Jerome Kerviel, operador do SocGen, foi apontado como o culpado de montar estratégias não autorizadas que levaram a perdas de 6 bilhões de dólares (.)
Da Redação
Publicado em 23 de junho de 2010 às 11h53.
São Paulo - O dia era segunda-feira, 21 de janeiro de 2008. Os mercados europeus iniciaram o dia em pânico, com uma queda superior a 6%. No mesmo dia, as ações do segundo maior banco francês, Société Générale, despencavam mais de 8%. Mas o que ninguém sabia ainda era o que estava acontecendo dentro da tesouraria do banco francês. Durante três dias, o banco passou a liquidar operações que quase o levaram à falência.
Jerome Kerviel, operador do SocGen, foi apontado como o culpado de montar estratégias não autorizadas que levaram a perdas de 6 bilhões de dólares. Segundo o banco, as operações foram "elaboradas e fictícias". Kerviel chegou a ser chamado de terrorista pelo então CEO da instituição, Daniel Bouton. Atualmente, ele é mais associado ao termo "trapaceiro".
O operador está hoje no banco dos réus em Paris, acusado de abusar da confiança, falsificação de documentos e por alterações no sistema de computadores do banco para esconder as posições que excediam as suas responsabilidades. Foi a maior perda atribuída à apenas um operador em toda a história. O feito ultrapassou a perda de 1,4 bilhão de dólares de Nick Leeson, que vitimou o banco britânico Barings, em 1995.
No início do julgamento, que tem duração de três semanas e deve se encerrar no próximo dia 25 de junho, o operador disse ter sido pressionado e encorajado pelos superiores. "Em determinados momentos era extremo ... cansativo, fisicamente", afirmou. Ele disse que chegava ao banco às 7h da manhã e só ia embora às 10h da noite, inclusive durante feriados bancários. Havia apenas uma pausa para um sanduíche em sua mesa.
Kerviel poderá ser sentenciado a cinco anos de prisão, além de ser multado em 375 mil euros. Ele admitiu ter construído as operações sem autorização. Máxime Kahn, que liquidou as posições de Kerviel, disse nesta terça-feira que os negócios realizados pelo operador poderiam ter levado à falência do banco, caso não fossem desfeitas rapidamente. "Era impossível esperar", afirmou.