Analistas preveem desempenho positivo de ações do varejo na Bolsa
Além do otimismo econômico, a adoção de novas estratégias de vendas, especialmente por meio de plataformas digitais, também devem gerar retornos às empresas
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de janeiro de 2019 às 09h44.
Última atualização em 12 de janeiro de 2019 às 09h45.
São Paulo - Os analistas estão otimistas com o desempenho das ações das empresas do setor de varejo em 2019. Eles apontam o crescimento econômico como o principal impulsionador dos resultados do segmento e, consequentemente, dos papéis na Bolsa.
Mas, além disso, a adoção de novas estratégias de vendas, especialmente por meio de plataformas digitais, também devem gerar retornos às varejistas.
Para Ricardo Peretti, estrategista de pessoa física da Santander Corretora, o ambiente macroeconômico estará mais propício ao consumo neste ano.
"Projetamos alta de 3% para o consumo das famílias neste ano, após um 2018 com greve dos caminhoneiros no primeiro semestre e incerteza eleitoral no segundo semestre". O Santander aponta Lojas Renner, Pão de Açúcar e CVC como as melhores opções dentro do segmento.
Betina Roxo, analista de consumo, alimentos e bebidas da XP Investimentos, lembra que as vendas no varejo crescem entre 1,5 e 2 vezes o ritmo do PIB, até mais em períodos de recuperação mais forte, e que este ano deve ser muito positivo para o segmento. "Preferimos B2W, Lojas Americanas e Via Varejo no setor", diz.
"As empresas do setor trabalham firme na implantação de plataformas digitais que permitem melhorar toda a cadeia de processos, com agilidade e menores custos. O Magazine Luiza está à frente neste processo e já capturou os benefícios, mas outras novidades deverão vir pela frente", diz Mario Mariante, analista da Planner. Além de Magazine Luiza, ele cita Arezzo, Lojas Renner e Lojas Americanas como possíveis destaques do setor.
Sandra Peres, analista da Coinvalores, menciona o maior poder de compra do consumidor por conta da menor inflação, além das expectativa de melhora no mercado de trabalho. Para a corretora, os destaques devem ser Lojas Renner, Magazine Luiza, Natura e Pão de Açúcar.
A equipe da Nova Futura também tem perspectiva otimista. "Além da melhora no crédito, a valorização do real ante o dólar deve impactar positivamente os segmentos com alto coeficiente de importação", dizem os analistas.
Entre as carteiras recomendadas para a próxima semana, o setor de varejo também está bem presente. Na Guide Investimentos, a única alteração na carteira é a saída de Lojas Renner ON e a entrada de Pão de Açúcar PN.
Segundo os analistas, o Grupo Pão de Açúcar tem mostrado sinais de recuperação mais acelerada, apoiado pelo forte desempenho da rede Assaí.
A Mirae incluiu Lojas Americanas ON e B3 ON, com a saída de Banco do Brasil ON e BRF ON. No caso da Lojas Americanas, a corretora cita a expectativa de recuperação da economia local em 2019, além dos resultados positivos do terceiro trimestre de 2018.
No que diz respeito à B3, a Mirae menciona a prévia operacional do mês de dezembro, com crescimento de 50,3% no volume médio diário no segmento Bovespa. "A expectativa para 2019 é positiva, pois devemos verificar aumento de volume nos negócios da B3", diz a Mirae.
A Modalmais promoveu três alterações na carteira, com as entradas de Vale ON, B3 ON e Embraer ON, e as saídas de Ultrapar ON, Kroton ON e Localiza ON.
A Nova Futura trocou quase toda a carteira. Ambev ON é a única que não foi trocada. Saíram Cosan ON, Estácio ON, JBS ON e AES Tietê Unit. Entraram Copel PNB, Weg ON, Vale ON e Hypera ON.
Mercado vê alta
Mesmo após acumular ganhos de 1,98% na segunda semana do ano, o otimismo segue conduzindo as apostas para os próximos cinco pregões do Ibovespa.
É o que mostra o Termômetro Broadcast Bolsa, onde a parcela de profissionais do mercado financeiro que espera alta chegou a 73,08% frente aos 54,84% coletados no fim do mês passado.
Ao mesmo tempo, o porcentual dos que esperam por uma baixa chegou ao menor nível em oito medições: 7,69% ante 12,90% registrados no último questionário referente à expectativa para as sessões de negócios entre os dias 26 e 28 de dezembro.
O Termômetro Broadcast Bolsa tem por objetivo captar o sentimento de operadores, analistas e gestores para o comportamento do Ibovespa na semana seguinte.
A divulgação de indicadores ligados à atividade doméstica está no radar dos investidores que vão verificar o ritmo de aquecimento da economia brasileira no final de 2018 e a dimensão do que pode ser "carregado" para este ano.
O IBGE divulga dados de novembro sobre o varejo e sobre serviços e o Banco Central revela o IBC-Br, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), também relativo ao décimo primeiro mês de 2018.
No exterior, tem início a temporada de balanços, com principais bancos dos Estados Unidos, como Goldman Sachs e J.P.Morgan, divulgando resultados.
Agentes avaliam ainda os dados da balança comercial da China em meio à falta de definições mais concretas em torno das negociações comerciais sino-americanas.
Por outro lado, analistas do Bradesco, em relatório, dizem que a manutenção do tom gradualista da política monetária pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) pode ser positivo. "Ajustamos, inclusive, nossa expectativa de elevações do Fed Funds, de duas para uma."