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Rinocerontes chegam ao mercado de títulos

A oferta no próximo ano de US$ 50 milhões em bonds, o primeiro instrumento financeiro para a conservação de espécies

Rinocerontes: na África estão sob ameaça de caça clandestina, principalmente por causa da demanda no Vietnã e na China (Roberto Schmidt/AFP/AFP)

Karla Mamona

Publicado em 20 de julho de 2019 às 09h17.

Última atualização em 20 de julho de 2019 às 09h17.

(Bloomberg) -- A oferta planejada de um Rhino Impact Bond, destinado a aumentar a população de rinocerontes ameaçados de extinção, é vista por seus apoiadores como um teste para a criação de um mercado de títulos de conservação que poderia ser usado para a proteção de espécies em extinção até a preservação de áreas de vida selvagem.

A oferta no próximo ano de US$ 50 milhões em bonds, o primeiro instrumento financeiro para a conservação de espécies, está sendo tocada pela Zoological Society de Londres e Conservation Capital. A empresa foi fundada no Quênia há cerca de 15 anos, com o objetivo de criar instrumentos financeiros de negócios e investimentos para a conservação.

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Sob o programa, o título de cinco anos cobrirá os esforços de conservação em cinco locais na África do Sul e no Quênia, onde vivem cerca de 700 rinocerontes negros, ou cerca de 12% da população mundial dos animais. Os investidores receberão de volta seu capital e um rendimento se o número de animais aumentar. O objetivo é aumentar a população mundial de rinocerontes negros em 10%.

"Vemos isso como uma mudança no modelo de financiamento da conservação", disse Oliver Withers, diretor de finanças e empresas de conservação da Zoological Society of London. “Há um enorme potencial para que isso possa ser usado em favor de outras espécies. Começamos com a estrutura de ’podemos construir um título de impacto para a conservação’”.

Contáveis e carismáticos

Os chamados “bonds de impacto” têm sido usados para financiar uma variedade de resultados, desde a educação das meninas na Índia rural até projetos marinhos e pesqueiros sustentáveis nas Seychelles.

Os títulos dos rinocerontes darão aos investidores a chance de “reciclar” seu capital e os compradores provavelmente serão pessoas com alto patrimônio líquido e interesse em conservação, como acontece no caso dos fundos e fundações ambientais, sociais e de governança, disse Glen Jeffries, da Conservation Capital.

Rinocerontes negros foram escolhidos porque são "contáveis, criticamente ameaçados e carismáticos", disse ele.

Existem cerca de 5.500 rinocerontes negros vivendo de forma selvagem na África, onde são espécies nativas, em comparação aos 65.000 em 1970. Isso se compara a cerca de 20.000 dos maiores rinocerontes brancos que vivem principalmente na África do Sul. Eles pesam até 1,4 tonelada em comparação com o rinoceronte branco de 2,5 toneladas.

Evitando caçadores clandestinos

Os rinocerontes na África estão sob ameaça de caça clandestina, principalmente por causa da demanda no Vietnã e na China pelo pó de seus chifres, ligado a crenças de que cura o câncer e melhora a virilidade. Em 2018, 769 rinocerontes, principalmente brancos, foram mortos na África do Sul. As áreas de proteção cobertas pelo títulos são confidenciais para evitar atrair caçadores ilegais.

Os defensores dos bonds vêem um potencial considerável de crescimento. Em apenas uma das áreas, havia mais de 5.000 rinocerontes negros há várias décadas, disse Withers. Os destinatários dos fundos poderão usar o dinheiro da maneira que escolherem, desde que seja para conservação. "O que estamos realmente fazendo é investir naquilo que uma equipe de gerenciamento possa entregar", disse Withers.

Os financiadores do projeto incluem o Global Environment Facility e o governo do Reino Unido. O programa também está recebendo assistência de Credit Suisse Group e DLA Piper. Os planos para o título Rhino foram mencionados pela primeira vez pelo Financial Times.

"O primeiro objetivo é acertar com este", disse Jeffries. “Se tudo correr bem, isso abrirá o mercado.”

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