S&P vai reavaliar país após execução de medidas
"Nós queremos ver sinais de que as medidas têm apoio da classe política de maneira ampla: da presidente e do Congresso", disse diretora da agência
Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2015 às 09h40.
Washington - A credibilidade da equipe econômica e o mero anúncio de medidas de ajustes não serão suficientes para levar a Standard & Poors a mudar sua perspectiva estável para a classificação de risco do Brasil, rebaixada em março.
"Nós queremos ver sinais de que as medidas têm apoio da classe política de maneira ampla: da presidente (Dilma) e do Congresso", disse, na quarta-feira, 14, a diretora de crédito soberano da agência, Lisa Schineller.
Para ela, a execução dos anúncios será crucial para definir o próximo passo da S&P em relação à dívida soberana do País, que está em BBB-, o mais baixo patamar da faixa de grau de investimento.
Em sua avaliação, a situação do País hoje está pior do que a de março, o que agravou os desafios que a presidente terá de enfrentar. O panorama fiscal se deteriorou, o endividamento do consumidor aumentou, a confiança se retraiu e o crescimento se deprimiu mais do que o esperado. O cenário que já era ruim se complicou ainda mais com o escândalo da Petrobrás.
Uma das preocupações da diretora da S&P é a de que o baixo crescimento e as pressões políticas para revertê-lo afetem a capacidade da equipe capitaneada por Joaquim Levy de corrigir o rumo macroeconômico e impor ajustes.
"Nós já ouvimos antes que não haveria mais financiamento para os bancos estatais", disse Lisa em Washington durante evento sobre as relações EUA-Brasil promovido pelo Atlantic Council.
"Queremos ver o novo time colocar as propostas na mesa e ter uma percepção do apoio e da possibilidade de execução."
A princípio, uma mudança na atual perspectiva estável da classificação de risco não viria em 2015. Mas isso pode mudar se houver deterioração ou melhorias não antecipadas no cenário.
O eventual cenário negativo implicaria o afastamento substancial do governo das medidas de ajuste, seguido de um choque que não seja bem administrado, o que teria impacto sobre as contas fiscais e externas.
Lisa teve mais dificuldade em definir o que desequilibraria a perspectiva para o lado positivo: "Algo que não vimos ainda".
O cientista político Ricardo Sennes disse que Levy tem condições de enfrentar os desafios políticos. "Levy é um Chicago Boy, mas trabalhou com três partidos políticos diferentes: o PSDB, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, o PMDB com Sérgio Cabral e o PT, no começo do governo Lula. Ele não é só um cara técnico. É um cara com grande habilidade política", afirmou.
Diplomacia
Sua nomeação para o Ministério da Fazenda, ao lado da de Mauro Vieira para as Relações Exteriores, pode facilitar o processo de reaproximação com os EUA, avaliou Anthony Harrington, embaixador americano no Brasil de 1999 a 2001.
Além de ter estudado na Universidade de Chicago, Levy trabalhou em organismo multilaterais em Washington durante oito anos. Vieira foi embaixador brasileiro nos EUA de janeiro de 2010 até assumir o novo cargo, há duas semanas.
Depois da turbulência provocada pelas revelações de espionagem da Agência de Segurança Nacional, há indicações de que a relação Brasil-EUA pode voltar aos eixos neste ano, avaliou Harrington.
Uma delas foi a presença do vice-presidente Joe Biden na posse de Dilma e o longo encontro que ambos tiveram em Brasília.
A presidente e Biden desenvolveram um forte relacionamento pessoal, lembrou o embaixador: "Quando perguntaram o que ela admirava em (Barack) Obama ela respondeu que é o seu bom gosto em relação a vice-presidentes". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Washington - A credibilidade da equipe econômica e o mero anúncio de medidas de ajustes não serão suficientes para levar a Standard & Poors a mudar sua perspectiva estável para a classificação de risco do Brasil, rebaixada em março.
"Nós queremos ver sinais de que as medidas têm apoio da classe política de maneira ampla: da presidente (Dilma) e do Congresso", disse, na quarta-feira, 14, a diretora de crédito soberano da agência, Lisa Schineller.
Para ela, a execução dos anúncios será crucial para definir o próximo passo da S&P em relação à dívida soberana do País, que está em BBB-, o mais baixo patamar da faixa de grau de investimento.
Em sua avaliação, a situação do País hoje está pior do que a de março, o que agravou os desafios que a presidente terá de enfrentar. O panorama fiscal se deteriorou, o endividamento do consumidor aumentou, a confiança se retraiu e o crescimento se deprimiu mais do que o esperado. O cenário que já era ruim se complicou ainda mais com o escândalo da Petrobrás.
Uma das preocupações da diretora da S&P é a de que o baixo crescimento e as pressões políticas para revertê-lo afetem a capacidade da equipe capitaneada por Joaquim Levy de corrigir o rumo macroeconômico e impor ajustes.
"Nós já ouvimos antes que não haveria mais financiamento para os bancos estatais", disse Lisa em Washington durante evento sobre as relações EUA-Brasil promovido pelo Atlantic Council.
"Queremos ver o novo time colocar as propostas na mesa e ter uma percepção do apoio e da possibilidade de execução."
A princípio, uma mudança na atual perspectiva estável da classificação de risco não viria em 2015. Mas isso pode mudar se houver deterioração ou melhorias não antecipadas no cenário.
O eventual cenário negativo implicaria o afastamento substancial do governo das medidas de ajuste, seguido de um choque que não seja bem administrado, o que teria impacto sobre as contas fiscais e externas.
Lisa teve mais dificuldade em definir o que desequilibraria a perspectiva para o lado positivo: "Algo que não vimos ainda".
O cientista político Ricardo Sennes disse que Levy tem condições de enfrentar os desafios políticos. "Levy é um Chicago Boy, mas trabalhou com três partidos políticos diferentes: o PSDB, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, o PMDB com Sérgio Cabral e o PT, no começo do governo Lula. Ele não é só um cara técnico. É um cara com grande habilidade política", afirmou.
Diplomacia
Sua nomeação para o Ministério da Fazenda, ao lado da de Mauro Vieira para as Relações Exteriores, pode facilitar o processo de reaproximação com os EUA, avaliou Anthony Harrington, embaixador americano no Brasil de 1999 a 2001.
Além de ter estudado na Universidade de Chicago, Levy trabalhou em organismo multilaterais em Washington durante oito anos. Vieira foi embaixador brasileiro nos EUA de janeiro de 2010 até assumir o novo cargo, há duas semanas.
Depois da turbulência provocada pelas revelações de espionagem da Agência de Segurança Nacional, há indicações de que a relação Brasil-EUA pode voltar aos eixos neste ano, avaliou Harrington.
Uma delas foi a presença do vice-presidente Joe Biden na posse de Dilma e o longo encontro que ambos tiveram em Brasília.
A presidente e Biden desenvolveram um forte relacionamento pessoal, lembrou o embaixador: "Quando perguntaram o que ela admirava em (Barack) Obama ela respondeu que é o seu bom gosto em relação a vice-presidentes". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.