Unilever desiste de vender divisão de sorvetes para fundos e aposta em spin-off
Grupo opta por separar marcas como Ben & Jerry’s e Magnum em uma listagem independente após dificuldades em atrair investidores privados
Redator na Exame
Publicado em 21 de novembro de 2024 às 07h20.
Unilever decidiu abandonar os planos de venda de sua divisão de sorvetes, avaliada entre €10 bilhões (€60,9 bilhões) e €15 bilhões (€91,35 bilhões), para grupos de private equity. Em vez disso, a empresa focará em separar o setor como uma entidade independente por meio de um spin-off, medida que faz parte do plano de reestruturação liderado pelo CEO Hein Schumacher. As informações são do Financial Times.
O grupo, que havia anunciado a separação do setor em março, tentou atrair investidores interessados na divisão, responsável por cerca de 16% das vendas totais da companhia. Contudo, o tamanho da operação e a complexidade da cadeia de suprimentos do negócio desmotivaram potenciais compradores, segundo fontes próximas à negociação.
Motivos para o abandono da venda
A estrutura logística do setor de sorvetes, marcada pela sazonalidade e pela necessidade de refrigeração em larga escala, foi apontada como um dos principais desafios. Além disso, a performance operacional da divisão, mesmo com crescimento recente, e a reputação politicamente ativa de marcas como Ben & Jerry’s, também pesaram na decisão.
No mês passado, a Ben & Jerry’s entrou com uma ação judicial contra a Unilever em Nova York, alegando interferência na independência de sua diretoria e restrições relacionadas a suas declarações públicas de apoio a refugiados palestinos.
Ainda assim, o desempenho da divisão de sorvetes no terceiro trimestre foi notável. As vendas cresceram 9,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, superando as expectativas de mercado, que apontavam para 4,3%.
Turnaround da Unilever
A separação da divisão de sorvetes é parte de um plano mais amplo de Schumacher, que também inclui a eliminação de 7.500 postos de trabalho, principalmente na Europa, para tornar a operação mais eficiente e competitiva. Schumacher reiterou que o spin-off é a alternativa mais provável, mas afirmou que a Unilever seguirá explorando opções que tragam valor aos acionistas. A separação deve ser concluída até o final de 2024.
A estratégia reflete movimentos anteriores do grupo, como a venda da divisão de margarinas para a KKR em 2017, por €7 bilhões (€42,63 bilhões), e do setor de chás para a CVC, por €4,5 bilhões (€27,41 bilhões), em 2021. Fontes ligadas ao processo sugerem que o recente fortalecimento do mercado de IPOs, impulsionado pela eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, pode beneficiar os planos da Unilever para listar a nova empresa.