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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Muita coisa mudou no mercado financeiro brasileiro desde que a Geração Futuro lançou seu primeiro clube de investimentos, em novembro de 2000. Mesmo sendo uma das corretoras mais populares da Bovespa, a instituição demorou mais de cinco meses para conseguir reunir os 150 cotistas que formariam o clube pioneiro. Muitos desses investidores eram familiares e amigos dos próprios funcionários da corretora. Quem colocou seu dinheiro no clube, entretanto, não pode estar descontente. O retorno acumulado em menos de oito anos alcançou 1.271% - mais do que o triplo do Ibovespa.
A corretora gaúcha também colheu frutos dos lucros alcançados por seus clientes. Atualmente, 150 é o número de pessoas que procuram a corretora a cada dia com o objetivo de investir na bolsa. O volume de recursos sob gestão da Geração Futuro cresceu de 200 milhões de reais em 2002 para 6,9 bilhões ao final do mês passado. Já o número de clientes de seus fundos e clubes de investimento avançou de 1.400 para 57.000 no mesmo período. O crescimento foi tão expressivo que a área de gestão de recursos já representa 80% dos negócios da Geração Futuro - instituição que nasceu como corretora em 1994.
Para aproveitar melhor o potencial desse mercado, a Geração Futuro vai anunciar nesta quinta-feira (15/05) a criação de um banco de investimento. Inicialmente a nova instituição financeira vai englobar a área de gestão de recursos de terceiros, que será separada da corretora. O banco nascerá com um capital de 20 milhões de reais e terá 150 funcionários - contra 70 que continuarão na corretora.
Como banco, a instituição poderá diversificar sua atuação. Além do foco nos investimentos em renda variável, a Geração Futuro quer oferecer aos seus clientes a possibilidade de investir em fundos de private equity com uma aplicação mínima de 100 reais. O dinheiro levantado pelo fundo seria utilizado para comprar participações em empresas que tenham ou não ações em bolsa. Após um período de maturação pré-estipulado, os cotistas poderiam se desfazer das participações por meio de um IPO (oferta inicial de ações) ou com a venda da participação acionária a um terceiro. Outras futuras formas de atuação do novo banco de investimentos serão o lançamento de um fundo de small caps (empresas com baixo valor de mercado) e de um fundo de renda fixa para pessoas jurídicas, além da assessoria de fusões e aquisições e operações de IPO.
Apesar da atuação mais abrangente, a empresa quer manter a mesma fórmula que utilizou nos últimos anos para atrair clientes. A Geração Futuro permite investimentos em renda variável a partir de 100 reais, com atendimento personalizado. Boa parte dos funcionários da empresa são ou foram analistas de mercado - e sabem vender produtos de renda variável aos clientes. E a composição dos fundos é divulgada semanalmente pela instituição - o que aumenta a transparência das operações. "Assim como os times pequenos que disputam o Campeonato Paulita, nós jogamos no erro dos grandes", afirma Edmundo Valadão Cardoso, sócio da Geração Futuro. "Oferecemos aos clientes o que os grandes bancos não conseguem dar."
A Geração Futuro tem escritórios em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. O atendimento é feito majoritariamente por telefone ou internet. Os recursos geridos pela empresa estão hoje divididos em fundos e 40 clubes de investimento. Os fundos de ações cobram taxa de administração de 4% ao ano. Quando o cliente quer ficar de fora da bolsa, ele pode optar por um único fundo de renda fixa que tem taxa de 0,6% - uma das menores do mercado.
A cultura da instituição é de investir principalmente em empresas mais sólidas, negociadas com múltiplos baixos quando comparados aos de outras companhias da Bovespa. Empresas que chegaram à bolsa com valores de mercado muito superiores ao seu lucro dificilmente atraem o interesse da Geração Futuro. Seus fundos e clubes ficaram de fora dos IPOs do ano passado. Em ofertas de ações como da Bovespa Holding, que atraiu um grande número de pessoas físicas, a Geração Futuro foi vendedora.
A instituição também tem por hábito concentrar seus investimentos em poucas ações. É uma das maiores detentoras de ações preferenciais (sem direito a voto) de empresas como Usiminas, VCP, Bradespar e Randon. Além de concentrado, o capital costuma ficar bastante tempo investido em um ativo - o giro é bastante baixo. Esse modelo conseguiu atrair investidores como Lirio Parisotto, dono da fabricantes de CDs e DVDs Videolar. O empresário, um dos maiores investidores da Bovespa, tem hoje mais de 1,5 bilhão de reais sob a gestão da Geração Futuro. Até agora a estratégia tem funcionado, e não apenas para os grandes investidores. A Geração Futuro entregou a seus clientes nos últimos anos uma rentabilidade média de 50% ao ano. Com percentuais como esse, se os bons ventos continuarem a soprar na Bovespa, o futuro do novo banco de investimentos dificilmente não será promissor.