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Títulos junk seduzem mercado com maiores retornos desde 2003

As captações externas com os chamados junk bonds são parte de uma disparada de emissões nos mercados emergentes estimuladas pela aceleração da economia dos Estados Unidos

Emissões também ocorrem por sinais de que a crise de dívida europeia está dando uma trégua (Dreamstime.com)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2012 às 09h18.

Nova York - Os títulos de dívida de empresas brasileiras com a pior avaliação de risco estão seduzindo investidores com taxas acima de 12 por cento.

A Minerva SA, cuja nota B2 está cinco níveis abaixo do grau de investimento, captou US$ 350 milhões em papéis com prazo de dez anos na semana passada a 12,25 por cento. É o cupom mais alto para uma emissão brasileira em dólares desde 2003, com exceção da oferta pós-calote do frigorífico Independência SA há dois anos. O grupo Virgolino de Oliveira SA, produtor de açúcar e etanol, captou US$ 300 milhões em títulos a 11,75 por cento na semana passada. O rendimento dos papéis de mercados emergentes com nota inferior a grau de investimento caiu 327 pontos-base desde outubro, segundo dados do JPMorgan Chase & Co.

As captações externas com os chamados junk bonds são parte de uma disparada de emissões nos mercados emergentes estimuladas pela aceleração do crescimento econômico dos Estados Unidos e por sinais de que a crise de dívida europeia está dando uma trégua. Pelo menos quatro empresas brasileiras com nota cinco níveis abaixo de grau de investimento venderam ou estão negociando a emissão de dívidas denominadas em dólar.

“Houve uma reversão da aversão a risco”, disse Cedric Rimaud, analista de crédito da Spread Research na cidade francesa de Lyon, em entrevista por telefone. “Empresas na faixa mais baixa do espectro de crédito estão tentando fechar novos negócios e levantar algum financiamento. Parece haver demanda de investidores.”

‘Janela de oportunidade’

Empresas brasileiras com nota de crédito abaixo do grau de investimento captaram US$ 2,9 bilhões este ano, o que representa 17,5 por cento do total de US$ 16,6 bilhões em emissões corporativas internacionais do País.

A Minerva, cuja classificação B2 pela Moody’s Investors Service está seis níveis abaixo da nota brasileira, fez a emissão dos papéis de 10 anos com rendimento de 12,625 por cento em 3 de fevereiro. Essa taxa estava 935 pontos-base acima dos títulos de dívida brasileiros de prazo similar, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

“Foi uma janela de oportunidade”, disse o diretor financeiro da Minerva, Edison Ticle, em entrevista por telefone de São Paulo. A demanda pelos papéis ficou ao redor de US$ 1,7 bilhão e os recursos serão usados para pagar dívidas de curto prazo, disse ele.

O Virgolino, classificado como B3 pela Moody’s, fez uma emissão de títulos com cupom de 11,75 por cento e vencimento em 2022, pagando taxa de 12 por cento em 2 de fevereiro.

A assessoria de imprensa da empresa não retornou um telefonema e um e-mail da Bloomberg News solicitando comentários para esta reportagem.


‘Fluxo de caixa muito bom’

“Alguns desses papéis de mais alto rendimento são muito interessantes porque, no fim das contas, ainda têm um fluxo de caixa muito bom”, disse Heiner Skaliks, que ajuda a administrar US$ 27 milhões, como chefe do Strategic Latin America Fund. “Estamos olhando para eles porque existe um mercado maior para estes tipos de papéis hoje do que havia seis ou nove meses atrás. Temos um quadro mais claro agora” da perspectiva para a economia mundial, disse ele em entrevista por telefone de La Paz, Bolívia.

Nos Estados Unidos, a taxa de desemprego caiu em janeiro para o menor nível em três anos, enquanto na bolsa o índice Standard & Poor’s 500 está mostrando seu melhor início de ano desde 1991. O Índice Bloomberg de Bancos e Serviços Financeiros da Europa, que inclui Deutsche Bank AG e UniCredit SpA, já avançou 17,6 por cento este ano. Na semana passada, o rendimento dos títulos do governo italiano com prazo de 10 anos recuou para o menor nível desde outubro, enquanto a taxa do bônus soberano espanhol equivalente caiu para o menor patamar desde novembro de 2010.

‘Mais que compensa’

As empresas com classificação junk podem se beneficiar se aguardarem para fazer as captações, disse Klaus Spielkamp, operador de renda fixa da Bulltick Capital em Miami.

A Minerva “poderia ter fechado um negócios melhor mais tarde e, apesar do rendimento ter sido bom do ponto de vista do investidor, ainda é um preço muito alto para pagar pela empresa. Então é surpreendente”, disse Spielkamp em entrevista por telefone. “É um receio para mim que estejam pagando uma taxa tão alta.”

Chris Wilder, que ajuda a administrar US$ 24 bilhões em ativos de mercados emergentes na Stone Harbor Investment Partners, disse que os títulos do frigorífico saíram a um preço atraente em relação aos fundamentos de crédito da empresa.

