Votorantim Private, diversificar para compensar juros menor
Cenário atual não é menos complexo para o investidor, avalia Odair Abate, economista e estrategista-chefe do Votorantim Private Bank
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2013 às 15h34.
São Paulo - Acabaram-se os riscos dos choques, intervenções e pacotes econômicos. Mas, nem por isso, o cenário atual é menos complexo para o investidor, avalia Odair Abate, economista e estrategista-chefe do Votorantim Private Bank. “Ou o cliente se satisfaz com juros mais baixos, apesar de competitivos em termos internacionais, ou terá de correr mais riscos, alongando prazos na renda fixa prefixada ou pós-fixada, ou ainda indo para o crédito privado ou para a bolsa de valores”, diz.
Incentivos fiscais
Outra saída é buscar incentivos fiscais, como aplicações isentas de imposto de renda, caso dos fundos e ativos imobiliários ou de infraestrutura. Mas aí há outros riscos, como o de liquidez. “Nem todos os fundos imobiliários têm negócios em bolsa suficientes para o investidor entrar e sair como nos fundos DI”, alerta Abate.
Custo de vida maior para alta renda
O investidor está desconfortável com o juro menor e tende a olhar mais o ganho real, acima da inflação, observa o estrategista. O problema é que, para as pessoas de renda mais alta, o IPCA, hoje em torno de 6% ao ano, não reflete perfeitamente a variação do custo de vida. “Na alta renda, o peso dos serviços é maior, o que daria uma inflação em torno de 8,5% ao ano, e é muito difícil obter esse retorno hoje sem correr mais risco”, afirma o estrategista.
Ganho abaixo da inflação
Hoje, com os juros em 7,25% ao ano, o retorno da maioria das aplicações de renda fixa com os juros de 7,25% ao ano já está abaixo da inflação depois de descontado o imposto de renda, mesmo usando o IPCA como referência. E isso deve continuar acontecendo por vários meses.
Alongamento e proteção na indexação
Nesse cenário, aplicações em papéis prefixados precisam ser mais longas para compensar o prêmio menor. Já os títulos indexados à inflação, como as NTN-Bs do Tesouro, trazem uma garantia extra. “Papéis mais longos, com juros de 3% ao ano mais a variação do IPCA, representam um ganho razoável, e protegem contra surpresas da inflação”, diz Abate.
Mas o fundamental é repensar o perfil de risco das aplicações, destaca o estrategista, que nota um maior interesse pelos fundos multimercados, fundos imobiliários e por títulos privados. Outra opção é, à medida que o juro cai, olhar para a bolsa de valores.
Fundos imobiliários
No caso dos fundos imobiliários, há o interesse pela isenção de imposto sobre a rentabilidade para pessoas físicas. “Além disso, o cliente vê a aplicação como algo seguro, que garante a preservação do principal em um ativo real com algum ganho acima da inflação”, diz Abate. “Mas não temos lançamentos suficientes para toda a demanda e, quando houver, a tendência é os preços dos imóveis cair”, diz. Há ainda os problemas de liquidez, que podem ser amenizados com a compra de vários vencimentos e a diversificação.
Bolsa pode melhorar este ano
Com relação à bolsa, a expectativa do estrategista é de que o Índice Bovespa supere os juros, atingindo talvez 150% do CDI, ou uns 11% no ano. Com isso, o Ibovespa sairia dos 60 mil pontos atuais para 67 mil pontos.
Mas, com a recuperação da China se confirmando e os Estados Unidos resolvendo seus problemas fiscais, o índice pode subir ainda mais, já que seus principais papéis são ligados ao mercado internacional, observa Abate. A bolsa brasileira também ficou atrasada em relação às de outros países e o dólar subiu no ano passado, o que torna o Ibovespa mais barato para os estrangeiros.
Menor intervenção do governo?
Além disso, a gasolina vai subir este ano, o que vai beneficiar a Petrobras, e o governo já fez as mudanças que tinha de fazer nos setores estratégicos, o que deve significar menor intervenção nas empresas, acredita Abate. Ele cita ainda o nível de emprego elevado, o crédito aquecido e a confiança dos investidores melhorando em um ambiente de juros baixos como fatores que vão beneficiar as empresas.
Carteira sugerida
A sugestão de Abate é colocar 10% dos recursos em bolsa, 15% em multimercados distribuídos nas categorias arbitragem, equity hedge e macro, 20% em ativos ligados à inflação e 10% em prefixados de longo prazo. Nos outros 45%, 30% podem ficar em caixa, ou seja, em fundos com liquidez diária, como fundos DI ou crédito de baixo risco. E os 15% restantes podem ir para títulos privados ou alternativas imobiliárias. “É importante ter um bom caixa para aproveitar as oportunidades eventuais”, diz.
