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Dólar está barato para quem viaja

Com a moeda norte-americana no patamar mais baixo em mais de 12 anos, especialistas recomendam que turista aproveite a taxa de câmbio para trocar dinheiro

Hora de fazer a conversão: dólar chega ao patamar mais baixo em mais de 12 anos (Joe Raedle/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2011 às 15h37.

São Paulo - Depois de romper o patamar de 1,55 real nesta segunda, o dólar chegou ao valor mais baixo registrado desde janeiro de 1999. Para Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora, esta pode ser a melhor hora para comprar a moeda se o intuito é viajar para o exterior ou honrar compromissos em dólar.

Historicamente, explica Bergallo, a moeda sempre se valorizou em cenários de aversão ao risco: a procura pelo ativo subia porque o dólar representava, em última instância, a estabilidade da economia mais forte do mundo. "Com esse impasse sobre o aumento do teto da dívida dos Estados Unidos, o risco se inverteu e passou a ser alimentado por uma chance de default vinda do próprio país", afirma.

A turbulência no cenário externo é reforçada pelo risco de calote na Grécia e consequente contágio nos países periféricos da Zona do Euro. Diante de uma cenário tão nebuloso, a presidente Dilma Rousseff já afirmou que novas medidas para impedir a valorização do real dependeriam de uma definição mais clara da situação macroeconômica mundial.

Enquanto elas não são criadas - ou pelo menos vêm à público - os turistas brasileiros têm muito o que comemorar. "O consenso do mercado é que o dólar entre 1,65 e 1,70 real equilibraria a economia e a vida do exportador. Com o preço de agora, uma semana em Miami é muito mais barata que na Costa do Sauípe", diz Bergallo.

Para o professor de finanças José Carlos Luxo, da FIA/USP, a tendência da moeda nos próximos seis meses continua sendo de baixa. "Quando o câmbio estava em 1,70 real, o mercado falava que 1,60 seria o piso. Mas a taxa continua rompendo barreiras", emenda.

Ele aponta que a Selic, fixada na última reunião do Copom em 12,50%, é outro fator que mexe com o câmbio. Enquanto o resto do mundo tem taxas de juros que se aproximam de zero, o Brasil remunera com generosidade os compradores de títulos da dívida pública, atraindo fluxos de dólares para o país. "Além disso, temos mais reservas cambiais do que dívida externa, o que deixa os investidores confiantes que o risco do Brasil é baixo."

Mesmo com a pressão para uma desvalorização ainda maior do dólar, ele pondera que adiantar a conversão pode ser sim um bom negócio, já que a taxa não deve cair a níveis distantes dos observados até agora. "Se essa guerra políca entre republicanos e democratas terminar em crise, o mundo inteiro perde e o dólar pode surpreender: em 2008, ele pulou de 1,55 para 2,55 reais."


Segundo Roger Ades, diretor de produtos do Banco Rendimento, sentenciar que a moeda está barata é uma questão de parâmetro. "Diziam que o dólar estava baixo quando ele custava 2 reais". Por isso, uma boa estratégia para ganhar lá na frente com eventuais desvalorizações é trocar o dinheiro gradualmente, até pouco antes da viagem. "Assim você levará o preço médio do mercado para o período."

Cartão de crédito, pré-pago ou dinheiro?

Além de decidir o momento ideal para trocar reais por dólares, escolher entre cartão de crédito, cartão pré-pago e dinheiro costuma estar entre as dúvidas de quem pretende cruzar os portões de embarque internacional. Confira, a seguir, as vantagens e desvantagens das três alternativas:

Cartão de crédito
A conversão é balizada pelo dólar comercial, cerca de 5% mais barato que o dólar turismo. O cliente também conta com a possibilidade de fechar a compra e postergar o pagamento para o momento que receber a conta do cartão em casa. Ainda assim, o IOF cobrado por cada operação é alto e não deve ser desprezado: 6,38%. Como a taxa de conversão é definida no momento do fechamento da fatura, o consumidor fica sem saber de fato quanto vai pagar pela compra.

Cartão de recarga pré-pago
A lógica que vale para o plástico é a mesma que rege o funcionamento dos celulares pré-pagos. O consumidor faz uma recarga no Brasil e utiliza o cartão para saques lá fora, pagando uma taxa de 2,50 dólares por cada operação. Neste caso, o IOF é de 0,38%. A cotação utilizada é a do dólar turismo, mas é possível conseguir um desconto em relação ao câmbio utilizado nas trocas de reais por dólares em papel moeda. Isso acontece porque no caso dos cartões, a operadora não conta com o custo de importar e guardar o dinheiro físico. Também há um interesse por parte da corretora em conceder este benefício, já que ao optar pelo cartão o cliente tem mais chance de se fidelizar à instituição, pois o plástico só poderá ser recarregado por intermédio da corretora onde foi comprado. Em caso de perda, o saldo é preservado e outro cartão é emitido ao consumidor.

Dinheiro
A vantagem da troca de reais por dólares em espécie é a mesma do cartão pré-pago: o cliente já sabe, de antemão, quanto vai desembolsar pela conversão, evitando ser pego de surpresa com a variação da moeda norte-americana. O risco é o de ser roubado e perder todos os recursos de uma só vez. O IOF pago pela operação é de 0,38% e cotação para a conversão é a do dólar turismo.

