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Investir só no que você conhece é erro, diz estudo

Quem compra apenas ações da própria empresa ou do setor em que trabalha correm muito mais risco e, na média, obtêm resultados piores que a média do mercado

Peter Lynch: sua teoria de que as pessoas só devem investir no que conhecem bem é contestada (Divulgação/Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de março de 2012 às 18h50.

São Paulo – O bilionário Warren Buffett costuma dizer que não investe em nenhuma aplicação financeira que não é capaz de entender. Já Peter Lynch, outro membro do grupo dos maiores gestores de investimentos da história, sempre repetiu como um mantra o conselho de comprar na bolsa apenas o que você conhece muito bem. Pensar dessa maneira parece fazer todo o sentido. Afinal, quanto mais informações um investidor tiver sobre um setor ou uma empresa, maiores serão as chances de ele antecipar os fatos positivos ou negativos que inevitavelmente surgirão – o que na bolsa é sinônimo de lucro.

O estudo “Do Individual Investors Have Asymmetric Information Based on Work Experience?”, no entanto, coloca em xeque essa antiga crença do mercado financeiro. Realizado pelos pesquisadores Trond M. Døskeland, da Norwegian School of Economics and Business Administrations, e Hans K. Hvide, da Aberdeen Business School, o estudo mostra que as pessoas que investem apenas em ações a que estão profissionalmente ligadas não conseguiram obter melhores resultados que a média do mercado.

Na amostra utilizada, que incluiu apenas ações negociadas na Noruega, os investidores que só compram papéis relacionados ao próprio trabalho tiveram um desempenho 5 pontos percentuais inferior à média do mercado ao ano. Isso quer dizer que se a bolsa local tiver subido em média 10% em 12 meses, por exemplo, essas pessoas só terão lucrado 5%.

Døskeland e Hvide chamaram de “viés de familiaridade” a crença errônea dos investidores de que comprar ações de setores conhecidos é mais seguro. Não que a pesquisa tenha chegado à conclusão de que é melhor investir no que você não conhece. O grande problema de ficar restrito às companhias familiares, mostra a pesquisa, é que as pessoas acabam concentrando demais seus portfólios em uma única empresa ou setor.

E carteiras de investimento restritas a um pequeno número de diferentes ações incorrem em riscos muito maiores do que os investidores que compram ao menos dez diferentes papéis, conforme comprovou o economista americano Harry Max Markowitz, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 1990.

Outro fator que explicaria os maus resultados obtidos foi o excesso de confiança dos investidores. Os pesquisadores consideram que, na bolsa, as pessoas se sentem mais confiantes em comprar ações de empresas ou setores que já conhecem muito bem. É natural que isso aconteça, dada a natureza de alto risco do mercado acionário.


O problema é que as pessoas mais confiantes também pareceram se importar menos com os riscos. Da mesma forma, pessoas com doutorado mostraram maior confiança nos próprios conhecimentos na hora de investir na bolsa, mas também não foram capazes de bater a média do mercado, segundo o levantamento.

Os autores concluíram que tanto o excesso de confiança quanto o viés de familiaridade foram os principais responsáveis pelos resultados fracos. Mesmo que existam pessoas que consigam ganhar dinheiro com essa estratégia, na média o viés de familiaridade é negativo em termos de resultado de longo prazo. O ideal, portanto, seria investir no que conhece apenas uma parte do patrimônio e entregar a outra parcela dos recursos a um gestor profissional que entenda de mais setores e possa montar uma carteira diversificada.

O viés de familiaridade é apenas uma das formas de os investidores serem enganados pelo próprio cérebro. É chamada de “finanças comportamentais” a ciência que estuda e identifica as imperfeições do processo decisório dos investidores oriundas de características inatas e tendências inconscientes.

O principal dos investidores é entrar na bolsa na alta e vender na baixa. Em questionários, as pessoas costumam dizer que, em troca de retornos maiores, estão dispostas a correr algum risco. O problema é que, na prática, a maioria dos investidores não consegue domar os próprios nervos suportar perdas, ainda que momentâneas. Quando a bolsa cai e surgem boas oportunidades para comprar, muita gente comete o erro de sair da bolsa para evitar danos maiores ao patrimônio.

Investidores não-profissionais, no entanto, cometem uma série de erros gerados por pegadinhas do cérebro humano. Acreditar que a rentabilidade passada vai se repetir no futuro, sair da bolsa quando todo mundo está saindo para não errar sozinho e atribuir a si mesmo o mérito por ganhos obtidos em tempos de euforia são outros equívocos bastante comuns ( clique aqui e veja 10 bobagens que o investidor pode evitar).

