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Questão fiscal segura alta do Ibovespa, que fecha com ganhos de 0,18%

Ameaça ao teto de gastos com PEC Emergencial preocupa investidores; IPCA volta a superar estimativas do mercado

Bolsa (Germano Lüders/Exame)

Bolsa (Germano Lüders/Exame)

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Beatriz Quesada

Publicado em 8 de dezembro de 2020 às 09h21.

Última atualização em 8 de dezembro de 2020 às 18h23.

Enquanto as principais bolsas internacionais subiram com o início da vacinação no Reino Unido, o Ibovespa teve uma sessão mista nesta terça-feira, 8, causada pelo temor com o cenário fiscal. Houve também um movimento pontual no meio da tarde com realizações nas chamadas blue chips, ações de maior peso no índice como Vale (VALE3), Petrobras (PETR3; PETR4), e Bradesco (BBDC4). Ainda assim, o principal índice da bolsa brasileira encerrou o dia em alta de 0,18%, aos 113.793 pontos.

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Ontem, o Ibovespa encostou nos 114.000 pontos durante a tarde mas virou para a queda depois de uma reportagem do Estadão/ Broadcast informar que o governo pretendia flexibilizar o teto de gastos através da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial. A PEC, que tramita no Senado, regulamenta os gatilhos fiscais a serem acionados em caso de ameaça ao limite de despesas do governo. 

O movimento também influenciou no desempenho volátil do Ibovespa hoje, na opinião de Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos. "O índice ficou alternando entre altas e baixas, foi uma sessão de ajuste pressionada por incertezas no setor fiscal. Essa será uma fonte de volatilidade para os próximos pregões, impactando o mercado até o final do ano", completou.

 

Para Bruno Musa, sócio da Aqcua Investimentos, a questão foi estancada por declarações recentes de dois agentes importantes na agenda econômica: o senador Márcio Bittar, relator das propostas de emenda à Constituição (PECs) Emergencial e do Pacto Federativo, e o ministro Paulo Guedes. Os dois reforçaram que o governo pretende manter o teto de gastos. “Ainda assim, o mercado sabe que caso não tenha um corte e uma desindexação dos gastos, o teto será rompido mais cedo ou mais tarde”, afirmou.

As incertezas fiscais no plano doméstico também serviram de argumento para a pausa na baixa da cotação do dólar, que tomou algum fôlego no exterior. A moeda americana encerrou o dia com variação positiva de 0,08%, a 5,129 reais na venda. Na mínima da sessão, tocada por volta de 13h, a divisa caiu 1,20%.

No exterior, as bolsas subiram com o início da vacinação da Pfizer no Reino Unido. Além disso, a Food and Drugs Administration (FDA), órgão regulador de medicamentos dos Estados Unidos, divulgou um documento afirmando que os testes dessa vacina não levantaram preocupações de segurança. O documento sugere que a agência deve autorizar a vacina para uso emergencial dentro de alguns dias, em uma reunião programada para quinta-feira, 10.

Com a expectativa do fim da pandemia, os três principais índices da bolsa americana encerraram o pregão no azul. O Dow Jones subiu 0,36%, o S&P 500 avançou 0,28% e o Nasdaq fechou em alta de 0,50%. Na Europa, o índice pan-europeu subiu 0,20%.

Porém, restam algumas preocupações no radar dos investidores, como uma segunda onda de coronavírus nas principais economias do mundo e o risco de um novo pacote de estímulo não conseguir o apoio necessário no Congresso americano. Isso porque as negociações do pacote de estímulos de 908 bilhões de dólares encontraram um obstáculo: o líder da maioria republicana do Senado, Mitch McConnell, que voltou a sugerir uma fragmentação dos repasses. 

Enquanto um pacote de estímulo não sai, a economia americana segue sofrendo os os efeitos de novas medidas de isolamento para conter o coronavírus. De acordo com o New York Times, a média de casos e mortes dos últimos sete dias voltou a superar a máxima de abril, com mais de 200 mortes e 200.000 casos por dia. Na Alemanha, restrições mais duras podem ser adotadas após o Natal, segundo o ministro da Saúde, Jens Spahn. 

Por aqui, o dado mais importante foi do IPCA, divulgado ainda no início da manhã. Principal índice de inflação do país, o IPCA voltou a surpreender analistas do mercado, ficando em 0,89% em novembro ante estimativas de 0,78%. No acumulado de 12 meses, o IPCA foi para 4,31% e furou o centro da meta de inflação de 4%.

No radar dos investidores também está a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que irá anunciar amanhã a nova decisão para a taxa básica de juros. O encontro começou hoje e será concluído nesta quarta-feira. Os analistas esperam que o colegiado mantenha a taxa Selic na mínima atual de 2% ao ano, mas acreditam que a autoridade monetária deve adotar uma postura de maior cautela por causa da pressão inflacionária.

"Além da falta de clareza para o Orçamento em 2021, há possibilidade de uma pressão persistente nos preços no atacado mesmo com a descompressão da taxa de câmbio. Por isso, não será uma surpresa se em breve houver revisão nas expectativas para Selic próximo de 4% em 2021", disse Camila Abdelmalack, economista da Veedha Investimentos.

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