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Votação da Brasil Foods é retomada; ações indicam aprovação

Um dia antes de o Cade analisar fusão, a ação da empresa subiu pela primeira vez em dez dias de sucessivas quedas

Maior exportadora mundial de frangos, a Brasil Foods é dona de 45 marcas e tem 90% de participação em alguns mercados (Ana Nascimento/AGÊNCIA BRASIL)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2011 às 09h29.

São Paulo e Brasília - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica volta a julgar hoje o caso da BRF - Brasil Foods SA, em que analisa a compra da Sadia SA por R$ 8,76 bilhões em 2009. A ação subiu ontem pela primeira vez em dez dias após acumular queda de 18 por cento no mês.

A Brasil Foods, com sede em São Paulo, ofereceu renegociar o acordo com os reguladores na tentativa de garantir a operação que criou o maior exportador mundial de frango em julho de 2009. Nesta semana o diretor-presidente da companhia, José Antonio do Prado Fay, pediu ao Cade mais tempo para discutir a operação, depois que dois dos cinco conselheiros que analisam o caso votaram pela rejeição da fusão, em 8 de junho.

O pedido de Fay levou investidores a apostarem que a Brasil Foods pode evitar a rejeição de fusão ao aceitar a venda de algumas marcas como as pizzas congeladas da Sadia ou as salsichas Perdigão, disse Flávio Barros, que administra cerca de R$ 300 milhões na Grau Gestão de Ativos em São Paulo. A ação fechou em alta de 1,6 por cento ontem na BM&F Bovespa, após perder US$ 2,2 bilhões em valor de mercado desde 31 de maio.

“Uma operação que foi amplamente amparada pelo governo brasileiro tem poucas chances de ser totalmente rejeitada”, disse Barros em entrevista por telefone em 13 de junho. “Eles provavelmente serão forçados a vender alguns negócios, como pizza congelada. Vão-se os anéis, ficam os dedos.”

O Cade julga o caso quase dois anos após a compra ter sido concluída. A Brasil Foods foi formada quando a Perdigão comprou a Sadia em 2009, depois de a rival ter perdido mais de R$ 3 bilhões com apostas erradas em derivativos de câmbio em decorrência da quebra do Lehman Brothers Holding Inc. em 2008.

‘Insegurança jurídica’

A lei de 1993 permite que empresas se juntem antes da aprovação dos reguladores, que podem posteriormente cancelar a operação. Um projeto de lei enviado ao Congresso pelo ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2009 eliminaria este risco ao exigir a aprovação dos reguladores antes da união ocorrer. O projeto ainda não foi votado.

“Há uma insegurança jurídica que cria um risco inimaginável para esses negócios”, disse o líder da oposição e senador do Democratas por Goiás, Demóstenes Torres, em 8 de junho em entrevista por telefone de Brasília. “Precisamos de uma legislação às claras que proteja a concorrência ao mesmo tempo em que evite problemas do tipo.”

A companhia tem poder de mercado suficiente para elevar preços sem perder clientes, disse o conselheiro do Cade e relator do caso da Brasil Foods, Carlos Ragazzo, em 8 de junho. A empresa é dona de 45 marcas e tem 90 por cento de participação em alguns mercados.


Maiores fatias em mercados

A Brasil Foods é responsável por 78 por cento das vendas de pizza congelada no País, 62 por cento de margarinas e 69 por cento de carne congelada, segundo relatório anual da Brasil Foods, citando dados compilados pela empresa de pesquisa de mercado Nielsen Co.

A companhia divulgou redução de custos de R$ 187 milhões no ano passado com a compra da Sadia. A companhia não disse o quanto espera ganhar nos próximos anos.

“A aprovação pode envolver restrições duras, como a venda das marcas Sadia ou Perdigão”, disse Cauê Pinheiro, analista da SLW Corretora, que está revisando a recomendação da ação, em entrevista por telefone de São Paulo em 13 de junho. “Todas aquelas sinergias esperadas com a fusão não devem se realizar.”

Em 2010, a Brasil Foods teve receita líquida de R$ 22,7 bilhões. Cerca de 60 por cento das vendas vêm do Brasil, o restante é obtido em 140 países.

Quatro vezes

A Brasil Foods tem 41 centros de distribuição, 63 fábricas, sendo uma na Argentina, duas na Europa e o restante no Brasil, assim como 113.000 funcionários, segundo informações de seu website.

O lucro da fabricante de hambúrgueres e almôndegas aumentou quase quatro vezes em 2010, para R$ 804 milhões, disse a empresa em 24 de março. A margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ou Ebitda, na sigla em inglês, mais que dobrou no último ano, de 5,6 por cento para 12 por cento. O Ebitda é uma medida de fluxo de caixa.

A companhia é controlada pelos fundos de pensão dos funcionários do Banco do Brasil SA, Previ, e da Petróleo Brasileiro SA, Petros, que detêm, respectivamente, 12,7 por cento e 10 por cento das ações da Brasil Foods. A BNDESPar, subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, tem participação de 2,5 por cento na empresa.