“Esperamos que a Minerva tenha um bom desempenho”, disse Wilder em resposta por e-mail. A taxa “mais que compensa a volatilidade de preço periódica que temos visto com títulos neste setor.”

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A Minerva SA, cuja nota B2 está cinco níveis abaixo do grau de investimento, captou US$ 350 milhões em papéis com prazo de dez anos na semana passada a 12,25 por cento. É o cupom mais alto para uma emissão brasileira em dólares desde 2003, com exceção da oferta pós-calote do frigorífico Independência SA há dois anos. O grupo Virgolino de Oliveira SA, produtor de açúcar e etanol, captou US$ 300 milhões em títulos a 11,75 por cento na semana passada. O rendimento dos papéis de mercados emergentes com nota inferior a grau de investimento caiu 327 pontos-base desde outubro, segundo dados do JPMorgan Chase & Co.

As captações externas com os chamados junk bonds são parte de uma disparada de emissões nos mercados emergentes estimuladas pela aceleração do crescimento econômico dos Estados Unidos e por sinais de que a crise de dívida europeia está dando uma trégua. Pelo menos quatro empresas brasileiras com nota cinco níveis abaixo de grau de investimento venderam ou estão negociando a emissão de dívidas denominadas em dólar.

“Houve uma reversão da aversão a risco”, disse Cedric Rimaud, analista de crédito da Spread Research na cidade francesa de Lyon, em entrevista por telefone. “Empresas na faixa mais baixa do espectro de crédito estão tentando fechar novos negócios e levantar algum financiamento. Parece haver demanda de investidores.”

‘Janela de oportunidade’

Empresas brasileiras com nota de crédito abaixo do grau de investimento captaram US$ 2,9 bilhões este ano, o que representa 17,5 por cento do total de US$ 16,6 bilhões em emissões corporativas internacionais do País.

A Minerva, cuja classificação B2 pela Moody’s Investors Service está seis níveis abaixo da nota brasileira, fez a emissão dos papéis de 10 anos com rendimento de 12,625 por cento em 3 de fevereiro. Essa taxa estava 935 pontos-base acima dos títulos de dívida brasileiros de prazo similar, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

“Foi uma janela de oportunidade”, disse o diretor financeiro da Minerva, Edison Ticle, em entrevista por telefone de São Paulo. A demanda pelos papéis ficou ao redor de US$ 1,7 bilhão e os recursos serão usados para pagar dívidas de curto prazo, disse ele.

O Virgolino, classificado como B3 pela Moody’s, fez uma emissão de títulos com cupom de 11,75 por cento e vencimento em 2022, pagando taxa de 12 por cento em 2 de fevereiro.

A assessoria de imprensa da empresa não retornou um telefonema e um e-mail da Bloomberg News solicitando comentários para esta reportagem.


‘Fluxo de caixa muito bom’

“Alguns desses papéis de mais alto rendimento são muito interessantes porque, no fim das contas, ainda têm um fluxo de caixa muito bom”, disse Heiner Skaliks, que ajuda a administrar US$ 27 milhões, como chefe do Strategic Latin America Fund. “Estamos olhando para eles porque existe um mercado maior para estes tipos de papéis hoje do que havia seis ou nove meses atrás. Temos um quadro mais claro agora” da perspectiva para a economia mundial, disse ele em entrevista por telefone de La Paz, Bolívia.

Nos Estados Unidos, a taxa de desemprego caiu em janeiro para o menor nível em três anos, enquanto na bolsa o índice Standard & Poor’s 500 está mostrando seu melhor início de ano desde 1991. O Índice Bloomberg de Bancos e Serviços Financeiros da Europa, que inclui Deutsche Bank AG e UniCredit SpA, já avançou 17,6 por cento este ano. Na semana passada, o rendimento dos títulos do governo italiano com prazo de 10 anos recuou para o menor nível desde outubro, enquanto a taxa do bônus soberano espanhol equivalente caiu para o menor patamar desde novembro de 2010.

‘Mais que compensa’

As empresas com classificação junk podem se beneficiar se aguardarem para fazer as captações, disse Klaus Spielkamp, operador de renda fixa da Bulltick Capital em Miami.

A Minerva “poderia ter fechado um negócios melhor mais tarde e, apesar do rendimento ter sido bom do ponto de vista do investidor, ainda é um preço muito alto para pagar pela empresa. Então é surpreendente”, disse Spielkamp em entrevista por telefone. “É um receio para mim que estejam pagando uma taxa tão alta.”

Chris Wilder, que ajuda a administrar US$ 24 bilhões em ativos de mercados emergentes na Stone Harbor Investment Partners, disse que os títulos do frigorífico saíram a um preço atraente em relação aos fundamentos de crédito da empresa.

“Esperamos que a Minerva tenha um bom desempenho”, disse Wilder em resposta por e-mail. A taxa “mais que compensa a volatilidade de preço periódica que temos visto com títulos neste setor.”

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