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Investidor abastado ganha nova aplicação "à prova de perdas"

Operações estruturadas são empacotadas em novo tipo de papel, que protegerá o capital investido de perdas ou cenários adversos

Rede de segurança: Certificado de Operações Estruturadas será oferecido a investidores do segmento "private" (Joe Raedle/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2015 às 15h47.

São Paulo – As operações estruturadas, estratégias de investimento que protegem parte ou a totalidade do investimento contra perdas, vão ganhar uma nova roupagem a partir do ano que vem. Os chamados Certificados de Operações Estruturadas (COE) foram regulamentados pelo Conselho Monetário Nacional ( CMN ) no início do mês, e entram em vigor em janeiro. As operações estruturadas feitas atualmente, no entanto, já começam a se submeter às novas regras, devendo ser registradas a partir do momento em que a regulamentação entrar em vigor.

As operações estruturadas são estratégias que combinam operações de renda fixa e renda variável, protegendo o capital do investidor de perdas e cenários adversos. Elas normalmente são oferecidas pelos bancos aos investidores pessoa física de alta renda, como aqueles dos segmentos “private”, pois demandam que o investidor tenha recursos e boa compreensão dos riscos. Mas não existe exigência de que o investidor seja qualificado, isto é, que tenha ao menos 300 mil reais só em aplicações financeiras.

Hoje, a operação estruturada consiste no investimento em mais de um instrumento financeiro, como um ativo de renda fixa e um derivativo , por exemplo. Os derivativos são ativos referenciados em outros ativos, que podem ser usados para proteger o investimento de algum movimento do mercado financeiro, como a alta do dólar ou a queda de uma ação. São exemplos de derivativos as opções de ações e os contratos futuros de dólar, juros e índices.

“Atualmente, o investidor precisa aplicar em dois instrumentos, como um CDB e uma opção de compra de uma ação, por exemplo”, explica Fábio Zenaro, gerente executivo de desenvolvimento de produtos e novos negócios da Cetip . (Continua na próxima página)

São Paulo – Existem diversas opções de investimentos para fazer o dinheiro trabalhar a seu favor. Mas, para conseguir tirar o melhor proveito do que o mercado oferece e dos recursos que você possui, é preciso investir com sabedoria. Mais do que isso, entender qual é a real complexidade das aplicações financeiras é essencial para evitar prejuízos que podem ser irremediáveis.Se mesmo para quem trabalha com investimentos o mercado financeiro se mostra bastante complexo, é certo que quem investe sem noção alguma do que está fazendo tem pouquíssimas chances de se sair bem.A pedido de EXAME.com, Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo Investimentos, e leitorassíduode livros de economia e finanças selecionou 10 livros que sãopontos de partida cruciais para quem quer começar a investir e deseja entender mais profundamente o universo das finanças .Veja a seleção edeixe seu comentáriocaso você tenha outras indicações.
  • 2. "Salve-se quem puder"

    2 /10(Divulgação Companhia das Letras)

  • Autor: Edward Chancellor “Uma sugestão para quem quer conhecer as principais crises econômicas, desde a Mania das Tulipas, de 1637. O livro é muito divertido e de narrativa agradável. Revela como podemos ser influenciados por bolhas e como somos manipulados facilmente. Foi publicado no final da década de 1990, mas ainda assim é bem atual. Como os capítulos são independentes, o leitor pode pular algum trecho sem comprometer o entendimento de outro” - comentário de Paulo Bittencourt
  • 3. "O Investidor Inteligente"

    3 /10(Reprodução)

  • Autor: Benjamin Graham “É um livro direcionado a investidores que desejam conhecer os pensamentos de Benjamim Graham - considerado o criador da profissão de analista de investimentos e guru de Warren Buffett, um dos mais bem-sucedidos investidores de toda a história -, sem entrar muito no mérito da sua paixão por análise técnica e modelos quantitativos. É uma obra básica para os investidores fundamentalistas, que desejam ganhar prêmios com análises profundas de empresas e setores. Não traz uma fórmula mágica de modelo para investir, mas revela como procurar investimentos com valor no tempo” - comentário de Paulo Bittencourt
  • 4. "Manias, Pânico e Crashes"

