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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 11h29.
O brasileiro já incorporou em sua cultura que carro sem seguro é dor de cabeça na certa. Mas quando o assunto é seguro de vida, há quem bata na madeira três vezes para espantar o mau agouro e faça cara feia para a oferta de um corretor que tente lhe vender uma apólice do gênero. Uma bobagem. Ao fazer isso, perde-se a oportunidade de ter um dinheiro extra na aposentadoria. Isto porque existe no país um tipo de seguro chamado no mercado de "vida resgatável", que permite ao titular da apólice usufruir de uma renda vitalícia no futuro. "Se o segurado falecer antes, há ao menos uma vantagem fiscal, porque a indenização à família é isenta de Imposto de Renda e sua liberação é imediata neste tipo de produto", diz Fabiana Patah, superintendente de produtos Vida e Previdência Individual do Unibanco AIG Seguros & Previdência. Para contratar uma cobertura do tipo é necessário levar em conta o aumento da expectativa de vida no país. "Antigamente, as pessoas se aposentavam aos 65 anos e planejavam viver mais dez ou 15 anos. Hoje, há grandes chances de que você chegue facilmente aos 90 anos ou até mais, o que o fará depender de renda por mais tempo", diz Luís Reis, diretor de produtos de Vida da Icatu Hartford, que se prepara para lançar um seguro resgatável em 2007. Por isso, faça simulações com seu corretor para checar quanto você precisará pagar por mês para ter a renda desejada.
Foi tomando esse cuidado que o médico paulistano João Luiz da Silva, de 46 anos, comprou o Vida Inteira, seguro de vida resgatável da Mongeral Seguros & Previdência. "Quero assegurar que minha família terá cobertura caso algo me aconteça, mas meu objetivo mesmo é usar essa apólice como complemento de renda a partir dos meus 70 anos", diz. João é casado e pai de três filhos adolescentes. Ele quer ter um acréscimo de 4 000 reais na sua renda de aposentadoria. Para isso, paga 350 reais por mês pelo seguro de vida resgatável. "No longo prazo, esse tipo de seguro é mais vantajoso que uma apólice comum", diz Silas Seiti Kasahaya, gerente comercial de Vida e Previdência da Porto Seguro. "Num seguro simples, há o reenquadramento por faixa etária do segurado, que ocorre normalmente a cada cinco anos. Dependendo do plano, isso pode levar a um aumento de até 40% na prestação, enquanto no resgatável o preço cobrado é fixo."
A mensalidade é definida pelo percentual de resgate da reserva financeira que cada seguradora garante. São considerados ainda o valor da indenização contratada e a idade da pessoa. Há planos a partir de 40 reais. Mas para garantir uma boa renda, como os 4 000 reais planejados pelo médico João, a prestação é mais alta, superior a 250 reais. Por isso, deve-se organizar bem o orçamento doméstico para incluir esse novo compromisso mensal, que vem somar-se ao dinheiro da previdência privada e a outros investimentos.
Aliás, quando comparado a planos de previdência privada -- PGBL e VGBL --, percebe-se que esse tipo de apólice não os substitui. A idéia é que a apólice seja mais uma renda na aposentadoria. Ao entrar nessa fase de vida você teria o benefício do INSS, o dinheiro da previdência privada e mais a renda resgatável do seguro. Mas é bom ter em mente que não existe garantia com relação ao real benefício futuro implícito no seguro resgatável.
Por que não há garantias? "Basicamente, porque no seguro a escolha do fundo cabe à seguradora e o resultado no futuro depende do bom desempenho do gestor da aplicação", afirma Roberto Silva, gerente da divisão de seguros da diretoria de varejo do BB Seguros. Outro detalhe importante é que existe incidência de 7% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre o valor acumulado no seguro resgatável. Em contrapartida, o resgate está isento da mordida do Leão. Outra característica é que não existe uma idade ideal para comprar um plano desse. Naturalmente, como trata-se, no fundo, de um investimento de longo prazo, quanto antes for feito, melhor. Assim, será necessário poupar menos para se chegar ao patrimônio desejado. E quanto maior for o tempo, maior será o efeito dos juros sobre as contribuições investidas no plano. dinheiro extra no futuro.