EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
No mesmo dia em que anunciou a compra das operações de private banking de clientes latino-americanos do ABN Amro, o Itaú confirmou seu interesse pelos negócios do banco holandês no Brasil, onde controla o Banco Real. "Havendo oportunidade, entramos no negócio", afirma o CEO do Itaú Private Bank, Lywal Salles.
Por enquanto, o britânico Barclays tem exclusividade nas negociações com ABN. O prazo para um acordo, no entanto, deve se encerrar nesta semana. Caso a venda não seja fechada, um consórcio formado pelo espanhol Santander, o escocês Royal Bank of Scotland e o belgo-holandês Fortis deve entrar no páreo. O ABN Amro já confirmou que irá conversar com o Royal Bank of Scotland na próxima semana. Além disso, jornais estrangeiros também colocam HSBC, Citibank e Bank of America como possíveis interessados no ABN.
Como o Bank of America é o maior acionista estrangeiro da instituição - e nunca demonstrou interesse pelo Brasil -, na hipótese de aquisição do ABN Amro, possivelmente o banco americano deixaria o Real para o Itaú. Isso tornaria o banco da família Setubal a maior instituição financeira brasileira, à frente até mesmo do Banco do Brasil.
O Itaú não dá detalhes da proposta que poderia ser levada pelo Banco Real. Mas o apetite do gigante brasileiro não se limita ao Real. "Procuramos boas oportunidades tanto no Brasil quanto no exterior. Detentores de grandes fortunas no Peru e na Colômbia, por exemplo, acabam abrindo conta fora do país porque não há quem preste serviço adequado a este público", diz Salles. Segundo o executivo, desde a compra do BankBoston no Brasil, Chile e Uruguai, em maio do ano passado, o banco tem como estratégia aumentar sua participação na América Latina.
"O sistema bancário brasileiro se desenvolveu muito mais que o de outros países. Hoje, temos condições de competir de igual para igual com UBS e Citibank pelo mercado de private banking na América Latina", afirma Salles. Além de tratar de um público estratégico e altamente rentável, o foco neste segmento justifica-se pelos números: o negócio vem crescendo a uma taxa média de 25% ao ano. Em cinco anos, a instituição quadruplicou sua carteira e, de acordo com Salles, ainda há fôlego para muito mais. "Enquanto a economia estiver crescendo e empresas estiverem abrindo capital em bolsa, haverá espaço para expansão", diz.
Para a analista do Banif Primus, Catarina Pedrosa, esse posicionamento faz todo o sentido. "O Itaú está vendo que, com queda dos juros, investir no exterior pode ser vantajoso, pois há ganho em escala", diz. Com a compra das operações do ABN em Miami e Montevidéu, a instituição ganhou 1500 clientes, ampliando para 8000 sua carteira de private banking.