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Não caia na cilada de vigiar seu filho com um cartão mesada

Funcionalidade de cartões pré-pagos voltados para crianças e adolescentes é desaconselhada por especialista em educação financeira

Pai olha celular enquanto filho vê TV: Funcionalidade de cartões pré-pagos voltados para crianças e adolescentes é desaconselhada por especialista (Thinkstock Images)
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Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2015 às 17h28.

São Paulo - Cartões pré-pagos permitem que os pais possam monitorar pelo celular como o filho está utilizando o dinheiro da mesada, seja por meio de um aplicativo ou alerta via SMS. O argumento é que esse acompanhamento pode ajudar a educá-los em relação ao uso do dinheiro .

Mas, para Cássia D´Aquino, consultora financeira especialista em educação infantil, essa vigilância é nociva. “É importante que os filhos possam fazer suas próprias escolhas e saibam que os pais confiam no seu comportamento”.

O lançamento mais recente desse tipo de produto financeiro foi o cartão mesada Turma da Mônica, da Brasil Pré-pagos, que utiliza os personagens de quadrinhos da Turma da Mônica, criados por Maurício de Souza.

Ele não é o único que permite essa vigilância no mercado. O cartão mesada Meo também permite gerenciar os gastos dos filhos por SMS, aplicativo e pelo computador, assim como o oferecido pela administradora eb4u.

No entanto, ao invés de monitorar cada despesa feita pelo filho, os pais devem deixar claro por que a criança irá receber mesada, explica Cássia. “O objetivo é que ela aprenda a lidar com o dinheiro. Caso isso não fique claro, ela poderá olhar o benefício apenas como uma recompensa”.

Os pais também devem ressaltar os gastos que não serão tolerados, além de ensinar a criança a montar um orçamento , anotar gastos e ter uma poupança de curto prazo.

Paulo Renato Della Volpe, presidente da Brasil Pré-pagos, argumenta que a ideia do cartão não é proibir os gastos, mas permitir uma "liberdade vigiada". "É uma maneira de cobrar responsabilidade e incentivar a interação entre pais e os filhos", diz o executivo.

O executivo ressalta que a empresa está criando outra versão do produto lançado na semana passada que vai impedir que os pais acompanhem os gastos. "Sabemos que a autonomia também faz parte da educação financeira ".

Com mais liberdade, eventuais exageros que a criança possa realizar devem ser encarados como uma lição, diz Cássia. “Um menino de nove anos que gastar toda a mesada com figurinhas antes da data estipulada deve aprender a esperar para receber mais dinheiro”. Sobre o risco de gastos inadequados, a educadora diz que manter o diálogo aberto com o filho é a melhor saída.

Mais desvantagens do que vantagens

Mesmo que o cartão mesada não permita o monitoramento dos gastos pelos pais, o meio de pagamento tem mais pontos negativos do que positivos, de acordo com Cássia D´Aquino.

Diferentemente de outros cartões mesada com foco em adolescentes, o cartão da Turma da Mônica usa personagens infantis porque tem como público alvo crianças de 9 a 13 anos, diz  Volpe. Mas, para Cássia, crianças com essa idade ainda não estão preparadas para gerenciar as despesas em um cartão. “Nessa fase da vida, é preferível que elas manuseiem cédulas”.

O cartão mesada da Brasil Pré-pagos, assim como outros disponíveis no mercado, como o Young Card Bradesco Buxx, permite que o usuário realize compras pela internet, tanto no Brasil como em sites do exterior, o que também é visto como um ponto negativo por Cássia.

Compras internacionais têm custos extras, como cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e taxa de conversão da moeda estrangeira. Essa funcionalidade, assim como o acesso a qualquer site de comércio eletrônico, pode incentivar o descontrole dos gastos, diz a educadora financeira. Volpe diz que, como o cartão é pré-pago, o risco de compras em excesso é limitado. "Os pais administram os valores que disponibilizam aos filhos".

Custos relacionados aos cartões mesadas, tanto para confecção do plástico como tarifas para recarga e saque, também pesam contra a escolha pelo meio de pagamento, diz a educadora financeira. “Os pais devem se perguntar se a comodidade compensa esses custos adicionais”.

Apesar de diversos estabelecimentos aceitarem a bandeira associada aos cartões ( Visa e Mastercard ), Cássia aponta que cantinas de escola, por exemplo, podem não oferecer a forma de pagamento. “Nesse caso, a criança terá de sacar o dinheiro e pagar uma taxa por essa operação. É um custo a mais que poderia ser evitado”.

