Minhas Finanças

Grau de investimento pesa pouco na Bovespa no curto prazo

Apesar de positiva, a notícia não deve desencadear uma enxurrada de investimentos estrangeiros no país

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Após encerrar o pregão desta quinta-feira (30/5) em queda de 1,85% - apesar da notícia de que a Fitch havia concedido o grau de investimento ao país -, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) voltou a subir. Na abertura desta sexta, o indicador apresentava ganhos de 1,48%, aos 72.861 pontos. O novo ânimo, no entanto, não se deve à promoção do país pela Fitch, mas à notícia de uma nova descoberta de petróleo pela Petrobras. A companhia anunciou na noite desta quinta que foi encontrado um novo campo de óleo de boa qualidade, em águas rasas, na Bacia de Santos.

A melhora na classificação da Fitch já vinha sendo precificada nos negócios desde o início da semana, quando começaram os rumores de que viria um novo título de grau de investimento para o Brasil. Por isso, o que se viu nesta quinta-feira foi a concretização do velho ditado: "a bolsa sobe no boato e cai no fato". Para os analistas, um novo selo reforça a credibilidade do Brasil no exterior, mas não altera as projeções para o mercado acionário, que já incorporam os benefícios gerados pelo menor risco de crédito do país.

Entusiamo moderado

A agência de avaliação de risco Fitch anunciou nesta quinta-feira (29/5) a concessão da nota de grau de investimento ao Brasil - a que atesta o baixo risco de o país dar um calote em seus credores. O anúncio aconteceu exatos 29 dias após a Standard & Poor';s, outra agência de classificação, ter sido a primeira a elevar o Brasil à categoria de país sério no mundo das finanças. Das três agências mais respeitadas no mundo, agora só falta a Moody';s dar a sua chancela ao país.

A notícia, sem dúvida alentadora, está longe de ser a salvação da pátria. A imagem de que os grandes fundos de pensão internacionais estavam apenas esperando a elevação do país para despejar bilhões de dólares por aqui é totalmente equivocada. EXAME ouviu 20 dos 65 maiores fundos de pensão do mundo e quatro dos 15 maiores fundos soberanos. Nenhum deles tinha qualquer empecilho para aplicar no Brasil antes da concessão da nota. Assim como o anúncio da Standard & Poor';s não desencadeou uma avalanche de investimentos nos últimos 29 dias, é pouco provável que a decisão desta quinta-feira tenha um efeito diferente.

Investidores internacionais - o que inclui os fundos de pensão, mas não se resume a eles - estão, sim, de olho no Brasil. A economia do maior país da América Latina decolou no momento em que os aplicadores estavam começando a procurar oportunidades fora do eixo Índia-China para a parcela de seus investimentos destinados a países emergentes. Embora tudo pareça conspirar a favor - a economia cresce, o país se beneficia do atual boom das commodities e agora as duas notas -, o Brasil continua sofrendo da falta de bons projetos. É isso o que diz parte dos investidores estrangeiros.

Depois do anúncio da Standard & Poor';s, muitos temeram que o governo fizesse uma leitura equivocada da situação - algo na linha do "agora que levamos a nota, vamos afrouxar as rédeas". A surpresa positiva é a notícia de que o Planalto estuda a elevação do superávit primário - a diferença entre o que o governo arrecada e gasta antes do pagamento da dívida. Se realmente for adiante com esse plano, o governo dará um passo crucial para a atração de investimentos. Entre os países grau de investimento, o Brasil ainda é uma anomalia. A dívida equivale a astronômicos 41% do PIB. O anúncio da Fitch é mais uma evidência de que as coisas estão, sim, melhorando. Mas é bom não esquecer que não há nada ganho.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Minhas Finanças

Veja o resultado da Mega-Sena concurso 2758; prêmio acumulado é de R$ 11 milhões

Lucro de R$ 15,1 bilhões do FGTS será distribuido entre os trabalhadores; veja como consultar saldo

CPF na nota? Nota Fiscal Paulista abre consulta para sorteio de R$ 1 milhão em agosto

Mais na Exame