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São Paulo - Depois de romper o patamar de 1,55 real nesta segunda, o dólar chegou ao valor mais baixo registrado desde janeiro de 1999. Para Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora, esta pode ser a melhor hora para comprar a moeda se o intuito é viajar para o exterior ou honrar compromissos em dólar.

Historicamente, explica Bergallo, a moeda sempre se valorizou em cenários de aversão ao risco: a procura pelo ativo subia porque o dólar representava, em última instância, a estabilidade da economia mais forte do mundo. "Com esse impasse sobre o aumento do teto da dívida dos Estados Unidos, o risco se inverteu e passou a ser alimentado por uma chance de default vinda do próprio país", afirma.

A turbulência no cenário externo é reforçada pelo risco de calote na Grécia e consequente contágio nos países periféricos da Zona do Euro. Diante de uma cenário tão nebuloso, a presidente Dilma Rousseff já afirmou que novas medidas para impedir a valorização do real dependeriam de uma definição mais clara da situação macroeconômica mundial.

Enquanto elas não são criadas - ou pelo menos vêm à público - os turistas brasileiros têm muito o que comemorar. "O consenso do mercado é que o dólar entre 1,65 e 1,70 real equilibraria a economia e a vida do exportador. Com o preço de agora, uma semana em Miami é muito mais barata que na Costa do Sauípe", diz Bergallo.

Para o professor de finanças José Carlos Luxo, da FIA/USP, a tendência da moeda nos próximos seis meses continua sendo de baixa. "Quando o câmbio estava em 1,70 real, o mercado falava que 1,60 seria o piso. Mas a taxa continua rompendo barreiras", emenda.

Ele aponta que a Selic, fixada na última reunião do Copom em 12,50%, é outro fator que mexe com o câmbio. Enquanto o resto do mundo tem taxas de juros que se aproximam de zero, o Brasil remunera com generosidade os compradores de títulos da dívida pública, atraindo fluxos de dólares para o país. "Além disso, temos mais reservas cambiais do que dívida externa, o que deixa os investidores confiantes que o risco do Brasil é baixo."

Mesmo com a pressão para uma desvalorização ainda maior do dólar, ele pondera que adiantar a conversão pode ser sim um bom negócio, já que a taxa não deve cair a níveis distantes dos observados até agora. "Se essa guerra políca entre republicanos e democratas terminar em crise, o mundo inteiro perde e o dólar pode surpreender: em 2008, ele pulou de 1,55 para 2,55 reais."


Segundo Roger Ades, diretor de produtos do Banco Rendimento, sentenciar que a moeda está barata é uma questão de parâmetro. "Diziam que o dólar estava baixo quando ele custava 2 reais". Por isso, uma boa estratégia para ganhar lá na frente com eventuais desvalorizações é trocar o dinheiro gradualmente, até pouco antes da viagem. "Assim você levará o preço médio do mercado para o período."

Cartão de crédito, pré-pago ou dinheiro?

Além de decidir o momento ideal para trocar reais por dólares, escolher entre cartão de crédito, cartão pré-pago e dinheiro costuma estar entre as dúvidas de quem pretende cruzar os portões de embarque internacional. Confira, a seguir, as vantagens e desvantagens das três alternativas:

Cartão de crédito
A conversão é balizada pelo dólar comercial, cerca de 5% mais barato que o dólar turismo. O cliente também conta com a possibilidade de fechar a compra e postergar o pagamento para o momento que receber a conta do cartão em casa. Ainda assim, o IOF cobrado por cada operação é alto e não deve ser desprezado: 6,38%. Como a taxa de conversão é definida no momento do fechamento da fatura, o consumidor fica sem saber de fato quanto vai pagar pela compra.

Cartão de recarga pré-pago
A lógica que vale para o plástico é a mesma que rege o funcionamento dos celulares pré-pagos. O consumidor faz uma recarga no Brasil e utiliza o cartão para saques lá fora, pagando uma taxa de 2,50 dólares por cada operação. Neste caso, o IOF é de 0,38%. A cotação utilizada é a do dólar turismo, mas é possível conseguir um desconto em relação ao câmbio utilizado nas trocas de reais por dólares em papel moeda. Isso acontece porque no caso dos cartões, a operadora não conta com o custo de importar e guardar o dinheiro físico. Também há um interesse por parte da corretora em conceder este benefício, já que ao optar pelo cartão o cliente tem mais chance de se fidelizar à instituição, pois o plástico só poderá ser recarregado por intermédio da corretora onde foi comprado. Em caso de perda, o saldo é preservado e outro cartão é emitido ao consumidor.

Dinheiro
A vantagem da troca de reais por dólares em espécie é a mesma do cartão pré-pago: o cliente já sabe, de antemão, quanto vai desembolsar pela conversão, evitando ser pego de surpresa com a variação da moeda norte-americana. O risco é o de ser roubado e perder todos os recursos de uma só vez. O IOF pago pela operação é de 0,38% e cotação para a conversão é a do dólar turismo.

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