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Casal gay deve ficar mais esperto para proteger patrimônio

Direitos nas uniões homoafetivas ainda não são reconhecidos como entre casais heterossexuais; veja como se proteger

Casal homossexual: Casais gays podem realizar um contrato sobre a união que reforce seus direitos (Justin Sullivan/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de junho de 2014 às 09h37.

São Paulo – Apesar dos avanços, o casal homossexual ainda deve ter um cuidado a mais em relação aos heterossexuais na hora de firmar sua união.

Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a legalidade das uniões homoafetivas. No entanto, não há uma lei que as regulamente.

Portanto, os casais do mesmo sexo podem encontrar alguns problemas para comprovar sua união e usufruir dos mesmos direitos dos casais heterossexuais ao se separarem, divorciarem, ou em caso de falecimento.

Esse tema é tratado minuciosamente no livro “Vai Casar? Separar? E Se Falecer? Planejamento Patrimonial para Casais do Mesmo Sexo”, de Ronaldo Gotlib, consultor financeiro, advogado especialista em direito familiar e sócio da Gotlib Advogados Associados.

Conforme explica o autor, por mais que o Poder Judiciário tenha reconhecido a união, a ausência de considerações sobre a questão por parte do Poder Legislativo pode gerar problemas para os casais gays que quiserem comprovar seus direitos patrimoniais .

“Hoje o casal pode ter seu pedido de reconhecimento da união negado em um cartório na primeira e na segunda instância e só quando chegar no Supremo a união será reconhecida”, afirma Gotlib.

Normalmente, um processo judicial se dá primeiramente na jurisdição estadual, a chamada primeira instância. Se for recorrido (questionado) pode ir para a segunda instância, também estadual, e se novamente a decisão for questionada é repassado à jurisdição federal.

Isso significa que diante do falecimento de um dos cônjuges, por exemplo, o parceiro viúvo pode demorar anos para conseguir defender seus direitos perante os familiares do parceiro que faleceu, pois terá que aguardar a posição do Supremo.

“Se um deles falecer, o viúvo pode ter problemas. E nós sabemos que quando a família vem atrás do patrimônio, ela vem para brigar e o argumento sempre é o seguinte: o casamento é nulo por falta de previsão legal”, diz Gotlib.

Segundo o autor, como o casamento civil e a união estável entre casais do mesmo sexo não possuem previsão legal, provavelmente o pedido de legalização da união será negado pelo cartório, obrigando o casal a propor uma ação judicial para fazer valer seu direito, com base na jurisprudência do STF.

Como a demanda pode demorar muito a chegar ao STF, o casal corre o risco de ficar desprotegido nesse intervalo de tempo.

Essa falta de proteção pode significar que o companheiro (na união estável) ou cônjuge (no casamento civil) pode não conseguir comprovar seus direitos à meação (metade do patrimônio adquirido de forma onerosa durante a união) ou herança,em caso de divórcio ou em caso de falecimento de um dos membros do casal.

Como assegurar os direitos

Diante desse cenário, Gotlib recomenda que os casais homossexuais realizem um contrato em cartório para reforçar seus direitos.

Esse contrato deve ser feito mesmo depois que o casal realizar o casamento civil ou formalizar a união estável.

“Como nosso sistema judiciário é muito complexo e lento, mesmo se o casal tiver feito o casamento direitinho, após o falecimento de um dos companheiros, outros herdeiros podem não reconhecer a união por falta de previsão legal e o processo pode se arrastar por dez anos, o que seria um prejuízo para todo mundo”, esclarece Gotlib.

De acordo com ele, esse tipo de instrumento não tem um nome específico que seja amplamente difundido, mas pode ser chamado de contrato de sociedade de pessoas personalizado.

É como se o casal estivesse abrindo uma empresa na qual ambos são sócios e pretendem formalizar os direitos de cada parte. “É um contrato para definir quem ficará com determinado bem. Qualquer um pode fazê-lo, até mesmo dois amigos podem constituir um contrato para fazer investimento em comum”, explica o autor.

Por se tratar de um assunto muito sério e por ser um contrato muito personalizado, Ronaldo Gotlib afirma que o documento deve ser feito por um advogado .

