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Empresas aguardam Fed para retomar IPOs

Corte da taxa de juros americana pode incentivar investidores estrangeiros a aplicar em ações, mesmo com cenário de volatilidade

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Com a volatilidade no mercado e as férias no Hemisfério Norte, somente uma empresa realizou oferta inicial de ações (IPO) em agosto, o menor volume do ano. O mercado acredita, no entanto, que essas operações devem ser retomadas de modo consistente após a reunião do Federal Reserve, o banco central americano, marcada para 18 de setembro.

Até lá, não se descarta que alguma das 12 operações já registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) seja realizada. Mas serão os sinais emitidos pela autoridade monetária americana que determinarão se os investidores - nacionais e estrangeiros - terão o mesmo apetite para participar dos próximos IPOs.

A maior preocupação é com a presença dos estrangeiros. Caso o Fed mantenha a taxa básica de juros dos Estados Unidos (chamada de fed funds) em 5,25% ao ano, os investidores podem entender que a autoridade americana deixará o mercado purgar os seus excessos, o que prolongará a volatilidade e a aversão ao risco. Além disso, os Treasuries, títulos da dívida pública americana, continuarão sendo um bom refúgio para a crise. Por último, pode haver mais temor de que a economia real será comprometida, o que afetará o lucro das empresas e, por tabela, suas ações. Tudo somado, o interesse dos estrangeiros pelos IPOs brasileiros ficará menor.

E isso não é pouco. Os estrangeiros responderam por 73% do total, ou 18,603 bilhões, das 31 primeiras ofertas encerradas. Em alguns casos, essa participação foi bastante alta, como no IPO da construtora PDG Realty, em janeiro, quando os estrangeiros aportaram 93% dos recursos. Além disso, há um claro esforço das empresas para atrair investidores de fora. "Nos últimos 12 meses, as operações já foram montadas com a intenção de atrair essa proporção: 70% de estrangeiros e 30% no Brasil", afirma José Francisco Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

Primeiros sinais

Para os especialistas, ainda é cedo para saber se a adesão dos estrangeiros continuará no mesmo nível do primeiro semestre. Um termômetro do humor internacional é a saída dos estrangeiros da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Somente nos dez primeiros dias de agosto, eles retiraram 1,6 bilhão de reais da bolsa.

A emissão da Cosan Limited, única realizada em agosto, também é um exemplo do que a turbulência internacional pode causar. Foram colocadas 100 milhões de ações ordinárias do tipo A na Bolsa de Nova York, a um preço de 10,50 dólares por papel. No total, a operação rendeu 1,05 bilhão de dólares - cerca de 2,1 bilhões de reais. O resultado ficou abaixo da previsão inicial, que apontava até 3,25 bilhões de reais. É claro que o caso merece ressalvas. A crise mundial não foi o único fator a comprometer a operação. Os próprios termos em que o IPO foi realizado desagradou muitos investidores e derrubou as ações da Cosan SA (o braço operacional do grupo, listado na Bovespa) mesmo antes do terremoto causado pelo mercado hipotecário americano.

Outro sinal de que as próprias empresas vão esperar a poeira baixar antes de voltarem ao mercado é a Aliansce, administradora de shopping centers que conta com a Gávea Investimentos entre seus sócios. No final de julho, a empresa comunicou que suspendeu por 60 dias o seu IPO, até que os mercados se acalmem. Na ocasião, a imprensa informou que a decisão foi baseada na demanda abaixo do esperado, o que reduziu o preço médio ofertado pelo papel.

Menos dinheiro

Captar menos é uma das conseqüências mais prováveis para quem vai a mercado nos próximos meses. Mesmo que a presença estrangeira continue forte - e há quem diga que ela vai cair para cerca de 50% -, as empresas verão os múltiplos envolvidos nos IPOs baixarem.

Traduzindo: a tendência é de que o preço pago por ação caia, o que significará menos recursos captados por operação. No primeiro semestre, em média, o preço sobre lucro, um dos indicadores usados pelos analistas, chegou a três vezes. "É lógico que muitas das empresas vieram de setores com bom potencial de crescimento, o que normalmente justifica múltiplos altos", afirma Felipe Cunha, chefe da área de Research do Banco Brascan.

EmpresaEntrada na CVM
Helbor Empreendimentos05/03/2007
Banco Industrial e Comercial04/05/2007
Aliansce Shopping Centers07/05/2007
PPE Fios Esmaltados08/05/2007
Satipel Industrial24/07/2007
Marisa02/08/2007
Moura Dubeux Engenharia07/08/2007
Eleva Alimentos09/08/2007
Banco Fibra09/08/2007
Construtora Tenda16/08/2007
BR Properties16/08/2007
Banco Industrial do Brasil20/08/2007
Trisul23/08/2007
Fonte: CVM
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