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Varejo de moda: como devem se comportar 5 ações em tempos turbulentos, segundo o BTG Pactual

Embora o curto prazo continue desafiador para a maioria das empresas, há ventos favoráveis à frente, dizem analistas do banco

Centauro: CEO dá foco ao retorno da rentabilidade (Bússola/Divulgação)
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 27 de junho de 2023 às 15h09.

Última atualização em 27 de junho de 2023 às 16h32.

O varejo de vestuário vive um momento turbulento. Em 2022, o setor viu a produção têxtil cair 13% ante 2021 e a produção de vestuário, 8%. As vendas cresceram 14%, mas basicamente tudo isso foi aumento de preço, dado que os volumes vendidos ainda ficaram 0,5% menores.

Agora, em 2023, o ano também começou complexo e o foco está em quem vai conseguir absorver oportunidades do segundo semestre. Por isso, a equipe de research do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) convidou cinco CEOs do setor para falar sobre a resiliência de suas operações em tempos de turbulência: Arezzo, Lojas Renner, C&A, SBF (Centauro) e Track &Field.

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De acordo com os analistas, há cinco principais tendências que impulsionam o debate no setor: consolidação; atividade de fusões e aquisições e fechamento de lojas por empresas menores; desaceleração da inflação, reduzindo a pressão sobre os resultados de curto prazo; aumento da penetração dos modelos online e omnichannel e o impacto resultante nas margens, bem como o papel das vendas sociais; concorrência de players internacionais, especialmente nativos digitais (enquanto há um escrutínio crescente sobre os impostos pagos por esses players); e os players mais expostos a consumidores de alta renda ainda apresentam um desempenho superior nos próximos meses.

"A mensagem principal é a seguinte: embora o curto prazo continue desafiador para a maioria dos players (especialmente aqueles mais expostos a consumidores de renda média/baixa), há ventos favoráveis à frente, com sinais de melhoria na demanda em junho, inflação mais baixa e potencial redução das taxas de juro e dos custos de matérias-primas, levando a margens mais saudáveis no setor nos próximos trimestres", escreve o time do BTG Pactual.

Arezzo (ARZZ3)

Segundo os executivos da Arezzo, o primeiro trimestre foi mais complexo depois de um segundo semestre de 2022 muito forte. Por isso a empresa está tomando medidas proativas, incluindo redução de custos corte e racionalização de investimentos, enquanto a empresa almeja alcançar um nível de capital de giro normalizado até o final do ano.

Além disso, todas as marcas devem apresentar desempenho forte no segundo trimestre e, com o início do processo de sell-in (venda para os lojistas), as perspectivas para o terceiro trimestre de 2023 também são positivas. A empresa também está se beneficiando dos preços globais mais baixos de plásticos e couro (matéria-prima), juntamente com a implementação de marcação de preço mais alta, que deve sustentar as margens brutas ao longo do ano.

C&A (CEAB3)

Pelas informações do CEO, Paulo Correa, o segundo trimestre ainda deve ser difícil devido a fatores relacionados ao clima, especificamente o final do inverno, resultando em um desempenho lento em abril e maio, além de comparações difíceis devido ao início do inverno no ano anterior.

Apesar desses contratempos de curto prazo, a C&A tem pela frente ventos favoráveis e continua confiante em seus planos estratégicos de longo prazo traçados durante o IPO, como o e-commerce e formatos diferentes de lojas. "Mas eles reconhecem que a pandemia e o ambiente de altas taxas de juro impediram seu progresso. Ao comparar suas projeções iniciais de IPO com a situação atual, a C&A apontou inicialmente para 150 aberturas de lojas, mas conseguiu 50 até o momento", observa o BTG Pactual.

Além disso, sua meta logística de atingir 40% de vendas por meio do modelo push-pull atingiu 25% até agora. Por fim, a penetração das vendas a crédito é de 20% ante uma meta de 40% das vendas.

Grupo SBF (Centauro e Nike;SBFG3)

O CEO Pedro Zemel disse aos analistas do BTG Pactual que o foco principal é a rentabilidade da Centauro e da Fisia (Nike). Para a Centauro, a administração expressou seus esforços para retornar aos níveis de rentabilidade vistos em 2019. Para isso, eles estão priorizando a melhoria da eficiência das lojas. Embora reconheça o potencial para expandir sua presença, a empresa deve primeiro se concentrar em melhorar a experiência geral da loja por meio de melhor sortimento, merchandising visual e posicionamento de preço.

Quanto às operações da Fisia, a SBF acredita que está no caminho certo em termos de economia unitária em seus canais de distribuição e vê oportunidades de melhorias adicionais no capital de giro, principalmente por meio da otimização de estoques e compras. A SBF também espera se beneficiar de uma cadeia de suprimentos mais previsível à medida que a Nike normaliza sua produção e logística.

Track&Field (TFCO4)

Na conversa com o CEO Frederico Wagner, as principais tendências da empresa nos trimestres anteriores foram reforçadas, escreve a equipe comandanda por Luiz Guanais, do BTG Pactual. A empresa continua apresentando resultados fortes em suas lojas próprias e franquias, e seu foco continua sendo a renovação de sua rede (aumentando a produtividade), a conversão de lojas para o formato Experience e a expansão por meio do formato de franquia, que, segundo eles, oferece quase o dobro do ROIC (retorno sobre o capital investido) em comparação com as lojas próprias. Apesar do ambiente de alta taxa de juro, a Track&Field ainda vê uma forte demanda por novas franquias, com uma expansão de 10% na área de varejo esperada para este ano. Questionada sobre a verticalização da produção, a administração afirmou que 10% da produção é internalizada e eles pretendem manter esse nível. Atualmente, estão operando com níveis ligeiramente mais altos de estoque devido ao período da pandemia.

Lojas Renner (LREN3)

Fabio Faccio, CEO da Renner, comentou sua visão para o ano. Apesar de um trimestre difícil no segundo trimestre de 2023, isso deve ser seguido por uma perspectiva melhor para a segunda metade do ano, com sinais de melhoria na demanda em junho, inflação e taxas de juro mais baixas e custos mais baixos de matérias-primas. Além disso, iniciativas bottom-up também devem ajudar a rentabilidade, como a otimização das equipes de TI e a redução dos custos duplicados da migração do centro de distribuição. A empresa concluiu seu centro de distribuição em São Paulo, resultando em ganhos nos indicadores logísticos e no aumento das entregas do comércio eletrônico em até dois dias (de 20% em 2019 para 48% em 2022).

Em relação às operações de financiamento ao consumidor da Realize, eles também veem melhores perspectivas para o final do ano, com taxas de inadimplência melhorando gradualmente (embora ainda mais altas do que os níveis históricos). Em termos de expansão, a administração mantém sua visão de que lojas de rua e localidades no interior devem ser positivas em termos de retorno, com períodos de rampa mais curtos e custos de aluguel mais baixos.

Conforme mencionado em seu Investor Day em maio, a empresa planeja otimizar sua base de lojas maduras (atualmente representando 82% do total), renovando as lojas com baixo desempenho e fechando as localidades de pior desempenho, potencialmente melhorando a margem de Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em até 3,5 pontos percentais nos próximos anos.

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