    4 /10(Reprodução)

    Autor: Charles P. Kindleberger "O livro apresenta um quadro histórico das crises e bolhas financeiras muito interessante. O leitor vai perceber que a frequência e dimensão dessas crises vai aumentando à medida que o sistema econômico baseado no Capital vai se ampliando pelo mundo. Não foi por coincidência que umas das primeiras crises descritas é a que ocorreu Holanda no início do Século XVII, onde havia um sofisticado mercado financeiro e mercantil. O autor demonstra como podem haver aspectos em comum em eventos tão distintos, mas com fundamentos muito semelhantes entre si" - comentário de Paulo Bittencourt
  • 5. "O Mercado das Crenças"

    5 /10(Raul Junior/EXAME)

    Autor: Eduardo Giannetti “‘O Mercado das Crenças’ é indicado para aqueles que desejam conhecer os desafios das estimativas econômicas e seu impacto nos investimentos. Faz uma crítica a certos aspectos das análises a que somos submetidos no dia a dia. Sob certo aspecto, faz uma avaliação fria sobre o mercado e sobre a eterna tentativa de se prever as tendências” - comentário de Paulo Bittencourt
  • 6. "Os Exuberantes Anos 90"

    6 /10(Germano Luders / EXAME)

    Autor: Joseph Stiglitz “O livro escrito por Joseph Stiglitz pode ser indicado aos investidores que desejam saber como a crise atual foi construída a partir da desregulamentação do mercado americano e como a bolha imobiliária já vinha se formando há tempos. É voltado a um investidor com certo conhecimento do mercado e dos fatos que ocorreram nestas duas últimas décadas” - comentário de Paulo Bittencourt
  • 7. "O Valor do Amanhã"

    7 /10(Divulgação/Divulgação)

    Autor: Eduardo Giannetti “Em ‘O Valor do Amanhã’ é feita uma análise muito profunda sobre a percepção das pessoas com relação às taxas de juros. É quase uma análise filosófica do tema.O livro mostra como a influência dos juros não se resume apenas ao mundo das finanças, mas, nas palavras de Gianetti, é presente ‘[...] nas mais diversas e surpreendentes esferas da vida prática, social e espiritual, a começar pelo processo de envelhecimento a que nossos corpos estão inescapavelmente sujeitos'. Segundo ele, a noção de juros "está inscrita no metabolismo dos seres vivos e permeia boa parte do seu repertório comportamental". O que o leva a refletir sobre as preocupações do cidadão brasileiro e o imediatismo presente em nossas relações, invocando questões como: ‘gastar dinheiro agora e pagar depois ou pagar agora e gastar depois?'” - comentário de Paulo Bittencourt
  • 8. "Iludido pelo Acaso"

    8 /10(Wikimedia Commons / YechezkelZilber)

    Autor: Nassim Nicholas Taleb "Neste livro, anterior ao já bem conhecido “Cisne Negro”, Nassim Taleb faz uma longa análise do mercado de ações e da fixação que os investidores possuem em encontrar padrões de comportamento que permitam 'prever' o preço futuro. O livro é repleto de bons exemplos de como facilmente nos convencemos de que certos fatos vão se repetir da maneira que desejamos" - comentário de Paulo Bittencourt
  • 9. "Finanças Comportamentais"

    9 /10(Divulgação)

    Autor: Aquiles Mosca "As nossas decisões de investimento nem sempre seguem critérios técnicos e lógicos. Pelo contrário, muitas vezes seguimos modelos mentais que se baseiam em premissas com viés pessoal e carregados de conceitos pré-formados. Aquiles Mosca procura desmitificar muitas dessas 'manias' dos investidores revelando como a intuição e as decisões de investimento com base em padrões passados podem levar ao fracasso dos nossos investimentos" - comentário de Paulo Bittencourt
  • 10. Agora veja os livros lançados em 2012

    10 /10(Dreamstime)


  • Com a chegada do COE, essas operações tendem a ficar mais claras para o investidor. “Em vez de olhar para o tratamento tributário de cada operação, o investidor vai simplesmente comprar um COE”, explica Zenaro. O COE, portanto, será uma espécie de pacote, que encerrara dentro de si uma operação estruturada, isto é, uma estratégia completa, com a compra de diferentes ativos e derivativos.

