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São grandes as barreiras de entrada para enfrentar a BM&F Bovespa, diz Fator

“Além dos altos investimentos iniciais é questionável a liquidez do mercado caso haja dois ambientes de negociação”; recomendação é de compra para ações da bolsa

Fator mantém sua recomendação de compra para as ações ordinárias da BM&F Bovespa, com preço-alvo de 18 reais (Germano Lüders/EXAME)
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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2011 às 19h02.

São Paulo – A semana não é das melhores para as ações ordinárias da BM&F Bovespa (BVMF3). A notícia de que a BATS Global Markets e a gestora brasileira Claritas estudam criar uma plataforma para negociar ações no Brasil abalou a trajetória dos ativos da bolsa paulista no pregão anterior; uma queda de 4,7%. Esta não foi a primeira vez que as ações sucumbiram à perspectiva do fim do monopólio da BM&F Bovespa no mercado de capitais brasileiro, mas foi o primeiro anúncio oficial de um interessado neste segmento.

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Em seu recente relatório, a Fator Corretora minimizou os impactos deste assunto, pelo menos no curto prazo. A analista Jacqueline Lison lembra que a BATS foi criada em 2005 e atua apenas no ambiente de negociação dos mercados europeu e americano. “Dessa forma, para atuar no mercado brasileiro, essa nova empresa teria de adquirir know-how em serviços de pós-negociação e central depositária, além de se adaptar a um novo ambiente financeiro, onde os volumes de negociação são muito menores do que o verificado nas regiões onde atua”, avalia.

Além disso, relatório cita que o processo de consolidação das operações será longo e que levará alguns anos para que se concretize. E os desafios não param por aí. A analista ressalta que as barreiras de entrada nesse segmento são inúmeras e nada simples. “Além dos vultosos investimentos iniciais para se criar um sistema de pós-negociação, é também questionável a liquidez do mercado caso haja dois ambientes de negociação”.

Ponto para BM&FBovespa

Por lei, a BM&FBovespa é obrigada a oferecer os serviços de compensação para qualquer outro participante do mercado. Contudo, a bolsa pode cobrar o preço que desejar, o que poderia impossibilitar a entrada. Apesar disso, a bolsa vive um processo de negociação para reformulação tarifária para que os custos de pós-negociação representem mais de 65% dos custos totais de negociação, conforme lembra a Fator. “Caso um novo concorrente venha a criar apenas o ambiente para negócios e deseje terceirizar o serviço de clearing, teria de arcar com custos mais elevados”, projeta Jacqueline.

Ela argumenta ainda que a BM&F Bovespa revisou recentemente para baixo os preços cobrados pelo depósito das ações ao isentar os investidores com posição até 300 mil reais da parte variável da tarifa. “Além de todas essas questões, em uma conjuntura onde as bolsas ao redor do mundo estão em processo de consolidação para gerarem escalas para seus negócios, o que é essencial para se obter rentabilidade, a criação de uma concorrente nos parece à contramão desse processo”. Contudo, a Fator mantém sua recomendação de compra para as ações ordinárias da BM&F Bovespa, com preço-alvo de 18 reais para dezembro de 2011.

O outro lado da história

Em e ntrevista à EXAME.com vice-presidente sênior de desenvolvimento de negócios e marketing da BATS Global Markets, Ken Conklin, afirmou que a atuação da BM&FBovespa é uma clara indicação de uso do monopólio. “Sabemos que podemos trabalhar com eles, contudo eles já mudaram a estrutura de preços para evitar a competição. A BM&FBovespa é um verdadeiro monopólio e eles têm orgulho disso”, disparou.

Conklin destacou que a BATS está acostumada a entrar em mercados com outras bolsas de valores oferecendo uma opção alternativa. “Começamos uma nova empresa e vamos crescendo até ficarmos significantes”, diz. O executivo não falou sobre um cronograma de implementação da nova bolsa, mas afirma que ainda está em conversas com outros interessados.

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