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Taxa do carry trade cambial supera 13% depois da adoção do IOF

O governo impôs IOF de 1% sobre apostas de valorização do real no mercado de câmbio para tentar conter o avanço de 44% da moeda brasileira desde o fim de 2008

Os títulos do governo brasileiro denominados em real tiveram desempenho pior do que os de outros países da região nos últimos 30 dias (Germano Luders/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2011 às 10h29.

Nova York - A adoção do Imposto sobre Operações Financeiras em derivativos de câmbio está levando operadores a venderem reais no mercado internacional. Com isso, a taxa implícita nos contratos a termo de câmbio negociados no exterior subiu para o maior nível em dois anos.

A taxa implícita nesses contratos, também chamados NDF, com prazo de um mês disparou para 13,7 por cento em 11 de agosto, o maior patamar desde fevereiro de 2009, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os investidores compram NDF para aproveitar o carry trade, ou arbitragem, operação na qual se compra ativos de maior retorno com recursos captados em países com juro baixo.

O governo impôs IOF de 1 por cento sobre apostas de valorização do real no mercado de câmbio em 27 de julho, a medida mais recente para tentar conter o avanço de 44 por cento da moeda brasileira desde o fim de 2008. Segundo operadores, apesar de os investidores estarem vendendo reais no exterior, eles estão relutantes em desmontar posições no mercado doméstico por causa do imposto, que só se aplica a novas operações.

“É bastante perturbador”, disse Felipe Niemeyer, gestor de carteira da Advis Investimentos Ltda, em entrevista de São Paulo. “Não é bom porque a liquidez está sendo levada para fora, criando um mercado mais volátil.” Niemeyer disse que tem evitado negociar reais no mercado doméstico desde o anúncio do IOF.

Os títulos do governo brasileiro denominados em real tiveram desempenho pior do que os de outros países da região nos últimos 30 dias. O rendimento das Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2021 caiu 23 pontos-base, ou 0,23 ponto percentual, para 12,26 por cento, no período. O rendimento dos títulos do México de prazo similar desabou 78 pontos-base para 6,13 por cento. Na Colômbia, a taxa da dívida pública recuou 44 pontos-base para 7,28 por cento.

‘Violência’

Desde outubro, o governo triplicou o IOF sobre aplicações estrangeiras em renda fixa para 6 por cento, elevou o custo das captações no exterior por empresas locais e restringiu as apostas dos bancos contra o dólar. A alíquota do IOF para derivativos de câmbio pode ser aumentada para até 25 por cento, segundo o governo.

As medidas aplicadas com “violência” pelo governo para combater a valorização do real estão empurrando os investidores de São Paulo para os Estados Unidos, reduzindo o volume da BM&FBovespa SA, disse o presidente da operadora da bolsa, Edemir Pinto, a repórteres em 10 de agosto. No mesmo dia, a maior bolsa da América Latina informou que o lucro líquido caiu 3,8 por cento no segundo trimestre em relação a um ano antes, por causa da queda no volume de operações.

“A gente lamenta muito” a decisão do governo, disse Pinto, acrescentando que espera que a medida seja revertida.

O Ministério da Fazenda não quis comentar o assunto.

‘Mais volatilidade’

O mercado de câmbio brasileiro era um dos que mais cresciam no mundo desde 2007, de acordo com o Banco de Compensações Internacionais, sediado na Basileia, Suíça. O volume diário de negócios com o real chegou a US$ 14,2 bilhões em 2010, comparado a US$ 5,8 bilhões em 2007, de acordo com o banco, conhecido como BIS. O México tinha o maior mercado de câmbio da região, com giro de US$ 17 bilhões.

Os custos de transação no Brasil ficaram tão altos desde a adoção do IOF que alguns exportadores pararam de usar derivativos de câmbio para reduzir seu risco cambial, disse Thiago Caiuby, operador de câmbio do BES Investimento em São Paulo.

“O imposto trouxe muito mais volatilidade”, disse Caiuby em entrevista por telefone. “O governo conseguiu reduzir o excesso de dinheiro entrando no País, mas não é bom para o mercado como um todo. Há mais distorções por causa do imposto.”