Conforme o consultor detalha em seu livro, o contrato deve contar com as seguintes premissas:

- A intenção de realização do casamento

- A existência de uma demanda judicial para este fim

- A opção pelo regime de bens escolhido

- A existência de decisão favorável à realização do casamento mediante a execução desta (se for o caso)

- O detalhamento da forma como pretendem, respeitando, perante a lei, o ordenamento da divisão de seu patrimônio, em caso de morte ou separação, em absoluta conformidade ao regime escolhido

Ele explica que o contrato não garante totalmente que o casal terá seus direitos reconhecidos da mesma maneira que os casais heterossexuais pois, mesmo com a sua realização, o casamento ou união ainda podem ser questionados.

No entanto, esse documento pode agilizar o processo de reconhecimento da união, além de ser mais um instrumento usado para reforçar a legalidade da união. “Ele traz a tranquilidade para o casal, que sabe que se alguém questionar o casamento existe um contrato de união de pessoas", afirma o advogado.

Os cuidados que valem para todos os casais

Não só os casais homossexuais, quanto os heterossexuais, devem prestar atenção às consequências legais que uma união pode gerar.

Mesmo sem realizar o casamento civil, apenas morando sob o mesmo teto, pode-se considerar que o casal vive em uma união estável e essa condição pode gerar implicações legais ( veja o que pode estar em jogo ao morar junto com alguém ).

Em ambos os casos, no casamento ou na união estável, diante de uma separação, por exemplo, os cônjuges ou companheiros podem ter direitos sobre o patrimônio constituído durante a união, mesmo que os bens tenham sido pagos por apenas um deles.

É o que ocorre, por exemplo, no regime de comunhão parcial de bens, que é o regime de bens comum no Brasil, aplicado quando o casal não define expressamente (por escrito) nenhum outro.

Os demais regimes também podem trazer diversas outras consequências, dependendo da constituição familiar do casal (se tem filhos ou outros herdeiros) e da natureza de seu patrimônio, se foi constituído antes ou depois da união, por exemplo.

Portanto, a decisão de morar na mesma casa, ou de formalizar uma união deve ser muito bem planejada financeiramente ( veja algumas diferenças entre o casamento e a união estável ).

Sobretudo se o casal tiver filhos, ou um grande patrimônio, é importante consultar advogados especializados no assunto para planejar o melhor formato de união para ambas as partes.

São Paulo - Em seu levantamento anual, oGrupo Gay da Bahia (GGB) contabilizou maisde 312 homicídios de gays , travestis e lésbicas no Brasil em 2013. Ou seja, uma morte a cada 28 horas. O número, apesar de ruim, representa uma queda de 7,7% em relação ao ano anterior.
A maior parte das mortes (43%) aconteceu no Nordeste,onde vivem menos de 30% da população nacional, e é chamado pela ONG de “região mais homofóbica do Brasil”.
O levantamento levou em consideração notícias divulgadas na imprensa e dados enviados por organizações não-governamentais. Segundo a GGB, todos os crimes considerados tiveram como pano de fundo a homofobia.
Dez suicídios foram contabilizados por terem ocorrido, também de acordo com a ONG , pelo fato dos envolvidos não aguentarem a pressão social.
O estado que registrou mais assassinatos é Pernambuco , com 34 mortes.Considerando o tamanho da população, Roraima aparece como o estado mais perigoso para os homossexuais, com 6,15 mortes para um milhão de habitantes.
Entre as capitais, Manaus lidera na violência, com 12 casos.
Confira os estados que representaram, proporcionalmente, mais perigo para os gays no ano passado, de acordo com o relatório do Grupo Gay da Bahia.
  • 2. 1º Roraima - 6,15 mortes por milhão/hab

    2 /26(Tiago Orihuela/ Prefeitura Boa Vista/Divulgação)

  • Veja também

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 6,15* Mortes em Boa Vista: 2 Total de mortes no estado (2013): 3 * Estatisticamente, deve-se levar em consideração que, como a população do estado é pequena, três mortes já acarretam em índice extremamente elevado. É preciso lembrar também que a redução de apenas uma morte entre um ano e outro já alteraria significativamente esta taxa
  • 3. 2º Mato Grosso - 4,71 mortes por milhão/hab

    3 /26(Divulgação/ Embratur)

  • Taxa (mortes por milhão de habitantes): 4,71 Mortes em Cuiabá: 10 Total de mortes no estado (2013): 15
  • 4. 3º Rio Grande do Norte - 4,45 mortes por milhão/hab

