Exame Logo

Real deixa de ser pior moeda dos BRIC com governo

O governo está retirando medidas adotadas no início do ano para enfraquecer a moeda brasileira e proteger a indústria local

O real deve acumular o maior ganho entre moedas de mercados emergentes (Sergio Moraes/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2012 às 08h28.

São Paulo - O real está abandonando a posição de moeda com pior desempenho entre os principais países em desenvolvimento. A recuperação é efeito das operações do Banco Central no mercado derivativos e da retirada de barreiras ao investimento estrangeiro.

A queda de 7,2 por cento do real acumulada desde 1º de maio passou a ser menor do que a do rand da África do Sul e do rublo. A moeda russa lidera as perdas entre as maiores economias emergentes, enquanto a crise da dívida europeia se aprofunda. Títulos públicos emitidos em real perderam 5,3 por cento, em dólar, no mesmo período, em comparação com a desvalorização de 10,6 por cento dos papéis atrelados ao rublo, segundo números do JPMorgan Chase & Co.

O governo está retirando medidas adotadas no início do ano para enfraquecer o real e proteger a indústria local, enquanto a crise da dívida europeia afasta investidores de moedas de países em desenvolvimento. O real deve acumular o maior ganho entre moedas de mercados emergentes, subindo 8,7 por cento no quarto trimestre, segundo mediana das expectativas de 26 analistas consultados pela Bloomberg.

“Antes, tínhamos um Banco Central que estava ativamente vendendo sua moeda e agora temos um banco no outro lado da operação”, disse Tony Volpon, estrategista para América Latina da Nomura Holdings Inc., em entrevista por telefone.

Apesar de o rendimento dos títulos denominados em reais com vencimento em 2013 ter desabado 232 pontos-base neste ano, para 7,83 por cento, a desvalorização da moeda corroeu o retorno em dólares, segundo dados compilados pela Bloomberg.

"Liquidez excessiva"

O governo retirou a alíquota de 6 por cento de Imposto sobre Operações Financeiras sobre captações externas com vencimento em mais de dois anos para ajudar empresas e bancos a rolar dívida, disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O imposto era parte de uma série de medidas anunciadas nos últimos 19 meses para conter o investimento estrangeiro. O fluxo de capital externo ao País ajudou o real a ter uma valorização de 24 por cento entre o fim de 2008 e 2011, o maior ganho entre mercados emergentes. O real acumula queda de 9,9 por cento neste ano.

Mantega disse que a “liquidez excessiva” que levou aos controles de capital deixou de existir com a piora da crise da dívida da Europa. Investidores rejeitaram ativos de mercados emergentes, diante do resgate de até 100 bilhões de euros para os bancos espanhóis e das crescentes preocupações que a Grécia poderá abandonar a moeda comum após as eleições de 17 de junho.

“Antes da piora da crise, era mais fácil ter acesso a crédito de longo prazo”, disse Mantega a repórteres em Brasília. Bancos e empresas brasileiros precisam “rolar empréstimos” e “isso facilita”, disse ele.


Perspectiva de inflação

O número de leilões de swap cambial do BC, que equivalem a vender dólares no mercado futuro, subiu para nove desde 18 de maio. Essas operações são uma reversão das compras que vinham sendo feitas pelo BC e que atingiram US$ 7,2 bilhões em abril, a maior quantia em 13 meses. O BC deixou de comprar dólares no mercado à vista em 4 de maio.

O BC não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, feito após o fechamento dos mercados.

“No horizonte de médio prazo, o real deve voltar a se apreciar”, disse Darwin Dib, economista-chefe da CM Capital, em entrevista por telefone de São Paulo. “Se o real continuasse alto por mais dois ou três meses, haveria aumento da pressão sobre a inflação.”

Nos 12 meses até maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo se desacelerou para o menor patamar em 20 meses de 4,99 por cento, mas segue acima do centro da meta há 21 meses. A meta é de 4,5 por cento, com tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Para Rafael Laurindo, economista da Porto Seguro Investimentos, o aprofundamento da crise da dívida na Europa pode dificultar o esforço do BC para fortalecer o real.

“Dependemos ainda de muitas notícias, principalmente do exterior. O cenário vai depender das eleições na Grécia e da evolução da crise bancária na Espanha”, disse Laurindo em entrevista por telefone de São Paulo.