O real caiu 4,5 por desde 26 de julho, registrando o segundo pior desempenho na América Latina, atrás somente do peso mexicano. O IOF elevou a onda de venda deflagrada pela crise da dívida na Europa e pelo desaquecimento do crescimento mundial. O dólar chegou à maior cotação em quatro meses de R$ 1,6585 em 9 de agosto e encerrou a semana em R$ 1,6117.

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Nova York - A adoção do Imposto sobre Operações Financeiras em derivativos de câmbio está levando operadores a venderem reais no mercado internacional. Com isso, a taxa implícita nos contratos a termo de câmbio negociados no exterior subiu para o maior nível em dois anos.

A taxa implícita nesses contratos, também chamados NDF, com prazo de um mês disparou para 13,7 por cento em 11 de agosto, o maior patamar desde fevereiro de 2009, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os investidores compram NDF para aproveitar o carry trade, ou arbitragem, operação na qual se compra ativos de maior retorno com recursos captados em países com juro baixo.

O governo impôs IOF de 1 por cento sobre apostas de valorização do real no mercado de câmbio em 27 de julho, a medida mais recente para tentar conter o avanço de 44 por cento da moeda brasileira desde o fim de 2008. Segundo operadores, apesar de os investidores estarem vendendo reais no exterior, eles estão relutantes em desmontar posições no mercado doméstico por causa do imposto, que só se aplica a novas operações.

“É bastante perturbador”, disse Felipe Niemeyer, gestor de carteira da Advis Investimentos Ltda, em entrevista de São Paulo. “Não é bom porque a liquidez está sendo levada para fora, criando um mercado mais volátil.” Niemeyer disse que tem evitado negociar reais no mercado doméstico desde o anúncio do IOF.

Os títulos do governo brasileiro denominados em real tiveram desempenho pior do que os de outros países da região nos últimos 30 dias. O rendimento das Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2021 caiu 23 pontos-base, ou 0,23 ponto percentual, para 12,26 por cento, no período. O rendimento dos títulos do México de prazo similar desabou 78 pontos-base para 6,13 por cento. Na Colômbia, a taxa da dívida pública recuou 44 pontos-base para 7,28 por cento.

‘Violência’

Desde outubro, o governo triplicou o IOF sobre aplicações estrangeiras em renda fixa para 6 por cento, elevou o custo das captações no exterior por empresas locais e restringiu as apostas dos bancos contra o dólar. A alíquota do IOF para derivativos de câmbio pode ser aumentada para até 25 por cento, segundo o governo.

As medidas aplicadas com “violência” pelo governo para combater a valorização do real estão empurrando os investidores de São Paulo para os Estados Unidos, reduzindo o volume da BM&FBovespa SA, disse o presidente da operadora da bolsa, Edemir Pinto, a repórteres em 10 de agosto. No mesmo dia, a maior bolsa da América Latina informou que o lucro líquido caiu 3,8 por cento no segundo trimestre em relação a um ano antes, por causa da queda no volume de operações.

“A gente lamenta muito” a decisão do governo, disse Pinto, acrescentando que espera que a medida seja revertida.

O Ministério da Fazenda não quis comentar o assunto.

‘Mais volatilidade’

O mercado de câmbio brasileiro era um dos que mais cresciam no mundo desde 2007, de acordo com o Banco de Compensações Internacionais, sediado na Basileia, Suíça. O volume diário de negócios com o real chegou a US$ 14,2 bilhões em 2010, comparado a US$ 5,8 bilhões em 2007, de acordo com o banco, conhecido como BIS. O México tinha o maior mercado de câmbio da região, com giro de US$ 17 bilhões.

Os custos de transação no Brasil ficaram tão altos desde a adoção do IOF que alguns exportadores pararam de usar derivativos de câmbio para reduzir seu risco cambial, disse Thiago Caiuby, operador de câmbio do BES Investimento em São Paulo.

“O imposto trouxe muito mais volatilidade”, disse Caiuby em entrevista por telefone. “O governo conseguiu reduzir o excesso de dinheiro entrando no País, mas não é bom para o mercado como um todo. Há mais distorções por causa do imposto.”

O real caiu 4,5 por desde 26 de julho, registrando o segundo pior desempenho na América Latina, atrás somente do peso mexicano. O IOF elevou a onda de venda deflagrada pela crise da dívida na Europa e pelo desaquecimento do crescimento mundial. O dólar chegou à maior cotação em quatro meses de R$ 1,6585 em 9 de agosto e encerrou a semana em R$ 1,6117.

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