    4 /26(REUTERS/Sergio Moraes)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 4,45 Mortes em Natal: 0 Total de mortes no estado (2013): 15
  • 5. 4º Paraíba - 4,34 mortes por milhão/hab

    5 /26(Divulgação / Cacio Murilo)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 4,34 Mortes em João Pessoa: 11 Total de mortes no estado (2013): 17
  • 6. 5º Alagoas - 3,94 mortes por milhão/hab

    6 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 3,94 Mortes em Maceió: 4 Total de mortes no estado (2013): 13
  • 7. 6º Pernambuco - 3,69 mortes por milhão/hab

    7 /26(Leo Caldas/EXAME.com)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 3,69 Mortes em Recife: 12 Total de mortes no estado (2013): 34
  • 8. 7º Amazonas - 3,41 mortes por milhão/hab

    8 /26(DIVULGAÇÃO)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 3,41 Mortes em Manaus: 12 Total de mortes no estado (2013): 13
  • 9. 9º Rondônia - 2,89 mortes por milhão/hab

    9 /26(Reprodução/Wilson Dias/ABr/Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 2,89 Mortes em Porto Velho: 4 Total de mortes no estado (2013): 5
  • 10. 10º Sergipe - 2,73 mortes por milhão/hab

    10 /26(Flickr/Creative Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 2,73 Mortes em Aracaju: 4 Total de mortes no estado (2013): 6
  • 11. 11º Tocantins - 2,71 mortes por milhão/hab

    11 /26(Divulgação/Governo do Tocantins)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 2,71 Mortes em Palmas: 3 Total de mortes no estado (2013): 4
  • 12. 12º Mato Grosso do Sul - 1,93 morte por milhão/hab

    12 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,93 Mortes em Campo Grande: 1 Total de mortes no estado (2013): 5
  • 13. 13º Goiás - 1,55 morte por milhão/hab

    13 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,55 Mortes em Goiânia: 7 Total de mortes no estado (2013): 10
  • 14. 14º Distrito Federal - 1,43 mortes por milhão/hab

    14 /26(REUTERS/Ueslei Marcelino)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,43 Total de mortes no DF (2013): 4
  • 15. 15º Amapá - 1,36 morte por milhão/hab

    15 /26(Antonio Milena/Veja)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,36 Mortes em Macapá: 1 Total de mortes no estado (2013): 1
  • 16. 15º Paraná - 1,36 morte por milhão/hab

    16 /26(Francisco Anzola/Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,36 Mortes em Curitiba: 9 Total de mortes no estado (2013): 15
  • 17. 17º Bahia - 1,33 morte por milhão/hab

    17 /26(Divulgação)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,33 Mortes em Salvador: 9 Total de mortes no estado (2013): 20
  • 18. 20º Minas Gerais - 1,21 morte por milhão/hab

    18 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,21 Mortes em Belo Horizonte: 8 Total de mortes no estado (2013): 25
  • 19. 21º Santa Catarina - 1,21 morte por milhão/hab

    19 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,21 Mortes em Florianópolis: 0 Total de mortes no estado (2013): 8
  • 20. 22º Rio Grande do Sul - 1,16 morte por milhão/hab

    20 /26(Camila Domingues/Palácio Piratini)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,16 Mortes em Porto Alegre: 2 Total de mortes no estado (2013): 13
  • 21. 23º Maranhão - 1,03 morte por milhão/hab

    21 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 1,03 Mortes em São Luís: 3 Total de mortes no estado (2013): 7
  • 22. 24º São Paulo - 0,66 morte por milhão/hab

    22 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 0,66 Mortes na cidade de SP: 5 Total de mortes no estado (2013): 29
  • 23. 25º Pará - 0,63 morte por milhão/hab

    23 /26(Cayambe/Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 0,63 Mortes em Belém: 1 Total de mortes no estado (2013): 5
  • 24. 26º Espírito Santo - 0,52 morte por milhão/hab

    24 /26(Wikimedia Commons)

    Taxa (mortes por milhão de habitantes): 0,52 Mortes em Vitória: 0 Total de mortes no estado (2013): 2
  • 25. 27º Acre - sem mortes

    25 /26(Wikimedia Commons)

    Não foram registradas mortes de homossexuais cuja causa tenha sido homofobia, segundo o Grupo Gay da Bahia
  • 26. Agora, veja as cidades do Brasil que estão entre as mais violentas do planeta (independente de orientação sexual)

    26 /26(Spencer Platt/Getty Images)

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