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Os investimentos mais indicados aos endinheirados na crise

Confira as recomendações dos privates do BNP Paribas e do Itaú em relação os investimentos financeiros


	Segundo o especialista, há oportunidades também na bolsa, desde que o investidor selecione bem os papéis
 (Bloomberg News/Simon Dawson)

Segundo o especialista, há oportunidades também na bolsa, desde que o investidor selecione bem os papéis (Bloomberg News/Simon Dawson)

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Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2015 às 15h55.

São Paulo - O que os bancos estão recomendando para seus clientes endinheirados nestes tempos de crise política e econômica? O diretor do BNP Paribas Wealth Management Brasil Mauro Rached Rached faz uma lista das melhores alternativas para o investidor.

Ele acredita, por exemplo, que os multimercados ainda podem dar alegrias aos investidores, diante de um cenário de instabilidade que cria oportunidades para os gestores nos mercados de câmbio e juros ou mesmo no exterior.

“Os brasileiros estão subalocados em multimercados, podem ter uma parte aplicada neles, para diversificar”.

Prefixados, prêmio na queda da inflação

Os títulos indexados à inflação, como as NTN-B do Tesouro Nacional vendidas pelo Tesouro Direto, têm um prêmio bom em suas taxas de mais de 7% ao ano acima da inflação do IPCA .

Mas os prefixados estão com uma oportunidade melhor, com risco e retorno mais atraente.

Olhando a economia brasileira, a inflação e o PIB, Rached acha que o BC não deve segurar os juros nos níveis atuais, de 14,25% ao ano, considerando que a inflação no ano que vem deve ser menor que os quase 10% deste ano.

“Em 2016 ele ainda tem de segurar os juros altos, mas 2017 deve ter redução maior”, afirma o executivo.

A inflação deve recuar para 5,5% e o juro nominal tende a cair, para 9%. A tendência é que a taxa de juros comece a ser reduzida já no ano que vem.

E as projeções dos analistas do mercado no relatório Focus do Banco Central mostram que há um prêmio nos juros do mercado a ser capturado pelo investidor que aplicar em prefixados.

As LTN do Tesouro pagavam juros para 2018 de 14,76% e para 2021 de 14,69% ao ano hoje.

Debêntures de infraestrutura

As NTN-B apresentam um bom retorno real, com prêmio também, diz Rached, mas ainda perdem para papéis incentivados, nos quais as pessoas físicas são isentas de imposto no rendimento.

Ele cita as debêntures de infraestrutura, que têm, porém, pouca liquidez e risco de crédito. “Mas há papéis com riscos palatáveis e retornos bem interessantes”, diz Rached.

Retornos acima de 8% ao ano

Ele lembra que a Petrobras anunciou uma oferta de debêntures e várias empresas de infraestrutura devem vir a mercado nos próximos meses para financiar projetos de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.

Esses papéis permitem garantir juros reais de 7%, 7,5% ao ano mais inflação, taxas iguais às das NTN-B, mas sem o imposto de renda, de 22,5% a 15% do rendimento.

“Se fizermos uma equivalência com a NTN-B, ela teria de pagar 8,5% a 9% para empatar com o ganho líquido desses papéis”, diz Rached.

E, mesmo que a inflação caia para 5% ao ano, mais 8% de juros seriam equivalentes a um rendimento nominal de 13% ao ano, bem razoável para um prazo de 5 a 6 anos.

“Se o Brasil endireitar, essa inflação vai cair para uns 4% ao ano, e mesmo assim o retorno será equivalente a uma Selic de 12% ao ano”, afirma. Mas Rached alerta que é preciso escolher bons projetos.

Bolsa, atenção nas escolhas

Além dos papéis prefixados do Tesouro até cinco anos e das debêntures incentivadas de prazo intermediário, Rached diz que há oportunidades também em bolsa, desde que o investidor selecione bem os papéis ou escolha um bom gestor de fundos.

Na bolsa, os bancos são a opção, pela capacidade de manejar bem suas linhas de negócios e se adaptar à mudança de conjuntura, ajustando suas políticas de crédito e provisões.

