra a exposição cambial, o chamado hedge.

"Se houver queda das ações e do dólar em relação ao real, o investidor terá dois impactos na carteira. É sempre importante começar devagar com esse tipo de produto, pois trazem uma volatilidade adicional à carteira", afirma. 

Segundo Machado, a parte em dólar deve girar entre 5% e 10% do portfólio, dependendo do perfil do investidor. "Para quem tem perfil mais agressivo, de 50% na bolsa no Brasil, faz sentido ter ETF (fundo passivo) global ou fundo sem hedge, para equilibrar a posição em ações brasileiras."

A especialista em fundos pontua que o horizonte do investimento não deve ser abaixo de cinco anos. "Todos são teses de longo prazo, apesar de alguns fundos terem período de resgate curto. Estamos falando de diversificação em renda variável global, que, claramente, deve servir como uma tese mais estrutural na carteira."

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1. BTG Pactual Diversificação Ações Globais FIA BDR Nível I

Com seleção feita por meio de teses macroeconômicas globais, o fundo do BTG tem foco em BDRs de ETFs, que seguem índices de referência de diferentes mercados internacionais.

"Se o fundo tiver uma visão positiva para Estados Unidos e negativa para a China, ele vai comprar BDRs de ETFs ligadas a empresas americanas e ter uma posição mais negativa em relação à China", explica Machado.  A estratégia já rendeu 16% no ano, sem contar a variação do dólar, já que o fundo possui hedge.

"Para quem quer controlar a exposição cambial na carteira, essa é uma alternativa muito interessante", afirma Machado. A analista ainda ressalta a acessibilidade do fundo, que não cobra taxa de performance e tem aplicação inicial mínima de 1 real. 

Filosofia: Macro

Taxa de administração: 1,25% ao ano

Taxa de performance: Sem taxa 

Aplicação inicial mínima: 1 real

Período de resgate: D+4 (quatro dias após o pedido do investidor)

Exposição cambial: Não 

2. IPG FIC FIA BDR Nível I

Gerido por uma das gestoras mais tradicionais do mercado brasileiro, a IP Capital, o fundo faz uma seleção rigorosa para a escolha das empresas que devem ser as vencedoras em seus setores, independentemente do país de origem. "O fundo tem o que há de melhor na visão da gestora, com ações brasileiras ou estrangeiras. Atualmente, a concentração internacional é bem maior, dada a maior confiança no cenário externo", diz Machado.

Dado o trabalho na escolha dos ativos, a gestora também cobra taxas maiores, mas nada muito além da média da indústria brasileira de fundos: 2% de administração e 20% sobre o que superar o IBrX, que é o benchmark.

"O investidor poderá contar com a expertise da gestora, que está no mercado desde 1988. É uma das poucas grandes gestoras entre as tradicionais com fundo acessível para o varejo." No ano, a rentabilidade do fundo está em 7,24%, com ganho acumulado de 355% desde seu início, em 2010.

Filosofia: Fundamentalista

Taxa de administração: 2% ao ano

Taxa de performance: 20% sobre o que superar 100% do IBrX

Aplicação inicial mínima: 1 mil reais

Período de resgate: D+32

Exposição cambial: Não

3. Western Asset FIA BDR Nível I

O fundo é um dos que mais crescem no país: o patrimônio líquido cresceu em mais de 1.000% desde 2020, chegando a 4,5 bilhões de reais. Parte desse crescimento se deve à performance, que ficou em 66% no ano passado e já acumula ganhos de 31,6% neste ano. Sem hedge, o desempenho também considera a valorização do dólar no período.

Como parte do conglomerado global Legg Mason, a Western Asset conta com o time de análise da americana ClearBridge, que envia relatórios com indicações de compras de ativos -- o que, além de ter dado bons resultados, ajuda a reduzir as taxas cobradas dos clientes. "É uma forma de o investidor ter acesso a uma estratégia desenhada fora do Brasil", comenta Machado. 

Filosofia: Fundamentalista

Taxa de administração: 1,5% ao ano

Taxa de performance: Sem taxa 

Aplicação inicial mínima: 1 mil reais

Período de resgate: D+4

Exposição cambial: Sim

4. Fundsmith GE BTG Pactual ACS FIA IE*

Criado no início da última década, o Fundsmith se tornou um dos principais fundos da Europa. Com abordagem totalmente fundamentalista, o fundo concentra seu portfólio em 20 a 30 empresas de alta qualidade e modelo de negócio irreplicável. A estratégia rendeu retornos anualizados de 18,3% e o apelido de "Buffett Inglês" a Terry Smith, dada a semelhança da forma de investir com o megainvestidor americano Warren Buffett.

"Terry Smith tem a experiência de fazer a seleção de grandes teses. Não faz operação vendida, hedge, trade ou market timing", diz Machado. "É uma forma de o investidor brasileiro ter acesso a um fundo internacional de grosso calibre." No Brasil, o produto é distribuído por meio de um fundo feeder oferecido com exclusividade nas plataformas do BTG, nos formatos com e sem hedge.  

Apesar do aporte inicial relativamente baixo, o fundo ainda é destinado apenas a investidores qualificados, com mais de 1 milhão de reais em investimentos ou comprovação de conhecimento técnico sobre o mercado. A regra, porém, está sendo revista pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "Estamos perto de ter uma mudança regulatória relevante. Certamente, produtos como esse vão estar mais acessíveis ao investidor de varejo", comenta a analista. 

Filosofia: Fundamentalista

Taxa de administração: 1% ao ano

Taxa de performance: Sem taxa 

Aplicação inicial mínima: 1 mil reais

Período de resgate: D+5

Exposição cambial: Sim e não

*Apenas para investidores qualificados

5. ETF e BDRs de ETFs

Os ETFs (fundos passivos) e os BDRs (recibos de ativos listados no exterior) de ETFs podem ser uma opção barata para para quem busca diversificar seus investimentos no exterior. Por outro lado, o investidor precisa ficar atento, pois, diferentemente de alguns fundos, ETFs não têm hedge e, em geral, seguem as principais empresas de um determinado país.

"Um ETF ligado à China, por exemplo, estará replicando indicadores do país. O investidor estará exposto a boas e nem tão boas empresas e à variação cambial, por causa da conversão em reais. É importante evitar concentração nesse tipo de produto, porque há dois tipos de risco, o do índice e o cambial. Mas, para quem tiver convicção na tese e quiser trazer para o portfólio, o ETF é válido", diz Machado. 

Com a liberação dos BDRs às pessoas físicas, no segundo semestre do ano passado, a B3 tem trazido ETFs de diversos países, como Taiwan, Japão Reino Unido e muitos outros. Na bolsa, já são mais de 70 BDRs de ETFs, sendo mais de 40 disponíveis ao público em geral.

 Filosofia: Seguir índice de referência

Taxa de administração: Varia

Taxa de performance: Sem taxa 

Aplicação inicial mínima: Varia

Período de resgate: D+2

Exposição cambial: Sim

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