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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
O BNDESPar, braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), concordou em vender as ações que possui da antiga Acesita à ArcelorMittal, controladora da siderúrgica. Na prática, com a adesão do banco à oferta pública de recompra dos papéis, a ArcelorMittal já tem condições de promover o fechamento de capital da empresa.
A recompra foi anunciada em 4 de dezembro, com o objetivo de retirar a antiga Acesita da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Entre os termos da oferta, está o de que o fechamento só irá adiante se a ArcelorMittal conseguir a adesão de acionistas que correspondam a, no mínimo, dois terços do free float - termo que designa o montante de ações em poder de acionistas não-controladores da empresa.
A ArcelorMittal já detém 57,34% da ex-Acesita, que foi rebatizada como ArcelorMittal Inox Brasil. Com isso, o free float é de 42,66%. O BNDESPar possui 12,708 milhões de ações preferenciais, o que equivale a 17,10% do capital total da empresa. Com essa quantia, o BNDESPar é o maior dos acionistas minoritários da produtora de aços inoxidáveis.
Antes da adesão do banco, outros acionistas já haviam informado que vão participar da operação. O principal deles é a Tarpon, fundo de investimentos que detém 5,61% do capital total da companhia, representados por 4,170 milhões de ações preferenciais. O apoio da Tarpon é importante também por seu simbolismo. O fundo possui um histórico de divergências com a Arcelor. No ano passado, foi um dos principais opositores à operação de troca de ações que consolidaria a entrada da Mittal no capital da Arcelor Brasil, no âmbito da fusão mundial entre as duas companhias.
Há dois anos, a Tarpon também havia se chocado com a Arcelor, ao disputar com os belgas um bloco de ações da ex-Acesita, posto à venda pelos fundos de previdência privada dos funcionários do Banco do Brasil, Previ, e da Petrobras, Petros. Na época, a Tarpon detinha cerca de 10% das ações ordinárias da siderúrgica. Se vencesse a disputa, alcançaria uma participação de mais de 60% e assumiria o controle da empresa.
Além do BNDESPar e da Tarpon, a ArcelorMittal informou que um grupo de investidores que representam 157,3 mil ações ordinárias e 7,9 milhões de preferenciais já aceitaram a oferta. Somadas, essas participações já atingiriam o necessário para concluir a oferta e cancelar o registro de companhia aberta siderúrgica
Condições
A ArcelorMittal deve desembolsar cerca de 3,2 bilhões de reais na operação. O cálculo baseia-se no preço ofertado de 100 reais por ação preferencial ou ordinária. O valor significa um prêmio de 22% sobre a média das cotações dos 60 dias anteriores à oferta. O pagamento será feito em dinheiro. Cerca de 1,066 milhão de ações ordinárias e 30,615 milhões de preferenciais da ex-Acesita circulam atualmente pelo mercado.
A notícia não animou os investidores. Por volta das 15h05, as ações preferenciais da antiga Acesita eram negociadas a 95,51 reais, com queda de 1%. Já as ações ordinárias não registraram nenhuma oscilação até o momento, cotadas a 94,10 reais. No mesmo horário, a Bovespa operava em queda de 0,21%. Quando a recompra foi anunciada, em 4 de dezembro, os papéis preferenciais da empresa encerraram o dia com um salto de 9,37%, a 97,49 reais.