O presidente da Brasil Pré-Pagos, argumenta que a cobrança de uma taxa de 7 reais para cada saque é justamente para desestimular a operação. "Dessa forma, é possível manter o controle das transações feitas com o cartão". Volpe também cita a segurança e praticidade do meio de pagamento como um atrativo que pode compensar os custos.

Já a possibilidade de dividir gastos por grupos, como saúde e educação, nos aplicativos vinculados ao meio de pagamento, é vista como uma vantagem pela educadora financeira. "Mas essa funcionalidade é oferecida por diversos aplicativos gratuitos também".

No cartão mesada Turma da Mônica, a criança pode transferir parte do valor recebido no cartão para uma poupança, o que também é considerado um avanço por Cássia. O valor transferido pelo usuário para essa funcionalidade fica separado do que pode ser gasto. Apesar disso, a criança consegue resgatar o valor a qualquer momento.

São Paulo - Livros são boas fontes de informação para quem deseja conhecer melhor o universo das finanças, principalmente em momentos de incertezas sobre a economia.  Os dez títulos selecionados por EXAME foram lançados recentemente, entre o final de 2013 e ao longo do ano passado. Mas quem quiser se aprofundar ainda mais também pode conferir a lista de alguns livros mais antigos, considerados essenciais para quem quer começar a investir.  As sugestões servem tanto para quem quer se livrar de dívidas e organizar melhor o orçamento doméstico,como para quem pretende iniciar novos investimentos ou aprimorar seus conhecimentos sobre as aplicações financeiras . As publicações também mostram tendências que têm impacto sobre as aplicações e explicam conceitos econômicos e termos utilizados no mercado financeiro . Confira as sugestões a seguir e tenha uma boa leitura.
  • 2. "Adeus Aposentadoria"

    2 /12(Divulgação/Editora Sextante)

  • Veja também

    Autor: Gustavo Cerbasi Editora: Sextante Para Gustavo Cerbasi, consultor financeiro e autor do livro "Casais inteligentes enriquecem juntos", o conceito de aposentadoria está mudando. O aumento da expectativa de vida dos brasileiros e a reduçãodos benefícios previdenciários pagos pelo governo restringem a renda na fase mais avançada na vida e, portanto, tornam ainda mais importante a preocupação com os investimentos para conquistar a tranquilidade financeira nesse período.O autor explica como é possível se preparar para obter renda suficiente para a aposentadoria e quais são as melhores opções de aplicações financeiras para o longo prazo.
  • 3. "Em Busca do Tesouro Direto"

    3 /12(Divulgação/Editora Campus Elsevier)

  • Autores: Samy Dana e Miguel Longuini Editora: Saraiva

    O livro explica como funciona o investimento nos títulos do Tesouro Nacional e quais são as diferenças entre as opções disponíveis no Tesouro Direto , plataforma de compra e venda dos títulos.

    Criado em 2002, o Tesouro Direto vendeu mais de 14 bilhões de reais em títulos no ano passado. A aplicação de baixo risco é uma boa opção para investidore s que buscam retornos maiores do que a poupança e não gostam de correr muito risco.

    O livro mostra o funcionamento dos títulos nos mínimos detalhes eutiliza conceitos de matemática financeira para explicar as formas de remuneração dos títulos.

    É uma leitura essencial para quem pretende investir nos títulos públicos por conta própria, sem depender do auxílio de consultores financeiros.

  • 4. "Finanças pessoais: o que fazer com o meu dinheiro"

    4 /12(Divulgação/Editora Trevisan)

    Autora: Marcia Dessen Editora: Trevisan Marcia Dessen, autora de artigos e livros de finanças pessoais e diretora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF), explica nesse guia como planejar o uso do dinheiro, investir, encarar dívidas e ter tranquilidade financeira no futuro.
  • 5. “Tudo ou Nada. Eike Batista e a verdadeira história do Grupo X”

    5 /12(Divulgação/Editora Record)

    Autora: Malu Gaspar
    Editora: Record
    A trajetória do ex-bilionário Eike Batista, protagonista do maior escândalo financeiro do Brasil no ano passado,é contada pela jornalista Malu Gaspar, que tem passagens pela Revista Exame e pelo jornal Folha de S.Paulo e éeditora da revista Veja.Malu cobriu a ascensão e decadência do grupo "X" nos últimos oito anos e explica como o empresário convenceu investidores e utilizou a bolsa de valores para levantar bilhões de reais. A autora também busca comprovar, com base em documentos, que o empresário sabia que estava divulgando informações fantasiosas a investidores quando suas empresas começaram a dar prejuízo. Eike é investigado por crimes contra o mercado financeiro e levou pequenos investidores a perderem dinheiro com ações de suas empresas.  O livro serve como alerta para quem aplica na Bolsa, ou pretende começar a investir em ações.
  • 6. “Flash boys: Revolta em Wall Street”

