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Reação ao Fed e recuo da China podem marcar semana negativa nas bolsas

Bolsas fecharam em baixa na Ásia diante de novo corte de juros do banco central americano e resultado negativo da economia chinesa

Linha de produção na China: varejo caiu mais de 20% e indústria teve queda acima de 13% no primeiro bimestre deste ano (Joyce Zhou/Reuters)

Linha de produção na China: varejo caiu mais de 20% e indústria teve queda acima de 13% no primeiro bimestre deste ano (Joyce Zhou/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2020 às 06h45.

Última atualização em 16 de março de 2020 às 07h12.

São Paulo — O mercado financeiro no mundo todo começa a semana digerindo a decisão dos bancos centrais de vários países de cortar os juros para tentar amortecer o impacto econômico negativo da pandemia de coronavírus Covid-19.

Surpreendendo instituições financeiras e investidores, o Fed (Federal Reserve, banco central americano) reduziu de novo sua taxa básica de juros de 1,25% ao ano para zero na noite de domingo, 15. Mas a medida não foi suficiente para evitar que as bolsas amanhecessem em queda nesta segunda-feira, 16.

Os índices chineses de Xangai e Shenzhen caíram e 3,40% e 5,34%, respectivamente. O japonês Nikkei caiu 2,46% e o índice de Hong Kong, 4,03%. O principal índice na Coreia do Sul caiu 3,19%, apesar do banco central do país ter cortado taxas de juros para abaixo de 1% pela primeira vez na história em reunião de emergência na madrugada desta segunda-feira. Enquanto isso, o europeu Stoxx 600 caía mais de 7% às 7 horas.

A baixa nos mercados reflete também uma queda maior do que a esperada na economia da China nos primeiros dois meses do ano, também divulgada nesta madrugada. A atividade da indústria teve queda de 13,5%, ante expectativa de baixa de 3%. As vendas no varejo despencaram 20,5%, cinco vezes mais do que o esperado, e o desemprego subiu para 6,2% no final de fevereiro, a mais alta de que se tem registro no país.

Neste cenário, pode ser a primeira vez que o Produto Interno Bruto do país veja redução no primeiro trimestre em relação ao ano anterior desde 1989. Entrou em vigor hoje um pacote de estímulo do banco central chinês a bancos do país para que aumentem sua oferta de crédito barato. Ainda que a pandemia se estabilize na China, o aumento de casos em outros países pode afetar as exportações chinesas.

Além das medidas de governos, pela primeira vez neste fim de semana foram contabilizados mais casos de coronavírus fora da China do que em território chinês, oficializando um cenário em que a Europa tornou-se o novo epicentro da pandmia. No mundo, são mais de 169.000 casos na manhã desta segunda-feira, sendo pouco mais de 81.000 deles na China e mais de 88.000 nos demais países.

Assim, para alguns investidores, um corte tão duro do Fed significa que o banco central americano estava esperando uma paralisia do mercado de crédito hoje. Mas assim como os rumos da pandemia são difíceis de prever, também é complicado antecipar o resultado dessa redução dos custos de tomar crédito, o que torna incerto o impacto das medidas dos governos no mercado.

Com o modo pânico ativado pelo Fed e os resultados ruins da China, produtoras das matérias-primas compradas pelos chineses, como a mineradora Vale, devem sofrer no pregão de hoje na bolsa brasileira. Depois de cair 30% entre segunda e quinta-feira passadas, o Ibovespa, principal índice acionário do mercado brasileiro, subiu 13,9% na sexta enquanto os investidores compravam ações consideradas baratas. As notícias do final de semana mostram, porém, que ainda não dá para enxergar o fim da atual crise global e mais turbulências estão a caminho.

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