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Papéis da Vale seguirão sob pressão até oferta de ações ser detalhada

Analistas prevêem novas quedas para os papéis, até que a mineradora explique melhor a emissão primária de ações que planeja

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Os próximos dias serão de bastante pressão sobre os papéis da Companhia Vale do Rio Doce. Relatórios de diversas corretoras são unânimes em afirmar que as ações da mineradora continuarão em queda no curto prazo, até que a oferta primária em estudo pela empresa seja detalhada. Nesta terça-feira (10/6), a Vale anunciou que avalia uma possível emissão primária de ações de até 15 bilhões de dólares. Na nota ao mercado, a empresa afirma que os recursos seriam utilizados no financiamento de sua agressiva política de crescimento, que inclui eventuais aquisições estratégicas.

A reação do mercado foi imediata. As ações preferenciais (VALE5, sem direito a voto) fecharam a terça em queda de 4,10%, cotadas a 48,62 reais. Já as ordinárias (VALE3, com direito a voto) recuaram 2,17% e terminaram o dia valendo 58,40 reais. A queda continua nesta quarta-feira (11/6). Por volta das 13h36, as preferenciais recuavam 1,42%, a 47,93 reais. As ordinárias caíam 2,23%, a 57,10 reais. No mesmo instante, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, operava em baixa de 0,98%, a 67.107 pontos - em parte, pressionado pelo próprio recuo da Vale, que conta com dois dos papéis mais negociados do pregão.

Para os analistas, a volatilidade dos papéis deve continuar até que a Vale divulgue detalhes do que pretende fazer com o dinheiro que seria captado na emissão. Em nota, o Deutsche Bank Securities afirma que "os sentimentos guiarão o preço das ações para baixo no curto prazo, até que um alvo formal [de aquisição] seja anunciado". Na mesma linha, a Fator Corretora observa que "as ações da Vale deverão continuar sob pressão enquanto não houver definição sobre o destino dos recursos".

Duas dúvidas guiam os investidores neste momento. A primeira é que empresa a Vale estaria disposta a comprar. Um leque de grandes companhias circula pelo mercado: Xstrata, Anglo American, Alcoa, Freepor-McMoran ou Southern Cooper. Embora sejam opções de porte, a decisão por uma ou outra revelaria os rumos estratégicos que a Vale pretende seguir nos próximos anos - e esse rumo pode ou não agradar os investidores. "Preferimos que a Vale adquira uma companhia de minério de ferro, como a Anglo American, pois vemos poucos benefícios em uma maior diversificação de seu portfólio e não acreditamos que essa estratégia levará a uma melhora dos múltiplos", afirma a Itaú Corretora, em relatório. Mesmo no caso da Anglo American, a corretora lembra que a brasileira poderá ter problemas junto aos órgãos regulatórios, e ser obrigada a vender alguns ativos para evitar a concentração de mercado no Brasil.

A segunda dúvida é se a Vale não pagará caro pelo negócio, em um momento de alta das commodities. Segundo cálculos da corretora canadense BMO Capital Markets, uma emissão de 15 bilhões de dólares seria a condição para que a Vale aumentasse seu capital e conseguisse sustentar uma aquisição de até 60 bilhões de dólares. Para o cálculo, a BMO assumiu a hipótese de que a compra seria fechada por uma proporção de 75% de dívida (financiamentos) e 25% de equity (troca de ações). A BMO lembra que o programa de investimentos da Vale soma 59 bilhões de dólares, e a mineradora seria capaz de bancá-los apenas com recursos próprios.

No longo prazo, porém, os analistas mostram-se mais otimistas com a empresa. Caso uma aquisição se confirme, os papéis devem sofrer ainda mais, já que representarão maior endividamento e podem comprometer os múltiplos da Vale. Mas, passado o primeiro impacto, as perspectivas apontadas pelas corretoras são positivas. "Vale ressaltar o histórico favorável do management da Vale em executar aquisições que agregam valor à companhia no longo prazo", afirma a Ativa Corretora. No comunicado desta terça, a Vale afirmou que nenhuma negociação está em curso para eventual aquisição de concorrentes.

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