    6 /12(Divulgação/Editora Intrínseca)

    Autor: Michael Lewis
    Editora: Intrínseca
    O jornalista americano Michael Lewis conta nesse livro a trajetória do canadense Brad Katsuyama, que chegou à conclusão de que computadores podem competir com grandes investidores nos investimentos em bolsa. Katsuyama começou a trabalhar como funcionário de uma corretora em Wall Street a partir de 2008, aos 29 anos, e, desde então, estuda como o uso de softwares e computadores potentes está mudando o modo de investir em ações no mundo. A tecnologia já permite emitir ordens de compra e venda de papéis em milésimos de segundos. Dessa forma, é possível ampliar ganhos na bolsa com pequenas e rápidas distorções de preços.  Essas operações, chamadas de trades de alta frequência, já sofreram restrições de órgãos reguladores em alguns países, que temem que as transações aumentem a especulação no mercado acionário, o que pode ter impacto negativo para quem investe na bolsa.
  • 7. “How to speak money “

    7 /12(Divulgação/Faber & Faber)

    Autor: John Lanchester Editora: Faber & Faber Os termos e conceitos usados no mercado financeiro parecem muito complicados? O escritor inglês, autor do best seller sobre a crise econômica de 2008 "I.O.U", busca traduzir nesse livro os principais jargões utilizados por bancos, corretoras e gestoras de investimentos. Com uma linguagem leve para manter a atenção do leitor, ele explica desde conceitos mais simples, que podem fazer parte de um financiamento ou contrato de cartão de crédito, até termos mais sofisticados, que se tornaram mais conhecidos durante a crise. O objetivo do autor é fazer com que clientes de bancos e investidores se sintam menos intimidados por esses conceitos e possam questionar e entender melhor o que está previsto em contratos de serviços financeiros e investimentos. A versão digital em inglês do livro pode ser adquirida em sites que atuam no Brasil.
  • 8. “Risk Savvy: How to Make Good Decisions”

    8 /12(Divulgação/Viking Adult)

    Autor: Gerd Gigerenzer Editora: Viking Adult Psicólogo alemão especialista em risco, o autor demonstra como tomar boas decisões no mercado financeiro e com relação a diversos assuntos, como saúde e relacionamentos. Para isso, recomenda regras simples que podem diminuir a necessidade de uma grande quantidade de informação ao mesmo tempo em que evitam riscos. A versão em inglês do livro, tanto impressa como digital, pode ser comprada pela internet.
  • 9. “Investir em Imóveis. Entenda os segredos práticos desse mercado”

    9 /12(Divulgação/Editora Évora)

    Autores: Gilberto Benevides e Wang Chi Hsin Editora: Évora Os autores, um engenheiro civil e um arquiteto, listam no livro cuidados que devem ser tomados por quem pretende comprar um imóvel para morar ou investir. O livro também busca responder dúvidas sobre qual o melhor tipo de imóvel, como se relacionar com corretores e como escolher a unidade mais adequada.
  • 10. “Macroeconomia para executivos”

    10 /12(Divulgação/Editora Campus Elsevier)

    Autores: Fabio Giambiagi e Cristiane Schmidt
    Editora: Campus Elsevier Entender conceitos macroeconômicos, como inflação e juros, auxilia na análise sobre onde investir. Além de traduzir o “economês” de cada termo, os autores demonstram como os indicadores de atividade econômica têm impacto no cotidiano. Para isso, utilizam linguagem simples e didática, além de exemplos concretos.
  • 11. “Microeconomics: A Very Short Introduction”

    11 /12(Divulgação/Oxford University)

    Autor: Avinash Dixit Editora: Oxford University O professor de economia da universidade americana de Princeton explica no livro como entender conceitos microeconômicos, que têm impactos no cotidiano e devem ser monitorados por quem precisa tomar decisões financeiras. Para o autor, entender essa esfera da ciência econômica, que estuda o comportamento de indivíduos e empresas com relação a investimentos e ao consumo de produtos e serviços, é tão importante quanto analisar dados macroeconômicos, como o crescimento do país. A versão digital em inglês do livro pode ser comprada pela internet.
  • 12. Agora veja 8 conselhos de grandes investidores para enriquecer

    12 /12(Rick Wilking/Reuters)

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