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Roubini, o 'Doutor Catástrofe', faz alerta sobre novo estouro da bolha

Economista que previu a crise financeira de 2008 diz que há 'espuma e bolhas' no mercado e que alguns players que se alavancaram demais vão acabar explodindo

Nouriel Roubini, da Stern School of Business: há uma combinação de fatores que tem levado a posições arriscadas demais no mercado (Bloomberg/Colaborador/Getty Images)
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Marcelo Sakate

Publicado em 6 de abril de 2021 às 16h04.

Última atualização em 21 de setembro de 2021 às 17h28.

Investidores com alguma memória vão se lembrar: há mais de 15 anos, o economista Nouriel Roubini foi um dos primeiros a alertar para a alta excessiva e descolada de fundamentos dos preços dos imóveis nos Estados Unidos. O estouro da bolha do subprime levou à crise financeira global de 2008, a maior desde a Grande Depressão de 1929.

As previsões sombrias — ou realistas — lhe renderam o apelido nada lisonjeiro de "Doutor Catástrofe", ou "Doctor Doom". Mas Roubini ganhou ainda mais respeito e reputação entre seus pares e analistas de mercado, especialmente naqueles momentos em que investidores só enxergam a euforia, deixando de lado fundamentos (ou a ausência deles).

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Nesta terça-feira, 6, Roubini voltou a ganhar as manchetes do noticiário econômico-financeiro com declarações dadas em entrevista à Bloomberg TV: "Estamos vendo espuma, bolhas, tomada de risco e alavancagem generalizadas”, disse Roubini. “Muitos players se alavancaram demais e assumiram muito risco, e alguns vão explodir", completou.

Roubini, que é professor da Stern School of Business da Universidade de Nova York, avaliou o cenário que, segundo ele, tem levado investidores a assumir riscos de forma excessiva e até imprudente: um ambiente que combina taxas de juro próximas a zero ou até negativa no mundo desenvolvido e estímulos fiscais sem precedentes.

Como consequência, os múltiplos de preço-lucro (PL) ajustados ciclicamente nas bolsas americanas estão em patamares só vistos antes da Depressão de 1929 e do estouro da bolha das empresas de tecnologia em 2000.

Para o economista, episódios como o das perdas bilionárias provocadas pelo fundo hedge Archegos Capital em bancos como o Credit Suisse e o Nomura, cujo caso veio a público na semana passada, podem se repetir entre outros fundos e family offices caso os rendimentos do títulos americanos de dez anos superem o patamar de 2% ao ano.

A taxa está nesta semana na casa de 1,70%, mas há quem aposte no mercado que vai atingir os 2% nos próximos meses.

O fundo Archegos Capital não conseguiu atender à chamada de margem de algumas de suas operações, levando à liquidação antecipada de posições em mais de 20 bilhões de dólares em ações de empresas como a Viacom e a Baidu.

As vendas forçadas da Archegos são consequência das chamadas de margem, as margin calls. A margem é o valor exigido como garantia em operações altamente alavancadas, e a chamada de margem acontece quando a utilização desse valor atinge um limite, forçando o investidor a colocar mais dinheiro para cobrir o risco do investimento.

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