Apesar do aumento da tributação, os papéis de bancos seguem atrativos, especialmente após as recentes quedas do mercado.

O setor de alimentos, por sua vez, tende a ir bem, beneficiado pela alta do dólar, que aumenta as receitas de exportações. “E a queda das commodities agrícolas reduz o custo dos produtores de proteína animal, que tendem a vender mais”, diz Rached.

Mesmo com a China desacelerando, afirma, o país vai continuar crescendo, e os consumidores tendem a consumir mais proteína.

Já no varejo é preciso ser bem seletivo, afirma Rached, buscando empresas que consigam se ajustar mais rápido à queda na demanda, reduzindo o volume de vendas, mas mantendo as margens.

Serviços financeiros também são destaque, como seguradoras e cartões, pois têm muito espaço para crescer na economia brasileira, mesmo com atividade mais baixa.

E, nas commodities, Rached arrisca o setor de papel e celulose, o único cujos preços continuam em alta e que, no Brasil, é altamente competitivo.

Distância de Petrobras

Rached diz com todas as letras que não recomenda as ações da Petrobras e sugere para quem ainda tem papéis da estatal que os venda se os preços voltarem a se recuperar para perto dos R$ 15, R$ 20.

“Nos níveis atuais, os preços das ações estão muito achatados, podem se recuperar, mas a perspectiva para a empresa é muito negativa por muito tempo”, diz.

O executivo diz com orgulho que o BNP já recomendava a venda das ações da Petrobras em 2013, bem antes de qualquer problema de endividamento ou desempenhou ou escândalo.

“Mesmo a R$ 9,00 eu não recomendo, pois a empresa tem uma dívida muito alta, o petróleo está em queda e ela tem um volume altíssimo de investimentos para fazer”, lembra.

Além disso, a estatal tem restrições, como a obrigação de participar com 30% em todos os projetos do pré-sal e só comprar equipamentos com alto índice de nacionalização.

O cenário só mudaria para a Petrobras se houver uma grande melhora de governança, uma recuperação forte dos preços do petróleo ou uma mudança na legislação que torne mais flexíveis sua participação nos projetos e seus investimentos. “Por enquanto, é uma equação arriscada”.

Vale, só no longo prazo

Já a Vale é muito dependente de minério de ferro. A China nos últimos anos incentivou os produtores a investir muito e hoje há uma grande produção e estoques muito elevados no mercado chinês.

“Agora o mercado viu que o preço do minério não é sustentável”, diz Rached.

A Vale também sofreu mais pela situação do Brasil e, se o preço do minério não tem previsão de se recuperar, pelo menos o dólar mais alto favorece a empresa.

“Se alguém não tem Vale em sua carteira, talvez não demore muito para voltarmos a recomendar”, diz.

A perspectiva de longo prazo da empresa, diz Rached, é muito boa. “A China ainda está num processo de urbanização de sua população e outras regiões como a África vão precisar de infraestrutura e de aço, o que pode permitir um novo ciclo do minério nos próximos 5, 10 anos”, diz.

A queda do preço também retirou do mercado vários produtores menos competitivos, o que também beneficia a Vale.

Itaú Unibanco: dólar e NTN-B

Já para os endinheirados do Itaú Unibanco, a recomendação são as NTN-B com seus juros astronômicos, afirma Charles Ferraz, estrategista do private do banco.

“Voltamos a recomendar as NTN-B depois dessa nova alta dos juros, achamos uma boa oportunidade, mas já alertando ao investidor que o papel pode ter fortes oscilações por causa das variações das taxas”, diz.

Outra opção são aplicações no exterior ou vinculadas ao dólar, até por diversificação. Papéis prefixados do Tesouro são atrativos, diz Ferraz, mas não são os preferidos do banco.

“Achamos que a relação entre o risco e o retorno dos prefixados não é tão atrativo acima de dois anos, pois esperamos que o ajuste da economia brasileira se dê em parte pela inflação, o que deve beneficiar as NTN-B”, diz.

A bolsa, por sua vez, não entra nas recomendações por enquanto. “Outra parte do ajuste da economia virá da recessão, então as empresas vão sofrer muito”, alerta.

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