5 dicas para financiar um carro sem sustos
Conheça todos os custos envolvidos para não contrair uma dívida pesada demais para seu contracheque
Da Redação
Publicado em 30 de junho de 2012 às 18h59.
São Paulo - Parca ou polpuda, a carteira do consumidor brasileiro nunca comportou tantas parcelas na compra do carro próprio. Com a possibilidade de dividir a prestação em até 80 meses, o financiamento do veículo tornou-se muito mais acessível. A consequência do fenômeno não poderia ser mais óbvia: até o fim do ano, mais de 30 milhões de carros devem estar nas ruas, número dois terços maior que o registrado no começo da década. "A casa própria é o principal sonho do brasileiro, mas o carro talvez seja o primeiro que ele consegue alcançar", diz Sílvio Paixão, professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras). Diante do crescimento da economia e da pujante oferta de crédito, especialistas alertam que é preciso ter cuidado antes de assumir um compromisso que à primeira vista parece não ameaçar o orçamento familiar. Conheça a importância do planejamento financeiro e saiba como escapar do perigo de ter o carro apreendido:
1. Conheça o real custo do financiamento
Seja a compra do primeiro carro próprio ou a tão almejada troca por um modelo mais sofisticado, financiar o veículo dos sonhos tem um preço - e o valor não engloba apenas a taxa de juros cobrada pelos bancos. O consumidor precisa ficar atento ao custo efetivo total da operação, o chamado CET. Embora relegado ao rodapé das propagandas e ofertas, o CET representa as despesas totais do parcelamento sob a forma de uma taxa anual que abarca tarifas, juros, seguro, IOF (Imposto sobre Operação Financeira) e quaisquer outros encargos, como serviço de despachante e gravame eletrônico (registro no Detran de que o carro foi financiado). A partir da informação unificada, fica mais fácil comparar as ofertas de diferentes bancos e concessionárias.
Segundo Marcelo Segredo, diretor da Associação Brasileira do Consumidor (ABC), as revendas evitam fornecer a informação sobre o CET porque embutem na maioria dos contratos o valor de uma comissão recebida pela venda, conhecida como "tabela de retorno". "A financeira paga este bônus para a concessionária à vista. Sem a planilha demonstrativa do CET, o consumidor nem desconfia que arque com um custo que não é obrigatório e que terá que saldá-lo ao longo do tempo com correção monetária". Assim, defende Segredo, uma comissão de 6.500 reais pode passar despercebida nas 72 parcelas do financiamento de um carro de 55.000 reais. Mas ao cabo do contrato, o peso do encargo - que já era alto - chegará a 11.650 reais, considerados os juros e impostos incidentes a cada mês.
Ciente de todos os custos, faça as contas do está sendo cobrado. Este detalhamento pode inclusive desmitificar anúncios imperdíveis, como o tão apregoado juro zero. "Todo financiamento tem um preço, e mesmo que não haja cobrança de juros, o carro nunca sairá pelo mesmo valor à vista", explica Hessia Costilla, economista da Pro Teste (ONG de defesa do consumidor). Se o orçamento estiver apertado, dispense o serviço de despachante. O emplacamento sai mais em conta quando feito no Detran pelo próprio consumidor.
2. Combine o preço final com o tamanho do seu bolso
Prazos esticados, parcelas mais curtas. Eis a fórmula de sucesso dos financiamentos. Se por um lado a flexibilização do pagamento democratiza o acesso a um bem que há até pouco tempo não entrava na garagem da classe C, por outro é importante lembrar que o custo total do carro cresce - e muito - à medida que aumentam as folhas no carnê de prestações. Uma simulação virtual demonstra que a partir de uma entrada de 20%, um carro de 30.000 reais dividido em 24 vezes sairá por 38.445 reais com parcelas mensais de 1.351 reais. Se o prazo subir para 48 meses, as parcelas caem para 877 reais. Por sua vez, o custo do automóvel chega a 48.129 reais, encarecimento de 60% em relação ao preço à vista.
