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Tensão comercial é desafio para IPOs de gigantes chinesas de tecnologia

Se as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo persistirem, gigantes chineses da tecnologia podem enfrentar uma jornada difícil

Bolsa: "investidores colocaram a guerra comercial entre suas principais preocupações", disse um diretor de mercados (VCG/Getty Images)

Bolsa: "investidores colocaram a guerra comercial entre suas principais preocupações", disse um diretor de mercados (VCG/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 29 de junho de 2018 às 11h57.

Última atualização em 29 de junho de 2018 às 11h59.

São Paulo - Titãs chineses da tecnologia que se preparam para listar nas bolsas de Hong Kong e de Nova York provavelmente enfrentarão uma difícil jornada se as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo persistirem, potencialmente pressionando o valor das ações após um primeiro semestre estelar.

Embora até agora não tenha havido nenhum impacto significativo da briga comercial EUA-China, com fundos levantados nos mercados de capitais da Ásia-Pacífico em máximas de três anos e IPOs como a da Xiaomi, há indícios de operações menores que estão sofrendo.

"O que potenciais emissores de ações podem sofrer no caso da tensão comercial entre os EUA e a China é que e os investidores colocaram a guerra comercial entre suas principais preocupações", disse Ashu Khullar, diretor de mercados de capitais da Ásia-Pacífico no Citigroup.

Nesta semana, a chinesa Qeeka Home, fornecedora de serviços de design de interiores, adiou um IPO de 278 milhões de dólares em Hong Kong, enquanto em Nova York, o Uxin, site chinês de vendas de carros usados, reduziu pela metade o tamanho planejado de sua oferta estimada em 225 milhões.

Ambas as mudanças foram devidas a mercados desafiadores, afirmou a IFR, publicação da Thomson Reuters.

"Se a volatilidade continuar a aumentar junto com a deterioração do mercado secundário, é justo supor que negócios menores podem atrair menos demanda devido a preocupações de liquidez", disse Alex Abagian, chefe do sindicato de capital da Morgan Stanley para Ásia-Pacífico, excluindo Japão.

O maior índice de ações da Ásia-Pacífico da MSCI fora do Japão caiu cerca de 8% desde o pico de junho, em meio a represálias por parte dos EUA e da China.

Mas no geral, os mercados de capital acionário na Ásia têm sido "muito receptivos em termos de emissões... houve um grande número de IPOs muito importantes, bem como grandes transações", disse Khullar, referindo-se a recentes ofertas de ações.

Empresas e investidores venderam este ano 141,6 bilhões de dólares em empresas da Ásia-Pacífico, um aumento de 22% em relação ao ano anterior e o maior desde o primeiro semestre de 2015, segundo dados da Thomson Reuters ECM.

Entre as grandes operações recentes está a de 4,3 bilhões de dólares da Foxconn Industrial Internet - maior IPO da China continental em quase três anos - e a listagem de 1,2 bilhão de dólares da Mercari, um raro unicórnio japonês.

As ações saltaram mais de 70% na estreia.

Os investidores estão, por enquanto, mantendo os olhos abertos para as planejadas festas para uma série de grandes unicórnios chineses, startups com avaliação acima de 1 bilhão.

A Xiaomi, gigante do setor de smartphones, captou 4,72 bilhões depois de avaliar seu IPO em Hong Kong, nesta sexta-feira, a maior do setor de tecnologia do mundo em quatro anos.

Outros negócios para sair incluem uma operação de cerca de 4 bilhões de dólares da Tencent Music, maior serviço de streaming de música da China, e da Meituan Dianping, plataforma online de serviços de entrega de comida a ingressos.

A China Tower, maior operadora de torres de telefonia do mundo, quer captar até 10 bilhões de dólares nos próximos meses.

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