O dólar fechou ontem em queda de 0,8 por cento, cotado a R$ 2,0554.

Veja também

São Paulo - O real está abandonando a posição de moeda com pior desempenho entre os principais países em desenvolvimento. A recuperação é efeito das operações do Banco Central no mercado derivativos e da retirada de barreiras ao investimento estrangeiro.

A queda de 7,2 por cento do real acumulada desde 1º de maio passou a ser menor do que a do rand da África do Sul e do rublo. A moeda russa lidera as perdas entre as maiores economias emergentes, enquanto a crise da dívida europeia se aprofunda. Títulos públicos emitidos em real perderam 5,3 por cento, em dólar, no mesmo período, em comparação com a desvalorização de 10,6 por cento dos papéis atrelados ao rublo, segundo números do JPMorgan Chase & Co.

O governo está retirando medidas adotadas no início do ano para enfraquecer o real e proteger a indústria local, enquanto a crise da dívida europeia afasta investidores de moedas de países em desenvolvimento. O real deve acumular o maior ganho entre moedas de mercados emergentes, subindo 8,7 por cento no quarto trimestre, segundo mediana das expectativas de 26 analistas consultados pela Bloomberg.

“Antes, tínhamos um Banco Central que estava ativamente vendendo sua moeda e agora temos um banco no outro lado da operação”, disse Tony Volpon, estrategista para América Latina da Nomura Holdings Inc., em entrevista por telefone.

Apesar de o rendimento dos títulos denominados em reais com vencimento em 2013 ter desabado 232 pontos-base neste ano, para 7,83 por cento, a desvalorização da moeda corroeu o retorno em dólares, segundo dados compilados pela Bloomberg.

"Liquidez excessiva"

O governo retirou a alíquota de 6 por cento de Imposto sobre Operações Financeiras sobre captações externas com vencimento em mais de dois anos para ajudar empresas e bancos a rolar dívida, disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O imposto era parte de uma série de medidas anunciadas nos últimos 19 meses para conter o investimento estrangeiro. O fluxo de capital externo ao País ajudou o real a ter uma valorização de 24 por cento entre o fim de 2008 e 2011, o maior ganho entre mercados emergentes. O real acumula queda de 9,9 por cento neste ano.

Mantega disse que a “liquidez excessiva” que levou aos controles de capital deixou de existir com a piora da crise da dívida da Europa. Investidores rejeitaram ativos de mercados emergentes, diante do resgate de até 100 bilhões de euros para os bancos espanhóis e das crescentes preocupações que a Grécia poderá abandonar a moeda comum após as eleições de 17 de junho.

“Antes da piora da crise, era mais fácil ter acesso a crédito de longo prazo”, disse Mantega a repórteres em Brasília. Bancos e empresas brasileiros precisam “rolar empréstimos” e “isso facilita”, disse ele.


Perspectiva de inflação

O número de leilões de swap cambial do BC, que equivalem a vender dólares no mercado futuro, subiu para nove desde 18 de maio. Essas operações são uma reversão das compras que vinham sendo feitas pelo BC e que atingiram US$ 7,2 bilhões em abril, a maior quantia em 13 meses. O BC deixou de comprar dólares no mercado à vista em 4 de maio.

O BC não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, feito após o fechamento dos mercados.

“No horizonte de médio prazo, o real deve voltar a se apreciar”, disse Darwin Dib, economista-chefe da CM Capital, em entrevista por telefone de São Paulo. “Se o real continuasse alto por mais dois ou três meses, haveria aumento da pressão sobre a inflação.”

Nos 12 meses até maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo se desacelerou para o menor patamar em 20 meses de 4,99 por cento, mas segue acima do centro da meta há 21 meses. A meta é de 4,5 por cento, com tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Para Rafael Laurindo, economista da Porto Seguro Investimentos, o aprofundamento da crise da dívida na Europa pode dificultar o esforço do BC para fortalecer o real.

“Dependemos ainda de muitas notícias, principalmente do exterior. O cenário vai depender das eleições na Grécia e da evolução da crise bancária na Espanha”, disse Laurindo em entrevista por telefone de São Paulo.

O dólar fechou ontem em queda de 0,8 por cento, cotado a R$ 2,0554.

Acompanhe tudo sobre:BricsCâmbioMoedasReal

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mercados

Mais na Exame