Caso precise vender o veículo para incrementar o caixa, o proprietário vai arcar com ainda mais prejuízos. Qualquer carro zero perde de 5% a 10% do seu valor assim que cruza os portões da concessionária. Mas a depreciação não para por aí. Cerca de 8% do valor de um carro popular é abatido anualmente, porcentagem que chega a 10% para os veículos médios. Voltando ao carro financiado em quatro anos, o automóvel valerá cerca de 18.900 reais quando forem enfim quitadas todas as parcelas. Em outras palavras, o preço de mercado vai se equiparar ao custo total do financiamento, de modo que os 30.000 reais correspondentes ao valor do carro terão sido pagos apenas pela utilização antecipada do bem. E isso desconsideradas todas as despesas mecânicas e tributárias que o proprietário certamente terá. Por isso, o consultor financeiro Gustavo Cerbasi recomenda que o consumidor nunca financie a compra de um bem pagando prestações por um prazo maior do que o de sua utilização. No caso de um carro, esse tempo gira em torno de 36 meses. Depois, a desvalorização sofrida pelo carro não compensará o dinheiro que precisará ser reservado para saldar a dívida da operação e manter o veículo rodando sem maiores problemas.
3. Pesquise as taxas do mercado
O ideal é pesquisar as condições de financiamento em todos os locais possíveis. Com diferentes CETs em mãos, você aumenta seu poder de barganha e pode fechar um negócio mais em conta, seja no banco do qual já é correntista ou em qualquer outra instituição financeira. No primeiro trimestre deste ano, as taxas de juros cobradas para o financiamento orbitaram na casa de 1,78% ao mês. Considerando apenas as financeiras associadas às montadoras, a taxa foi de 1,4%. Especialistas apontam que a diferença se assenta nos subsídios pagos pela indústria automobilística para desovar a produção. Muitos dos bancos das montadoras também conseguem oferecer taxas mais atraentes porque captam dinheiro no exterior, com o crivo da matriz.
De acordo com Décio Carbonari de Almeida, presidente da Anef (associação das financeiras das montadoras), é exatamente esse subsídio que possibilita o financiamento de carros mais caros com juros mais baixos. Isso acontece porque estes veículos garantem um retorno financeiro mais interessante para as montadoras quando comparados aos de carros simples. Como seus compradores têm maior poder aquisitivo, a chance de inadimplência é menor e a liquidação da dívida é mais rápida. "O que define a taxa de juros não é necessariamente o produto, mas o risco do comprador. De uma forma geral, o banco faz essa avaliação pelo prazo de pagamento, e não pelo tipo de veículo", esclarece.
4. Lembre-se que um carro tem outros custos
Além do custo do financiamento em si, vale reforçar que um carro necessariamente exigirá outros gastos ao longo do tempo. IPVA, seguro, licenciamento, combustível e manutenção são apenas alguns deles. Segundo estudo do educador financeiro Reinaldo Domingos, do Instituto DiSOP, o veículo custará mensalmente em torno de 3% do seu valor de mercado. "Consideradas essas variáveis, um carro de 20.000 reais requer cerca de 600 reais mensais para rodar. Imagine que o sujeito já esteja pagando 900 reais pelo financiamento. Se ele ganhar 7.500 reais, estará comprometendo 20% do seu orçamento com o veículo. E esse é o teto que deve ser dedicado para uma dívida de financiamento", afirma.
Desde as corriqueiras multas de trânsito a eventos mais drásticos e imprevistos - como doenças ou perda de emprego - podem pegar o comprador de surpresa, comprometendo sua disponibilidade de caixa. "O marketing publicitário e a oferta de crédito fazem com que muitas pessoas realizem sonhos que não estavam dentro dos planos, mas principalmente dentro da conta bancária", completa Domingos. Por isso, dedique parte da sua renda mensal a uma poupança, por exemplo, para evitar situações que inviabilizem sua capacidade de honrar a dívida do financiamento.
5. Se necessário, renegocie a dívida
Segundo dados da Anef, a inadimplência para o financiamento de carros ficou em 4,4% em 2009, o dobro da taxa atingida em 2005. "Por mais que você refine seus modelos de seleção, toda vez que aumenta o volume de crédito, você traz mais gente que acaba não conseguindo quitar o pagamento", diz Adalberto Savioli, presidente da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento). Se você estiver prestes a engrossar esta lista, não se desespere. Ignorar os avisos de cobrança tampouco tornará o problema menor. Assim que perceber que o orçamento não comporta mais nenhum pagamento, tente renegociar a dívida no banco, esticando os prazos e diminuindo o valor das parcelas. Outra opção é tentar passar o carro adiante, vendendo o veículo - e a dívida - para outro comprador.