    Em outras palavras, o COE será um papel de emissão bancária, assim como são hoje os CDBs, as Letras Financeiras, as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), e assim por diante. Portanto, o risco de crédito está com a instituição financeira: se o banco emissor quebrar, o investidor ficará a ver navios, a princípio.

    Muito ainda falta ser definido em relação ao COE, como a possibilidade de cobertura pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em caso de quebra do banco emissor. Mas Fábio Zenaro, da Cetip, acredita que não haverá essa cobertura. Ainda é preciso haver regulação contábil e tributária, por exemplo, o que deverá ser definido até janeiro de 2014, quando o novo produto passa a de fato vigorar.

    Riscos

    A ideia da resolução do CMN é que o COE seja sempre adequado, em risco, ao perfil do investidor – conservador, moderado ou arrojado. O papel poderá ser referenciado em índices de preços (inflação), taxas de juros (como o CDI), índices de valores mobiliários (como o Ibovespa), índices de títulos (como os Índices de Mercado Anbima, ou IMAs), taxas de câmbio, valores mobiliários (como ações), entre outros ativos, desde que os índices sejam divulgados publicamente e os valores mobiliários sejam negociados em mercados organizados, como as bolsas de valores.

    A resolução do CMN proíbe a emissão de COE referenciado em operações de crédito, títulos de crédito, instrumentos de securitização e derivativos de crédito, para que não haja o risco de se empacotar créditos podres em operações estruturadas, como ocorreu nos Estados Unidos pouco antes do início da crise financeira de 2007.

    No entanto, será possível referenciar o COE em ativos como debêntures, títulos públicos e títulos de dívida privada emitidos no mercado internacional, desde que publicamente ofertados e ativamente negociados. Também será possível referenciá-los em ativos negociados no exterior.


    “Em tese, todo investidor vai olhar para a nota estruturada e saber exatamente o que está comprando e no que o papel está referenciado. A preocupação em não permitir a ligação do COE ao crédito é justamente impedir que ocorra o que ocorreu no mercado internacional na época da crise”, explica Angela Zago, presidente do Comitê de Produtos de Tesouraria da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

    Haverá duas possibilidades para o COE: proteger todo o capital investido ou apenas parte dele. No primeiro caso, o investidor pode escolher, por exemplo, ganhar um percentual da alta do Ibovespa se a Bolsa subir, mas receber de volta um percentual do CDI ou apenas o principal investido se a Bolsa cair. Ou seja, o maior risco que o investidor corre aqui é o de receber o dinheiro de volta com ou sem algum tipo de correção.

    No segundo caso, ele pode determinar um limite para perdas. Por exemplo, que ele tolerará até 10% de perda do capital investido, mas se a queda do índice ou ativo de referência for maior que isso, seu dinheiro deverá ser devolvido apenas com a perda de 10%. Isto é, aqui o investidor já sabe o percentual máximo de perda. Apesar de a perda ser possível, a ideia é que este produto possibilite ganhos maiores do que aquele que devolve a totalidade do principal.

    O COE se assemelha a um fundo de capital protegido, produto que já é oferecido ao pequeno investidor. A diferença é que o COE, por ser um papel, pode ser personalizado para o investidor, ao passo que o fundo de capital protegido tem dentro dele uma série de operações estruturadas.

    O COE poderá passar por ofertas públicas, como ocorre com ações e debêntures, e será fomentado um mercado secundário, para que ele possa ser vendido antes do término do prazo, caso o investidor assim o deseje.

    “O COE é mais flexível que o fundo de capital protegido, e pode ter um vencimento ao gosto do investidor”, diz Fábio Zenaro. As regras, porém, são parecidas. A função do fundo de capital protegido normalmente é pagar um percentual da alta da Bolsa quando esta sobe, e devolver um percentual do CDI quando ela cai.

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