Invest

RNI Incorporadora vai na contramão de gigantes e vendas decolam no 3º tri

Prévia operacional mostra vendas de R$ 190 milhões, recordes para um terceiro trimestre na empresa; companhia deve apresentar resultado equivalente ao do primeiro semestre inteiro no terceiro tri, segundo CEO

RNI: Empresa que foca no interior tem recorde de vendas (EXAME/Exame)

RNI: Empresa que foca no interior tem recorde de vendas (EXAME/Exame)

KS

Karina Souza

Publicado em 17 de outubro de 2022 às 20h20.

No dia em que a gigante MRV apresenta uma prévia operacional que desanima o mercado – o papel chegou a liderar as quedas do Ibovespa, com quase 10% em um único dia – a RNI, incorporadora do grupo Rodobens, mostra um cenário bastante diferente. O suficiente para o CEO, Carlos Bianconi, antecipar que o terceiro trimestre deve apresentar um resultado equivalente ao do primeiro semestre inteiro. 

Na prévia operacional, divulgada nesta segunda-feira, a empresa teve recorde de vendas líquidas para o período, que totalizou R$ 190 milhões. A cifra é 27% superior à registrada no mesmo período do ano passado, mas com redução em relação ao trimestre anterior (em que o indicador ficou em R$ 211 milhões). O principal destaque do período atual é o do empreendimento RNI Origem do Sol e do Origem Jardins Versalhes, que, juntos, responderam por R$ 93 milhões desse total. No acumulado do ano, entretanto, as vendas líquidas somaram R$ 571 milhões, cifra 19% acima da registrada em 2021.

O VGV ficou em R$ 104 milhões, valor 31% maior do que o registrado em 2021 mas ainda abaixo do trimestre anterior (R$ 164 milhões). No acumulado do ano, o indicador ficou em R$ 474 milhões, 29% acima do registrado em 2021. 

De acordo com o CEO, até o fim do ano, a empresa vai chegar a R$ 1 bilhão em projetos aprovados – que podem ser lançados ainda em 2022 ou em 2023.

“A gente está esperando os resultados das eleições, que causam muita turbulência, para ver o cenário se consolidar. Somos conservadores, gostamos primeiro de analisar com calma como as coisas vão ficar antes de agir”, diz Bianconi, à Exame Invest.

A definição do cenário no país deve motivar mudanças ainda maiores por parte da empresa. Desde o ano passado, a RNI estuda um follow-on para aumentar a liquidez do papel — um plano que ainda não foi colocado em prática dado o cenário mais duro para esse tipo de captação. No entanto, os planos não foram esquecidos. “Não é uma obsessão, mas é legal fazer para reorganizar o free float. Ainda assim, quem já está no nosso papel já recebe bons dividendos e, com esse crescimento no nosso volume de negócios, a expectativa é que o valuation acompanhe o que mostramos”, diz o executivo. Hoje, na B3, a empresa está avaliada em R$ 291 milhões.

A companhia atribui o sucesso no trimestre atual, mesmo em meio ao contexto mais desafiador, a um conjunto de iniciativas. A primeira é o fato de ter desenquadrado uma grande parte do portfólio do Casa Verde e Amarela (hoje responsáveis por menos da metade dos produtos da empresa).

A reorientação da estratégia foi para um segmento chamado por Bianconi de “Econômico”, mas que ainda tem renda superior à visada dentro do programa: enquanto antes, a maior parte dos clientes tinha uma renda de R$ 2,6 mil a R$ 5 mil, hoje, a maioria tem entre R$ 3,8 mil e R$ 8 mil. O impacto desses produtos, na empresa, foi de trazer 4 pontos percentuais de margem, na comparação anual. 

O segundo fator de sucesso da companhia está na atuação em marcrorregiões, fora dos grandes centros urbanos. Interior de São Paulo, Campinas e região metropolitana, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de Goiânia e Campo Grande são as regiões-alvo da empresa. 

“Tem renda na mesa. E temos conseguido fazer um exercício de preço e custo com muita calma. Isso nos dá muita segurança de que, em caso de uma eventual redução ainda maior do Casa Verde e Amarela, vamos conseguir reorientar o nosso foco. E, se o programa expandir, eu volto a enquadrar mais produtos e me beneficiar”, diz o CEO. 

Ainda na prévia, a empresa ainda aponta que o landbank ficou em R$ 7,3 bilhões de VGV, cifra 15% superior à do mesmo período do ano passado e estável em relação ao segundo trimestre (alta de 1%).

A velocidade de vendas (VSO) se manteve em 20% no terceiro trimestre, 3 pontos percentuais acima da registrada no mesmo período de 2021. De acordo com o CEO, esse é um patamar “ideal” para a empresa, que deve ser mantido também ao longo dos próximos trimestres. 

“Para a gente, esse ritmo é excelente. Vimos que, do ano passado para cá, a inflação aumentou significativamente e, quem tinha VSO alta encontrou problemas porque vendeu e deixou de capturar isso no preço. O custo com certeza veio mais alto”, afirma Bianconi.

Por fim, em relação ao estoque: no fim do trimestre, o VGV total era de R$ 796 milhões, correspondendo a 3.509 unidades, uma redução de 8% em relação ao trimestre anterior. Vale lembrar que o estoque concluído da empresa representa apenas 5% do total.

“Não tenho custo de carrego. Os projetos aprovados, que são os outros R$ 500 milhões para fecharmos a meta de R$ 1 bilhão, ainda não estão nem aqui. A gente coloca esse estoque de produtos em elaboração, já que após o lançamento, eu começo a construir os estoques seis meses depois para cumprir o nosso cronograma de obra, que é de 24 a 36 meses, cumprindo critérios ESG”, diz o CEO.

Acompanhe tudo sobre:Construção civil

Mais de Invest

Pague Menos anuncia R$ 146 milhões em JCP e ao menos 50 novas lojas em 2025

Investidores 'ativistas' compraram US$ 6,6 bilhões em ações no Japão em 2024

ETF EWZ cai 5% e dólar bate R$ 6,14 com repercussão da ata do Copom e atenção ao Congresso

Avanço tecnológico pode levar S&P 500 a novos recordes em 2025