Caso permaneça inadimplente, é provável que você tenha o carro retomado. Como a garantia para a concessão do crédito é o próprio veículo, o automóvel permanece alienado ao banco até que o pagamento seja completamente quitado. A lei não determina um prazo mínimo para que o carro seja recuperado, mas as financeiras em geral protocolam a ação de busca e apreensão mediante um atraso de três meses. Uma vez notificado, o cliente tem cinco dias para saldar a dívida. Se isso não acontecer, o automóvel já poderá ser resgatado pelo banco e irá a leilão. O cliente tem direito ao reembolso de qualquer diferença se o valor obtido na venda for superior ao saldo devedor.
Diante da possibilidade de perder todo o dinheiro investido, o advogado Sérgio Bastos, do escritório Gualberto e Bastos, defende que o ideal é dar um passo para trás e trocar o veículo financiado por outro mais barato. "Os bancos permitem o refinanciamento, isto é, a transferência do gravame de um mesmo contrato. Assim, a garantia que era de um Vectra, por exemplo, passará a ser de um Celta. Entregando o primeiro carro, a pessoa ganhará a diferença de preço entre os veículos e poderá usar o dinheiro para quitar a dívida, além de continuar com um automóvel", explica.
Nestes casos o contrato de financiamento permanece o mesmo. O que muda é a garantia, que passa de um veículo específico para outro. Portanto, os valores das parcelas continuarão iguais a não ser que o refinanciamento tenha rendido o suficiente para liquidar as prestações em atraso e antecipar o pagamento das que estavam por vir. Entretanto, o banco só concordará com a operação quando a garantia - o preço do Celta - for bem próxima do valor que o cliente estava devendo - o financiamento em aberto do Vectra. Agindo desta forma, a instituição procura se precaver de outros atrasos, já que se o carro for a leilão, não há riscos do valor embolsado não cobrir a dívida.
São Paulo - Parca ou polpuda, a carteira do consumidor brasileiro nunca comportou tantas parcelas na compra do carro próprio. Com a possibilidade de dividir a prestação em até 80 meses, o financiamento do veículo tornou-se muito mais acessível. A consequência do fenômeno não poderia ser mais óbvia: até o fim do ano, mais de 30 milhões de carros devem estar nas ruas, número dois terços maior que o registrado no começo da década. "A casa própria é o principal sonho do brasileiro, mas o carro talvez seja o primeiro que ele consegue alcançar", diz Sílvio Paixão, professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras). Diante do crescimento da economia e da pujante oferta de crédito, especialistas alertam que é preciso ter cuidado antes de assumir um compromisso que à primeira vista parece não ameaçar o orçamento familiar. Conheça a importância do planejamento financeiro e saiba como escapar do perigo de ter o carro apreendido:
1. Conheça o real custo do financiamento
Seja a compra do primeiro carro próprio ou a tão almejada troca por um modelo mais sofisticado, financiar o veículo dos sonhos tem um preço - e o valor não engloba apenas a taxa de juros cobrada pelos bancos. O consumidor precisa ficar atento ao custo efetivo total da operação, o chamado CET. Embora relegado ao rodapé das propagandas e ofertas, o CET representa as despesas totais do parcelamento sob a forma de uma taxa anual que abarca tarifas, juros, seguro, IOF (Imposto sobre Operação Financeira) e quaisquer outros encargos, como serviço de despachante e gravame eletrônico (registro no Detran de que o carro foi financiado). A partir da informação unificada, fica mais fácil comparar as ofertas de diferentes bancos e concessionárias.
