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Juros do rotativo do cartão devem continuar a cair, diz BC

Com as novas regras para o crédito, março foi o último mês em que os consumidores puderam usar o rotativo sem tempo definido

Consumidores que não conseguem pagar integralmente a fatura do cartão de crédito, só podem ficar no crédito rotativo por 30 dias (Pascal Le Segretain/Getty Images/Getty Images)
AB

Agência Brasil

Publicado em 25 de maio de 2017 às 12h33.

As taxas de juros do rotativo do cartão de crédito que tiveram queda "expressiva" em abril, devem continuar a cair nos próximos meses, com as novas regras de uso do empréstimo. A avaliação é do chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.

Março foi o último mês em que os consumidores puderam usar o rotativo sem tempo definido. Desde o dia 3 de abril, os consumidores que não conseguem pagar integralmente a fatura do cartão de crédito, só podem ficar no crédito rotativo por 30 dias.

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A nova regra, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em janeiro, obrigou as instituições financeiras a transferirem para o crédito parcelado, que cobra taxas menores.

"O intuito da medida era reduzir o risco dessas operações. Buscava interromper essa permanência sem horizonte de tempo no rotativo. Ao fazer isso, também estava reduzindo o risco dessa operação. Portanto, aquele indivíduo que ficava rolando indefinidamente, depois de 30 dias teria que migrar para outra modalidade. Isso propiciaria condições para redução do custo", explicou Maciel.

A taxa média de juros do rotativo do cartão de crédito registrou queda recorde de 67,8 pontos percentuais de março para abril, quando ficou em 422,5% ao ano.

O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão.

No caso dos clientes que pagaram o valor mínimo da fatura, a taxa de juros caiu de 431,1% ao ano, em março, para 296,1% ao ano, em abril.

Já aqueles consumidores que atrasaram ou não pagaram o valor mínimo, pagam uma taxa de juros bem maior: 524,1% ao ano, com recuo de 4,6 pontos percentual em relação a março. Com essas duas taxas, tem-se a taxa média de 422,5% ao ano.

A taxa do crédito parcelado (compras parceladas com juros, parcelamento da fatura, saques parcelados e pagamento de contas parceladas) subiu 3,1 pontos percentuais para 161,6% ao ano.

No caso das operações de financiamento parcelado no cartão de crédito, originárias do rotativo, a taxa ficou em 151,2% ao ano.

A expectativa é de continuidade da redução das taxas. "Os efeitos plenos da medida serão observados somente ao final de maio, ou talvez ainda em junho", destacou Maciel.

Ele acrescentou que na primeira semana de maio a taxa de juros de quem pagou o valor mínimo da fatura caiu para 267,7% ao ano.

Saldo do rotativo

Atualmente, a maior parte do saldo das operações de rotativo são do crédito "não regular", em que o consumidor não pagou ou atrasou o pagamento mínimo da fatura, com R$ 22,562 bilhões.

No caso dos consumidores que pagaram o valor mínimo, o saldo ficou em R$ 16,194 bilhões. O crédito parcelado ficou em R$ 12,217 bilhões.

Já o crédito migrado do rotativo para o parcelado ficou em R$ 65 milhões. Esse valor é bem menor porque o prazo de 30 dias (até 3 maio) para migrar para o parcelado ainda não tinha sido concluído.

Redução disseminada

A queda na taxa de juros do rotativo ajudou a reduzir a taxa média de juros, cobrada das pessoas físicas. A taxa média de juros para as famílias caiu 4,6 ponto percentual para 68,1% ao ano, em abril.

Segundo Maciel, essa redução também foi influenciada pelo ciclo de cortes na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 11,25% ao ano.

De acordo com Maciel, sem as medidas do rotativo do cartão de crédito, as taxas de juros teriam caído um ponto percentual. "[A redução das taxas] está bem disseminada entre as modalidades", disse Maciel.

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