São Paulo - Acabaram-se os riscos dos choques, intervenções e pacotes econômicos. Mas, nem por isso, o cenário atual é menos complexo para o investidor, avalia Odair Abate, economista e estrategista-chefe do Votorantim Private Bank. “Ou o cliente se satisfaz com juros mais baixos, apesar de competitivos em termos internacionais, ou terá de correr mais riscos, alongando prazos na renda fixa prefixada ou pós-fixada, ou ainda indo para o crédito privado ou para a bolsa de valores”, diz.
Incentivos fiscais
Outra saída é buscar incentivos fiscais, como aplicações isentas de imposto de renda, caso dos fundos e ativos imobiliários ou de infraestrutura. Mas aí há outros riscos, como o de liquidez. “Nem todos os fundos imobiliários têm negócios em bolsa suficientes para o investidor entrar e sair como nos fundos DI”, alerta Abate.
Custo de vida maior para alta renda
O investidor está desconfortável com o juro menor e tende a olhar mais o ganho real, acima da inflação, observa o estrategista. O problema é que, para as pessoas de renda mais alta, o IPCA, hoje em torno de 6% ao ano, não reflete perfeitamente a variação do custo de vida. “Na alta renda, o peso dos serviços é maior, o que daria uma inflação em torno de 8,5% ao ano, e é muito difícil obter esse retorno hoje sem correr mais risco”, afirma o estrategista.
Ganho abaixo da inflação
Hoje, com os juros em 7,25% ao ano, o retorno da maioria das aplicações de renda fixa com os juros de 7,25% ao ano já está abaixo da inflação depois de descontado o imposto de renda, mesmo usando o IPCA como referência. E isso deve continuar acontecendo por vários meses.
Alongamento e proteção na indexação
Nesse cenário, aplicações em papéis prefixados precisam ser mais longas para compensar o prêmio menor. Já os títulos indexados à inflação, como as NTN-Bs do Tesouro, trazem uma garantia extra. “Papéis mais longos, com juros de 3% ao ano mais a variação do IPCA, representam um ganho razoável, e protegem contra surpresas da inflação”, diz Abate.
Mas o fundamental é repensar o perfil de risco das aplicações, destaca o estrategista, que nota um maior interesse pelos fundos multimercados, fundos imobiliários e por títulos privados. Outra opção é, à medida que o juro cai, olhar para a bolsa de valores.
Fundos imobiliários
No caso dos fundos imobiliários, há o interesse pela isenção de imposto sobre a rentabilidade para pessoas físicas. “Além disso, o cliente vê a aplicação como algo seguro, que garante a preservação do principal em um ativo real com algum ganho acima da inflação”, diz Abate. “Mas não temos lançamentos suficientes para toda a demanda e, quando houver, a tendência é os preços dos imóveis cair”, diz. Há ainda os problemas de liquidez, que podem ser amenizados com a compra de vários vencimentos e a diversificação.
Bolsa pode melhorar este ano
Com relação à bolsa, a expectativa do estrategista é de que o Índice Bovespa supere os juros, atingindo talvez 150% do CDI, ou uns 11% no ano. Com isso, o Ibovespa sairia dos 60 mil pontos atuais para 67 mil pontos.
Mas, com a recuperação da China se confirmando e os Estados Unidos resolvendo seus problemas fiscais, o índice pode subir ainda mais, já que seus principais papéis são ligados ao mercado internacional, observa Abate. A bolsa brasileira também ficou atrasada em relação às de outros países e o dólar subiu no ano passado, o que torna o Ibovespa mais barato para os estrangeiros.
Menor intervenção do governo?
Além disso, a gasolina vai subir este ano, o que vai beneficiar a Petrobras, e o governo já fez as mudanças que tinha de fazer nos setores estratégicos, o que deve significar menor intervenção nas empresas, acredita Abate. Ele cita ainda o nível de emprego elevado, o crédito aquecido e a confiança dos investidores melhorando em um ambiente de juros baixos como fatores que vão beneficiar as empresas.
Carteira sugerida
A sugestão de Abate é colocar 10% dos recursos em bolsa, 15% em multimercados distribuídos nas categorias arbitragem, equity hedge e macro, 20% em ativos ligados à inflação e 10% em prefixados de longo prazo. Nos outros 45%, 30% podem ficar em caixa, ou seja, em fundos com liquidez diária, como fundos DI ou crédito de baixo risco. E os 15% restantes podem ir para títulos privados ou alternativas imobiliárias. “É importante ter um bom caixa para aproveitar as oportunidades eventuais”, diz.