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Ação da Cielo alegra acionistas com alta de 80% desde o IPO

Futuro da empresa, no entanto, é rodeado de incertezas em função da concorrência e de risco regulatório no setor


	Máquina da Cielo: todo mês EXAME.com publica a análise do desempenho de uma ação nos últimos anos
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Máquina da Cielo: todo mês EXAME.com publica a análise do desempenho de uma ação nos últimos anos (ARQUIVO)

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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2012 às 07h00.

São Paulo – Prevista por alguns analistas para passar por momentos difíceis na Bolsa, as ações da Cielo fizeram, ao menos até agora, a alegria de quem acreditou na empresa desde a sua abertura de capital em 2009. Os papéis tiveram uma valorização de 80,30% desde o IPO em 29 de junho de 2009 até a última sexta-feira, contra 13,47% do Ibovespa e 36,55% do CDI no mesmo período.

A empresa prestadora de serviços de pagamentos por meio eletrônico tinha todos os elementos para resistir à crise que abalou o mundo no período: voltada para o mercado interno e bem estabelecida em seu negócio, a Cielo beneficiava-se do fato de ter apenas uma concorrente, a Redecard, da abundância de crédito e de uma classe média crescente e cada vez mais ávida por consumir. A baixa necessidade de investimento no próprio negócio também a transformou numa pagadora de dividendos pelo menos razoável.

Início cambaleante

Mas o brilho da Cielo se deu mesmo em 2011. Do seu IPO até o fim de 2010, o preço da ação andou de lado e sofreu com a incerteza regulatória que cercava seu setor. Nascida VisaNet – e tendo como seus acionistas o BB, o Bradesco, o Banco Real (hoje Santander) e o extinto Banco Nacional –, a Cielo estreou na Bolsa em um momento em que se acreditava que o governo poderia mexer nas regras de seu setor, prejudicando as duas empresas que atuavam nele. As alterações, porém, não ocorreram.

O analista do Santander Henrique Navarro explica que uma das mudanças que não ocorreram foi o governo colocar um teto no valor do MDR, a taxa líquida de desconto cobrada dos lojistas pelas operadoras de meios de pagamento eletrônicos. O MDR é um percentual sobre os pagamentos feitos na loja, partilhado entre o banco emissor do cartão, a bandeira e o adquirente, que é a empresa dona da maquininha. Outra mudança temida, mas nunca efetivada, era a obrigação de que o estabelecimento comercial recebesse à vista. “Para que isso seja possível, é necessário que alguém financie o consumidor. Ou seja, o banco passaria a cobrar juros do cliente pelo parcelamento”, diz Navarro.

O analista diz não ter acreditado, à época, que o governo fosse capaz de tais medidas, uma vez que seu interesse não era apenas beneficiar os lojistas, mas também desenvolver o mercado de cartões. “O crescimento desse mercado gera aquecimento na economia e reduz a evasão fiscal, as fraudes”, observa Navarro. Mas antes que qualquer mudança pudesse ser implementada, diz ele, o próprio setor agiu. “Em um dado momento criou-se o consenso de que deveria haver uma espécie de autorregulação”, observa.

Com isso, os próprios participantes do mercado – Cielo e Redecard – terminaram com a exclusividade, que fazia com que cartões Visa só fossem aceitos nas máquinas da Cielo e que cartões Mastercard só funcionassem nas máquinas Redecard. A partir de então, ambas as máquinas passaram a aceitar as duas bandeiras. “Na prática, isso queria dizer que os estabelecimentos poderiam ter apenas uma máquina. Houve, por isso, uma leve guerra de preços, que até baixou o percentual de MDR e o aluguel da máquina. O governo se deu por satisfeito”, diz Navarro.


O término da exclusividade acendeu outro temor, o de a concorrência poderia representar mais risco, o que derrubaria as receitas das duas empresas. “Acontece que com o crescimento do uso de cartões, os estabelecimentos que fossem ficando mais movimentados teriam que ter mais de uma maquininha”, completa o analista.

Com o fim do risco regulatório, a Cielo teve espaço para brilhar em 2011, ano em que o Ibovespa fechou com queda de 18%, castigado pela crise internacional. Cielo e Redecard, por sua vez, tiveram o melhor desempenho na Bolsa naquele ano, com alta de 50% cada uma. “A Cielo era uma empresa de múltiplos baixos na época, com pouca necessidade de capital e algo como 60% do mercado”, lembra Navarro.

Futuro incerto

Desde o início do ano, os papéis da Cielo valorizaram 33,82%, contra 2,30% do Ibovespa e 6,80% do CDI no mesmo período. O futuro da empresa, no entanto, é incerto desde que a Redecard fechou seu capital e depois que o governo iniciou sua cruzada contra as altas taxas de juros dos cartões de crédito e outras cobranças dos bancos. No final de setembro, mesma época da saída da Redecard da Bolsa, os papéis da Cielo sofreram uma correção para baixo em meio a um novo risco regulatório.

Com o combate do governo às altas taxas de juros e tarifas bancárias, os bancos poderiam vir a cobrar os lojistas por parcelamentos ou mesmo exigir uma redução do número de parcelas, por exemplo. Com isso, muitos analistas esperam um impacto negativo sobre o mercado de cartões e os resultados das empresas de meios de pagamento.

Analistas do BTG Pactual, por exemplo, recentemente mudaram a recomendação de “compra” para “neutro” em função desse movimento, prevendo que a conta da redução de juros possa sobrar também para as credenciadoras. Este também foi um dos motivos que levaram a Citi Corretora a recomendar a venda das ações da Cielo e considerar que seu potencial de lucratividade pode não ser o mesmo dos últimos anos. Ambas as corretoras também consideram os papéis da empresa caros.

Existe ainda a noção de que, após fechar seu capital, a Redecard tenha se tornado um concorrente mais difícil, que vai tomar participação de mercado da Cielo. Mas esse pessimismo é fruto de incertezas e não é generalizado. O HSBC, por exemplo, continua otimista em relação ao desempenho das ações da Cielo para este ano e recomenda “compra”. O próprio Santander, que chegou a recomendar “venda”, retornou sua recomendação para “neutra”.

“Chegamos a recomendar a venda, mas achamos que a ação ficou mais barata quando houve essa correção”, diz Henrique Navarro, referindo-se à desvalorização das ações no fim de setembro. “Mudamos nossa recomendação para ‘manter’, pois temos uma expectativa de aumento, mas que ainda não é forte o suficiente para recomendarmos uma compra. Mas para o longo prazo, a Cielo converge para níveis melhores de precificação, aí sim seria ‘compra’”, diz o analista.

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