Uma esperança chamada Tenda

Vem aí a segunda abertura de capital do ano. Nesta quinta-feira a construtora Gafisa divulgou o prospecto para a abertura de capital de sua controlada Tenda, especializada em imóveis populares. A estreia deve ser no dia 15 de dezembro. A companhia ofertará 40 milhões de ações secundárias, o que significa que todo o dinheiro arrecadado – até 660 milhões de reais – irá para o caixa da Gafisa.

O IPO será o primeiro de uma construtora no país desde 2009, quando a Direcional entrou na bolsa. A Tenda não é uma novata na bolsa. O primeiro IPO da companhia aconteceu em 2007. No ano seguinte, a Gafisa tornou-se controladora da Tenda com 60% de suas ações e em 2009 a companhia passou a ser subsidiária integral da Gafisa.

Na época, a incorporação da Tenda foi apresentada como uma forma de gerar escala e aumentar eficiência das empresas. A Tenda tinha um patrimônio de 448 milhões de reais. Os primeiros anos foram penosos. A Gafisa encontrou muito mais problemas operacionais do que esperava na companhia, e chegou a estourar o orçamento das obras em 50%. Perdeu dinheiro a rodo e estudou se livrar da companhia.

Com foco no Minha Casa Minha Vida, os resultados melhoraram. Hoje, pouco mais de um terço do capital da Gafisa está na Tenda, com valor estimado de 1,1 bilhão de reais. No terceiro trimestre deste ano, a Tenda teve o seu maior lucro trimestral, de 23 milhões de reais. A Gafisa teve um prejuízo de 95,7 milhões de reais no período.

Com o IPO, a Gafisa quer se desfazer de 75% da Tenda. Para analistas, faz parte da estratégia da companhia de se focar apenas no segmento de média e alta renda. Vai dar certo?

O prospecto apresentado avalia a Tenda em até 1,7 bilhão de reais – é mais do que o dobro do valor de mercado da Gafisa hoje na bolsa. Mesmo assim, para analistas a oferta pode ser bem sucedida. “Os resultados da Tenda vem melhorando suas margens e as vendas. O mercado deve mostrar interesse pela companhia. Agora, se o valor definido pela Gafisa é o ideal, ainda não está claro”, diz Luis Gustavo Pereira, estrategista da corretora Guide. A resposta sai no dia 15.