Dólar: Moeda americana subiu mais de 2% no mês e impulsionou fundos cambiais (Antonistock/Thinkstock)
Anderson Figo
Publicado em 19 de fevereiro de 2017 às 07h00.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2017 às 07h00.
São Paulo - Tem viagem marcada para o exterior ou alguma despesa para pagar em moeda americana? Esta é uma boa hora para comprar dólar, segundo especialistas. A divisa cedeu 0,53% na semana encerrada no último dia 17, em sua nona baixa semanal consecutiva. Em 2017, a queda acumulada já chega perto de 5%.
"É um momento de compra. O real foi na contramão das moedas internacionais, que perderam força contra o dólar nos últimos dias. O patamar em que está a cotação abre, sim, uma oportunidade para comprar dólares", diz Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital.
Segundo Bergallo, o momento de queda da moeda americana frente ao real é explicado por grandes captações pontuais de empresas brasileiras em meio a um cenário de liquidez reduzida. "O que temos visto é uma distorção pontual, a qual não sabemos quanto tempo pode durar."
Mesmo com a forte queda do dólar, Bergallo não acredita que o Banco Central pode intensificar suas atuações no mercado de câmbio para controlar o patamar da moeda. "A nova equipe econômica segue uma linha mais ortodoxa e sabe que governo nenhum deve estabelecer, mesmo que indiretamente, um piso ou um teto para a taxa de câmbio. Neste momento, não vejo o BC como uma instituição que irá atuar de forma intensa nesse mercado, a não ser em caso de extrema urgência."
Para Juvenal Santos, superintendente de Varejo do Grupo Confidence, colabora para o fortalecimento do real frente ao dólar o otimismo maior com a economia brasileira. E a queda da cotação intensificou a busca pela moeda americana em 2017.
"Em janeiro deste ano, tivemos um crescimento de 23% na demanda por dólar em comparação com o mesmo mês de 2016. Na primeira quinzena de fevereiro, o avanço foi de 5% sobre igual período do ano passado", diz. "Estamos projetando para 2017 uma alta de 15% nas vendas de moedas."
Há um ano, o dólar estava na casa de 4 reais e, agora, ronda 3,1o. É uma diferença de mais de 20%. "Isso influencia na decisão de compra das pessoas. Quem ia deixar de fazer algum passeio no exterior por conta do preço, por exemplo, acabou aproveitando a semana para comprar mais dólares."
Como o preço do dólar é influenciado por uma série de fatores tanto internos quanto externos, não há um consenso sobre para onde a cotação do dólar deverá seguir nos próximos meses. Segundo a versão mais recente do Boletim Focus do Banco Central, o mercado projeta que a moeda americana terminará 2017 em 3,36 reais.
De qualquer forma, os especialistas ouvidos por EXAME.com recomendam que você compre os dólares necessários para a viagem ou pagamento de contas no exterior em datas diferentes. Com isso, você vai conseguir aproveitar cotações variadas e minimizar seus riscos.
Como o cenário externo demanda cautela e algumas notícias podem mexer com o humor do mercado e torná-lo instável, formar uma cotação média vai proteger quem precisa comprar dólar.
É importante saber que, ao seguir a estratégia de comprar a moeda aos poucos, você não deve fazer as compras aleatoriamente. É preciso se comprometer a comprar dólar sempre que houver algum movimento de queda, sem abrir mão de sua estratégia inicial. Será preciso também ficar atento ao noticiário.
Além disso, sempre vale a dica de procurar pela melhor cotação. As casas de câmbio tendem a embutir nas cotações praticadas de dólar taxas que reflitam o custo de suas operações, por isso o valor varia de um lugar a outro —e, em alguns casos, a diferença pode ser grande.
No site do Banco Central, é possível utilizar a ferramenta Ranking do VET, que mostra o Valor Efetivo Total (VET) da conversão de moedas estrangeiras em de diferentes casas de câmbio. O VET engloba a taxa de câmbio, as tarifas e os tributos incidentes sobre a conversão, apresentando o custo final da compra.
Se você está indo para o exterior, a recomendação é que você leve uma parte menor de recursos em dinheiro vivo e coloque a maior parte em um cartão pré-pago.
Isso vai te proteger em caso de roubo ou perda, já que o cartão pré-pago pode ser facilmente bloqueado e substituído onde você estiver. Já o dinheiro em espécie, quando perdido, não há o que possa ser feito, e você fica com o prejuízo.
Os cartões possuem bandeiras diferentes, são aceitos em todo o mundo e podem ser solicitados em casas de câmbio, agências de intercâmbio, online ou até mesmo por telefone.
"A recarga pode ser feita remotamente e você consegue controlar o extrato de gastos online. Por isso é uma ótima opção também para os pais que estão mandando seus filhos para estudar no exterior", diz Santos, da Confidence.
É importante lembrar, porém, que o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) cobrado nas recargas de dólar em cartões pré-pagos é de 6,38%, enquanto que a taxa para a compra da moeda em espécie é de 1,10%. "Vale a pena pagar um pouco mais pela segurança e comodidade", afirma Santos.