“Isso pode terminar nos tribunais”, disse Henrique Ribas, analista da Planner Corretora de Valores, em entrevista por telefone em 13 de junho. Ribas está revisando sua recomendação para a ação. “Todo esse negocio com o Cade é um passo para trás para a companhia.”

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A Brasil Foods, com sede em São Paulo, ofereceu renegociar o acordo com os reguladores na tentativa de garantir a operação que criou o maior exportador mundial de frango em julho de 2009. Nesta semana o diretor-presidente da companhia, José Antonio do Prado Fay, pediu ao Cade mais tempo para discutir a operação, depois que dois dos cinco conselheiros que analisam o caso votaram pela rejeição da fusão, em 8 de junho.

O pedido de Fay levou investidores a apostarem que a Brasil Foods pode evitar a rejeição de fusão ao aceitar a venda de algumas marcas como as pizzas congeladas da Sadia ou as salsichas Perdigão, disse Flávio Barros, que administra cerca de R$ 300 milhões na Grau Gestão de Ativos em São Paulo. A ação fechou em alta de 1,6 por cento ontem na BM&F Bovespa, após perder US$ 2,2 bilhões em valor de mercado desde 31 de maio.

“Uma operação que foi amplamente amparada pelo governo brasileiro tem poucas chances de ser totalmente rejeitada”, disse Barros em entrevista por telefone em 13 de junho. “Eles provavelmente serão forçados a vender alguns negócios, como pizza congelada. Vão-se os anéis, ficam os dedos.”

O Cade julga o caso quase dois anos após a compra ter sido concluída. A Brasil Foods foi formada quando a Perdigão comprou a Sadia em 2009, depois de a rival ter perdido mais de R$ 3 bilhões com apostas erradas em derivativos de câmbio em decorrência da quebra do Lehman Brothers Holding Inc. em 2008.

‘Insegurança jurídica’

A lei de 1993 permite que empresas se juntem antes da aprovação dos reguladores, que podem posteriormente cancelar a operação. Um projeto de lei enviado ao Congresso pelo ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2009 eliminaria este risco ao exigir a aprovação dos reguladores antes da união ocorrer. O projeto ainda não foi votado.

“Há uma insegurança jurídica que cria um risco inimaginável para esses negócios”, disse o líder da oposição e senador do Democratas por Goiás, Demóstenes Torres, em 8 de junho em entrevista por telefone de Brasília. “Precisamos de uma legislação às claras que proteja a concorrência ao mesmo tempo em que evite problemas do tipo.”

A companhia tem poder de mercado suficiente para elevar preços sem perder clientes, disse o conselheiro do Cade e relator do caso da Brasil Foods, Carlos Ragazzo, em 8 de junho. A empresa é dona de 45 marcas e tem 90 por cento de participação em alguns mercados.


Maiores fatias em mercados

A Brasil Foods é responsável por 78 por cento das vendas de pizza congelada no País, 62 por cento de margarinas e 69 por cento de carne congelada, segundo relatório anual da Brasil Foods, citando dados compilados pela empresa de pesquisa de mercado Nielsen Co.

A companhia divulgou redução de custos de R$ 187 milhões no ano passado com a compra da Sadia. A companhia não disse o quanto espera ganhar nos próximos anos.

“A aprovação pode envolver restrições duras, como a venda das marcas Sadia ou Perdigão”, disse Cauê Pinheiro, analista da SLW Corretora, que está revisando a recomendação da ação, em entrevista por telefone de São Paulo em 13 de junho. “Todas aquelas sinergias esperadas com a fusão não devem se realizar.”

Em 2010, a Brasil Foods teve receita líquida de R$ 22,7 bilhões. Cerca de 60 por cento das vendas vêm do Brasil, o restante é obtido em 140 países.

Quatro vezes

A Brasil Foods tem 41 centros de distribuição, 63 fábricas, sendo uma na Argentina, duas na Europa e o restante no Brasil, assim como 113.000 funcionários, segundo informações de seu website.

O lucro da fabricante de hambúrgueres e almôndegas aumentou quase quatro vezes em 2010, para R$ 804 milhões, disse a empresa em 24 de março. A margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ou Ebitda, na sigla em inglês, mais que dobrou no último ano, de 5,6 por cento para 12 por cento. O Ebitda é uma medida de fluxo de caixa.

A companhia é controlada pelos fundos de pensão dos funcionários do Banco do Brasil SA, Previ, e da Petróleo Brasileiro SA, Petros, que detêm, respectivamente, 12,7 por cento e 10 por cento das ações da Brasil Foods. A BNDESPar, subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, tem participação de 2,5 por cento na empresa.

“Isso pode terminar nos tribunais”, disse Henrique Ribas, analista da Planner Corretora de Valores, em entrevista por telefone em 13 de junho. Ribas está revisando sua recomendação para a ação. “Todo esse negocio com o Cade é um passo para trás para a companhia.”

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