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É hora de sair da bolsa?

Especialistas dizem que a economia mundial deve produzir mais más notícias; já investidor com perfil de longo prazo estaria diante de oportunidade de comprar barato

Influenciado pelo temor de insolvência fiscal na Itália, Ibovespa atingiu o menor patamar desde maio do ano passado (Ralph Orlowski/Getty Images)

Influenciado pelo temor de insolvência fiscal na Itália, Ibovespa atingiu o menor patamar desde maio do ano passado (Ralph Orlowski/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de julho de 2011 às 08h31.

São Paulo – O ano de 2011 chegou à metade com um cenário nada róseo para a bolsa brasileira: até agora, a desvalorização do Ibovespa ultrapassa os 12%. Se no começo do ano a expectativa reinante era de que o índice atingiria os 80.000 pontos, discute-se agora se ele irá despencar dos 60.000 abaixo. Se depender do pregão de ontem, o time dos pessimistas ganhará reforços – influenciado pelo temor de insolvência da dívida pública italiana, o Ibovespa fechou o dia no menor patamar desde maio do ano passado: 60.233 pontos.

"Não vemos nenhuma mudança que faça com que o segundo semestre seja melhor que o primeiro", afirma Pedro Leria, gestor de carteiras de investimento da Verax. Segundo ele, ao risco de contágio da crise fiscal na Zona do Euro soma-se a fraca demanda por produtos e commodities nos países ricos, já que as grandes locomotivas do mundo estão crescendo em um nível abaixo da média histórica. "Há pouco espaço para notícia boa e espaço razoável para notícia ruim", diz.

O cenário, portanto, não é dos melhores para a renda variável. "Só deve pensar em bolsa agora quem contar com horizontes de mais de três anos", recomenda o gestor da Verax. Do contrário, sustenta ele, a melhor alternativa continua sendo a renda fixa. "Títulos públicos pós-fixados que acompanham a Selic são interessantes e devem fazer parte da carteira do investidor."

Para Rodrigo Menon, sócio da Beta Advisors, a política macroeconômica adotada pelo governo teve mais impacto nas ações brasileiras que os problemáticos eventos no front externo, ainda que eles tenham sido numerosos nos primeiros seis meses do ano. 

"O grande gatilho para a bolsa cair tanto no Brasil e subir na mesma proporção lá fora foi a inflação", aponta. Ele acredita que a desconfiança com a eficácia das medidas macroprudenciais, como o aumento dos depósitos compulsórios e a diminuição do crédito na praça, motivou a saída de muita gente da bolsa, especialmente os investidores estrangeiros.

"Mesmo assim, não é o caso de desistir da renda variável e encher a mão de ativos indexados à inflação", diz o sócio da Beta Advisors. Para Menon, os papéis de grandes bancos ("que ganham dinheiro em cenários de juros altos ou baixos") e a ação da Vale ("preço atrativo em papel que já foi muito descontado") podem representar boas oportunidades de compra para quem tem estômago - e tempo de sobra para aguardar a reviravolta que um dia sempre aparece na bolsa. 

“As empresas passaram a ter lucros cada vez maiores e os preços voltaram a tornar algumas companhias brasileiras bastante atrativas”, concorda o professor Jurandir Macedo. “Mas há um risco não desprezível que a bolsa continue em queda”, alerta. Na opinião do especialista em finanças, o investimento em títulos públicos atrelados à inflação pode sim garantir bons ganhos para os que andam assustados com a oscilação do Ibovespa, ainda que o temor sobre um descontrole de preços tenha arrefecido.

“Imagine se aposentar hoje com a garantia de uma rentabilidade protegida da inflação na casa de 6% ao ano. Acho isso bastante interessante”, diz. Diante das perspectivas de redução das taxas de juros no longo prazo e do fim de remunerações tão generosas na renda fixa, Macedo não hesita. “Esta é uma janela de oportunidade para quem quer alongar o perfil de investimento sem correr grandes riscos.” 

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