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Por que os bancos podem ser o pior lugar para você investir

Entenda os motivos que levam o seu dinheiro a render muito mais fora dos bancos


	Pela maior facilidade para atrair clientes, bancos não fazem questão de oferecer as melhores taxas do mercado
 (ALAN MARQUES)

Pela maior facilidade para atrair clientes, bancos não fazem questão de oferecer as melhores taxas do mercado (ALAN MARQUES)

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Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2013 às 07h47.

São Paulo – Investir por meio dos grandes bancos de varejo é a primeira opção para muitos, principalmente pela praticidade. Mas, são raros os bancos que oferecem o melhor investimento de acordo com o perfil do cliente e muitos chegam a vender produtos tão ruins que seria melhor deixar o dinheiro "investido" embaixo do colchão.

É por isso que muitos especialistas recomendam o investimento por meio de corretoras e gestoras independentes, que podem ter uma assessoria mais especializada, taxas mais atraentes e aplicações que exigem investimentos menores que os bancos grandes. 

Veja a seguir alguns fatores que mostram por que os bancos podem ser o pior lugar para investir o seu dinheiro.

Baixas remunerações no investimento em CDBs

Os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) são títulos de renda fixa emitidos pelos bancos como forma de captar recursos que serão utilizados em operações de crédito. Eles representam claramente uma prática que rege o sistema dos bancos, que é a tentativa de captar dinheiro dos clientes pagando o mínimo possível para depois emprestar cobrando o máximo que conseguirem. 

“É um conflito de interesse, porque o banco precisa comprar dinheiro barato, se não ele perde a sua margem. Então, ele faz a negociação caso a caso. Pessoas com maior conhecimento e informação ganham mais nos investimentos porque na negociação exigem mais e quem tem menos conhecimento recebe menos”, explica o autor do livro “Case com seu banco com separação de bens”, Beto Veiga.

Os CDBs de grandes bancos são constantemente oferecidos aos clientes com remunerações inferiores aos CDBs de bancos menores. Como os bancos grandes têm acesso a milhões de correntistas e, em geral, menos risco de ter problemas financeiros em meio a uma crise, eles não fazem grandes esforços para oferecer boas vantagens e captar mais clientes. Já os bancos menores e instituições independentes oferecem melhores condições para atrair mais investidores.

Para conseguir uma remuneração de 100% do CDI, que seria uma remuneração vantajosa em relação a outros produtos de renda fixa, os bancos grandes exigem volumes de investimento altos ou a permanência no investimento por um longo período. Enquanto isso, bancos médios e instituições independentes oferecem 100% do CDI para valores investidos a partir de 1 real, como é o caso do Sofisa Direto, do Banco Sofisa, e do CDB Direto, do Banco Ficsa.

Apesar de estes bancos menores apresentarem maiores riscos, existe a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que cobre os prejuízos que o investidor tiver em caso de quebra do banco até o teto de 70.000 reais (garantia válida por instituição e por CPF). 

Títulos de Capitalização são vendidos como “investimentos” vantajosos

O Título de Capitalização (TC) é um produto que também faz parte da cesta de metas dos gerentes, por isso é insistentemente empurrado aos clientes. Os TCs podem prejudicar o investidor justamente porque eles são apresentados com um bom investimento e funcionam mais como um jogo de loteria. Segundo os bancos, eles são vantajosos porque condicionam o cliente a poupar uma quantia fixa todo mês, oferecem o mesmo rendimento da poupança antiga e ainda promovem sorteios.

Ocorre que os TCs não rentabilizam todo o dinheiro aplicado. Em um típico título vendido no mercado, apenas 10% das três primeiras mensalidades são rentabilizados; do quarto ao 23º mês, 90%; e, do 24º ao 48º mês, 97,98%. Pelo fato de boa parte dos recursos destinados ficar para os bancos, pode-se dizer que se o valor fosse colocado em um cofrinho daria na mesma. Além disso, em muitos casos, o cliente só pode recuperar o seu dinheiro depois de cinco anos, ficando sujeito a perdas caso queira antecipar o resgate. 


Seus planos de previdência são mais caros

Entre os “Top 3” produtos oferecidos ao cliente estão também os planos de previdência, que podem ser bastante desvantajosos quando contratados em bancos.

Especialistas recomendam que os planos de previdência não tenham taxas de administração superiores a 1,25% ao ano e que não possuam taxa de carregamento (porcentagem descontada sobre o valor de cada aporte). Ocorre que muitos bancos praticam taxas de administração que chegam a superar os 3% ao ano, além de cobrar taxa de carregamento.

Por isso, se seu banco não oferece um plano de previdência em conta, pode ser mais interessante buscar planos em seguradoras independentes. Lembrando que a seguradora deve ser sólida, uma vez que você pode perder o valor investido caso ela venha a quebrar.