Segundo Marcelo Segredo, diretor da Associação Brasileira do Consumidor (ABC), as revendas evitam fornecer a informação sobre o CET porque embutem na maioria dos contratos o valor de uma comissão recebida pela venda, conhecida como "tabela de retorno". "A financeira paga este bônus para a concessionária à vista. Sem a planilha demonstrativa do CET, o consumidor nem desconfia que arque com um custo que não é obrigatório e que terá que saldá-lo ao longo do tempo com correção monetária". Assim, defende Segredo, uma comissão de 6.500 reais pode passar despercebida nas 72 parcelas do financiamento de um carro de 55.000 reais. Mas ao cabo do contrato, o peso do encargo - que já era alto - chegará a 11.650 reais, considerados os juros e impostos incidentes a cada mês.
Ciente de todos os custos, faça as contas do está sendo cobrado. Este detalhamento pode inclusive desmitificar anúncios imperdíveis, como o tão apregoado juro zero. "Todo financiamento tem um preço, e mesmo que não haja cobrança de juros, o carro nunca sairá pelo mesmo valor à vista", explica Hessia Costilla, economista da Pro Teste (ONG de defesa do consumidor). Se o orçamento estiver apertado, dispense o serviço de despachante. O emplacamento sai mais em conta quando feito no Detran pelo próprio consumidor.
2. Combine o preço final com o tamanho do seu bolso
Prazos esticados, parcelas mais curtas. Eis a fórmula de sucesso dos financiamentos. Se por um lado a flexibilização do pagamento democratiza o acesso a um bem que há até pouco tempo não entrava na garagem da classe C, por outro é importante lembrar que o custo total do carro cresce - e muito - à medida que aumentam as folhas no carnê de prestações. Uma simulação virtual demonstra que a partir de uma entrada de 20%, um carro de 30.000 reais dividido em 24 vezes sairá por 38.445 reais com parcelas mensais de 1.351 reais. Se o prazo subir para 48 meses, as parcelas caem para 877 reais. Por sua vez, o custo do automóvel chega a 48.129 reais, encarecimento de 60% em relação ao preço à vista.
Caso precise vender o veículo para incrementar o caixa, o proprietário vai arcar com ainda mais prejuízos. Qualquer carro zero perde de 5% a 10% do seu valor assim que cruza os portões da concessionária. Mas a depreciação não para por aí. Cerca de 8% do valor de um carro popular é abatido anualmente, porcentagem que chega a 10% para os veículos médios. Voltando ao carro financiado em quatro anos, o automóvel valerá cerca de 18.900 reais quando forem enfim quitadas todas as parcelas. Em outras palavras, o preço de mercado vai se equiparar ao custo total do financiamento, de modo que os 30.000 reais correspondentes ao valor do carro terão sido pagos apenas pela utilização antecipada do bem. E isso desconsideradas todas as despesas mecânicas e tributárias que o proprietário certamente terá. Por isso, o consultor financeiro Gustavo Cerbasi recomenda que o consumidor nunca financie a compra de um bem pagando prestações por um prazo maior do que o de sua utilização. No caso de um carro, esse tempo gira em torno de 36 meses. Depois, a desvalorização sofrida pelo carro não compensará o dinheiro que precisará ser reservado para saldar a dívida da operação e manter o veículo rodando sem maiores problemas.
3. Pesquise as taxas do mercado
O ideal é pesquisar as condições de financiamento em todos os locais possíveis. Com diferentes CETs em mãos, você aumenta seu poder de barganha e pode fechar um negócio mais em conta, seja no banco do qual já é correntista ou em qualquer outra instituição financeira. No primeiro trimestre deste ano, as taxas de juros cobradas para o financiamento orbitaram na casa de 1,78% ao mês. Considerando apenas as financeiras associadas às montadoras, a taxa foi de 1,4%. Especialistas apontam que a diferença se assenta nos subsídios pagos pela indústria automobilística para desovar a produção. Muitos dos bancos das montadoras também conseguem oferecer taxas mais atraentes porque captam dinheiro no exterior, com o crivo da matriz.
De acordo com Décio Carbonari de Almeida, presidente da Anef (associação das financeiras das montadoras), é exatamente esse subsídio que possibilita o financiamento de carros mais caros com juros mais baixos. Isso acontece porque estes veículos garantem um retorno financeiro mais interessante para as montadoras quando comparados aos de carros simples. Como seus compradores têm maior poder aquisitivo, a chance de inadimplência é menor e a liquidação da dívida é mais rápida. "O que define a taxa de juros não é necessariamente o produto, mas o risco do comprador. De uma forma geral, o banco faz essa avaliação pelo prazo de pagamento, e não pelo tipo de veículo", esclarece.