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São Paulo – O bilionário Warren Buffett costuma dizer que não investe em nenhuma aplicação financeira que não é capaz de entender. Já Peter Lynch, outro membro do grupo dos maiores gestores de investimentos da história, sempre repetiu como um mantra o conselho de comprar na bolsa apenas o que você conhece muito bem. Pensar dessa maneira parece fazer todo o sentido. Afinal, quanto mais informações um investidor tiver sobre um setor ou uma empresa, maiores serão as chances de ele antecipar os fatos positivos ou negativos que inevitavelmente surgirão – o que na bolsa é sinônimo de lucro.

O estudo “Do Individual Investors Have Asymmetric Information Based on Work Experience?”, no entanto, coloca em xeque essa antiga crença do mercado financeiro. Realizado pelos pesquisadores Trond M. Døskeland, da Norwegian School of Economics and Business Administrations, e Hans K. Hvide, da Aberdeen Business School, o estudo mostra que as pessoas que investem apenas em ações a que estão profissionalmente ligadas não conseguiram obter melhores resultados que a média do mercado.

Na amostra utilizada, que incluiu apenas ações negociadas na Noruega, os investidores que só compram papéis relacionados ao próprio trabalho tiveram um desempenho 5 pontos percentuais inferior à média do mercado ao ano. Isso quer dizer que se a bolsa local tiver subido em média 10% em 12 meses, por exemplo, essas pessoas só terão lucrado 5%.

Døskeland e Hvide chamaram de “viés de familiaridade” a crença errônea dos investidores de que comprar ações de setores conhecidos é mais seguro. Não que a pesquisa tenha chegado à conclusão de que é melhor investir no que você não conhece. O grande problema de ficar restrito às companhias familiares, mostra a pesquisa, é que as pessoas acabam concentrando demais seus portfólios em uma única empresa ou setor.

E carteiras de investimento restritas a um pequeno número de diferentes ações incorrem em riscos muito maiores do que os investidores que compram ao menos dez diferentes papéis, conforme comprovou o economista americano Harry Max Markowitz, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 1990.

Outro fator que explicaria os maus resultados obtidos foi o excesso de confiança dos investidores. Os pesquisadores consideram que, na bolsa, as pessoas se sentem mais confiantes em comprar ações de empresas ou setores que já conhecem muito bem. É natural que isso aconteça, dada a natureza de alto risco do mercado acionário.


O problema é que as pessoas mais confiantes também pareceram se importar menos com os riscos. Da mesma forma, pessoas com doutorado mostraram maior confiança nos próprios conhecimentos na hora de investir na bolsa, mas também não foram capazes de bater a média do mercado, segundo o levantamento.

Os autores concluíram que tanto o excesso de confiança quanto o viés de familiaridade foram os principais responsáveis pelos resultados fracos. Mesmo que existam pessoas que consigam ganhar dinheiro com essa estratégia, na média o viés de familiaridade é negativo em termos de resultado de longo prazo. O ideal, portanto, seria investir no que conhece apenas uma parte do patrimônio e entregar a outra parcela dos recursos a um gestor profissional que entenda de mais setores e possa montar uma carteira diversificada.

O viés de familiaridade é apenas uma das formas de os investidores serem enganados pelo próprio cérebro. É chamada de “finanças comportamentais” a ciência que estuda e identifica as imperfeições do processo decisório dos investidores oriundas de características inatas e tendências inconscientes.

O principal dos investidores é entrar na bolsa na alta e vender na baixa. Em questionários, as pessoas costumam dizer que, em troca de retornos maiores, estão dispostas a correr algum risco. O problema é que, na prática, a maioria dos investidores não consegue domar os próprios nervos suportar perdas, ainda que momentâneas. Quando a bolsa cai e surgem boas oportunidades para comprar, muita gente comete o erro de sair da bolsa para evitar danos maiores ao patrimônio.

Investidores não-profissionais, no entanto, cometem uma série de erros gerados por pegadinhas do cérebro humano. Acreditar que a rentabilidade passada vai se repetir no futuro, sair da bolsa quando todo mundo está saindo para não errar sozinho e atribuir a si mesmo o mérito por ganhos obtidos em tempos de euforia são outros equívocos bastante comuns ( clique aqui e veja 10 bobagens que o investidor pode evitar).

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