“Os bancos, em geral, cobram mais por produtos mais simples, como os planos de previdência, quando deveria ser o contrário. Com isso, muitas vezes os custos anulam o rendimento do plano”, afirma Conrado Navarro, planejador financeiro da consultoria Dinheirama.

Cobram taxas altas para investir no Tesouro Direto 

O investimento em títulos do Tesouro Direto só pode ser feito por meio da abertura de uma conta em um banco ou corretora autorizados a comprar os títulos. Atualmente, cinco instituições não cobram taxas para o investimento, mas nenhum banco grande de varejo está entre elas. E o pior, os bancos são algumas das instituições mais caras para investir no Tesouro Direto, com taxas de administração que chegam a 0,50% ao ano.

As indicações sobre os melhores investimentos podem não ser as mais adequadas

Dois fatores pesam para que os bancos não sejam as melhores fontes de conselho sobre investimentos. O primeiro deles é o já mencionado conflito de interesses. “Como os clientes que investem por meio dos bancos tendem a ser menos exigentes e a confiar mais na orientação dos gerentes, que prestam uma consultoria de graça, o gerente não age em função do melhor interesse para o cliente, mas sim do próprio interesse”, diz Veiga.

E o segundo fator é que os bancos podem ter profissionais menos especializados ou menos disponíveis do que as gestoras independentes. “Os bancos de varejo têm muitos níveis de profissionais dentro da instituição. Eles têm bons profissionais de gestão, mas nem sempre esses que entendem mais sobre o assunto são acessíveis ao pequeno investidor”, comenta Conrado Navarro. 

Os gestores independentes, pelo fato de trabalharem com foco apenas em investimentos, além de terem mais liberdade para indicar as aplicações disponíveis, podem ter uma noção maior dos produtos mais indicados para cada perfil de cliente. “Eles têm acesso a mais informações e detalhes do produto e fazem uma assessoria mais direta, indicando os produtos mais adequados”, acrescenta Navarro.

Custos de investimentos costumam ser maiores nos bancos

Não que as outras instituições financeiras não tentem ganhar dinheiro em cima do cliente (afinal elas também sobrevivem disso), mas pode-se dizer que os bancos conseguem praticar taxas ainda maiores. “O banco pode ser mais negligente em relação a taxas porque ele tem um conjunto cativo de correntistas. A administradora de recursos independente, por sua vez, precisa correr atrás de clientes e um dos elementos que ela usa para atraí-los são as taxas menores”, explica Beto Veiga.


Ele afirma que no caso dos fundos de investimento, por exemplo, os bancos são comissionados por meio da taxa de administração. Por isso a taxa é a mais elevada possível.

Compreender a lógica que rege o sistema é importante para desmistificar as impressões de que os gerentes são grandes amigos, ou na outra ponta, sugadores de dinheiro. Eles simplesmente atuam como vendedores, mas em vez de produtos de consumo, eles vendem produtos financeiros. Por isso, conforme Veiga defende, é possível conseguir melhores condições de investimento com os bancos se o cliente souber que para isso é preciso negociar.

Nem tanto ao mar nem tanto à terra

Apesar das vantagens que as corretoras e gestoras independentes podem oferecer, é preciso também compreender que nem todas são o melhor destino para os investimentos.

Se o cliente possuir uma alta renda, por exemplo, ele poderá ter acesso a produtos vantajosos dentro do próprio banco, mas que são apenas voltados a clientes premium, já que é interessante para a instituição captar altos volumes de recursos.

Além disso, o risco de um banco grande quebrar é muito menor do que o de um banco médio ou uma corretora pequena. Mas, nem por isso o investidor precisa sair correndo. Existem diversas instituições sólidas e tradicionais. 

Navarro sugere que o investidor sempre estude quem faz parte do quadro societário da instituição financeira, qual é o seu histórico, o tamanho do patrimônio que ela tem sob gestão e se a empresa é regulamentada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Uma boa referência para pesquisar informações sobre as corretoras pode ser o ranking da CVM de reclamações de clientes, apesar de as informações mais atuais serem do segundo semestre de 2011. Ele pode ser acessado pelo site da CVM, clicando no menu esquerdo da página em: proteção e educação ao investidor>boletim semestral. Fóruns e opiniões de clientes também podem ajudar na escolha. 

E é importante ressaltar que no caso do Tesouro Direto e das ações, a corretora apenas faz a custódia do investimento. Os ativos comprados são mantidos na CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia), em uma conta que fica no nome do investidor. Por isso, se a corretora quebrar, os ativos serão apenas transferidos para outra corretora.

Os recursos investidos em fundos de investimentos também não são afetados caso a gestora ou administradora quebre, uma vez que os fundos têm CNPJ próprio e podem ser transferidos para a gestão de outra instituição. O valor que estiver parado na conta aberta na gestora ou na corretora, porém, corre risco em caso de quebra da empresa.

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