4. Lembre-se que um carro tem outros custos
Além do custo do financiamento em si, vale reforçar que um carro necessariamente exigirá outros gastos ao longo do tempo. IPVA, seguro, licenciamento, combustível e manutenção são apenas alguns deles. Segundo estudo do educador financeiro Reinaldo Domingos, do Instituto DiSOP, o veículo custará mensalmente em torno de 3% do seu valor de mercado. "Consideradas essas variáveis, um carro de 20.000 reais requer cerca de 600 reais mensais para rodar. Imagine que o sujeito já esteja pagando 900 reais pelo financiamento. Se ele ganhar 7.500 reais, estará comprometendo 20% do seu orçamento com o veículo. E esse é o teto que deve ser dedicado para uma dívida de financiamento", afirma.
Desde as corriqueiras multas de trânsito a eventos mais drásticos e imprevistos - como doenças ou perda de emprego - podem pegar o comprador de surpresa, comprometendo sua disponibilidade de caixa. "O marketing publicitário e a oferta de crédito fazem com que muitas pessoas realizem sonhos que não estavam dentro dos planos, mas principalmente dentro da conta bancária", completa Domingos. Por isso, dedique parte da sua renda mensal a uma poupança, por exemplo, para evitar situações que inviabilizem sua capacidade de honrar a dívida do financiamento.
5. Se necessário, renegocie a dívida
Segundo dados da Anef, a inadimplência para o financiamento de carros ficou em 4,4% em 2009, o dobro da taxa atingida em 2005. "Por mais que você refine seus modelos de seleção, toda vez que aumenta o volume de crédito, você traz mais gente que acaba não conseguindo quitar o pagamento", diz Adalberto Savioli, presidente da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento). Se você estiver prestes a engrossar esta lista, não se desespere. Ignorar os avisos de cobrança tampouco tornará o problema menor. Assim que perceber que o orçamento não comporta mais nenhum pagamento, tente renegociar a dívida no banco, esticando os prazos e diminuindo o valor das parcelas. Outra opção é tentar passar o carro adiante, vendendo o veículo - e a dívida - para outro comprador.
Caso permaneça inadimplente, é provável que você tenha o carro retomado. Como a garantia para a concessão do crédito é o próprio veículo, o automóvel permanece alienado ao banco até que o pagamento seja completamente quitado. A lei não determina um prazo mínimo para que o carro seja recuperado, mas as financeiras em geral protocolam a ação de busca e apreensão mediante um atraso de três meses. Uma vez notificado, o cliente tem cinco dias para saldar a dívida. Se isso não acontecer, o automóvel já poderá ser resgatado pelo banco e irá a leilão. O cliente tem direito ao reembolso de qualquer diferença se o valor obtido na venda for superior ao saldo devedor.
Diante da possibilidade de perder todo o dinheiro investido, o advogado Sérgio Bastos, do escritório Gualberto e Bastos, defende que o ideal é dar um passo para trás e trocar o veículo financiado por outro mais barato. "Os bancos permitem o refinanciamento, isto é, a transferência do gravame de um mesmo contrato. Assim, a garantia que era de um Vectra, por exemplo, passará a ser de um Celta. Entregando o primeiro carro, a pessoa ganhará a diferença de preço entre os veículos e poderá usar o dinheiro para quitar a dívida, além de continuar com um automóvel", explica.
Nestes casos o contrato de financiamento permanece o mesmo. O que muda é a garantia, que passa de um veículo específico para outro. Portanto, os valores das parcelas continuarão iguais a não ser que o refinanciamento tenha rendido o suficiente para liquidar as prestações em atraso e antecipar o pagamento das que estavam por vir. Entretanto, o banco só concordará com a operação quando a garantia - o preço do Celta - for bem próxima do valor que o cliente estava devendo - o financiamento em aberto do Vectra. Agindo desta forma, a instituição procura se precaver de outros atrasos, já que se o carro for a leilão, não há riscos do valor embolsado não cobrir a dívida.