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Quem foi Abilio Diniz? Relembre a trajetória do empresário

Em 1995, Abilio foi peça fundamental para a abertura de capital do Grupo Pão de Açúcar e, em 1997, passou a negociar as ações da empresa em Nova York

Abilio começou a trabalhar no Pão de Açúcar, um negócio de sua família, em 1956 (Leandro Fonseca/Exame)
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 19 de fevereiro de 2024 às 05h39.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2024 às 05h48.

Morreu neste domingo em São Paulo, aos 87 an0s, Abilio Diniz, empresário que revolucionou o varejo brasileiro. Diniz estava hospitalizado havia algumas semanas e morreu por causa de uma insuficiência respiratória.

“O empresário deixa cinco filhos, esposa, netos e bisnetos, e irá ao encontro do seu filho João Paulo, falecido em 2022. Desde já, a família agradece a todas as mensagens de apoio e carinho”, diz a nota enviada pela família.

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Abilio não fazia parte do showbiz da forma tradicional, mas se tornou uma celebridade ao misturar a própria trajetória de vida com a história do varejo no Brasil. Da primeira loja do Pão de Açúcar à Península Investimentos — sem jamais se afastar do setor que ajudou a consolidar —, o empresário construiu uma das maiores fortunas do país aos olhos do público nacional. Com uma fortuna de US$ 4,2 bilhões, segundo a Forbes, Abilio ocupava a 17ª posição de homem mais rico do Brasil e o 1223º lugar no mundo.

Quem foi Abílio Diniz?

Abilio Diniz nasceu em 28 de dezembro de 1936. O primeiro dos seis filhos de Floripes Pires e de Valentim Diniz. Se formou em 1956 pela Escola de Administração de Empresas da FGV e, ao terminar a graduação, aceitou a proposta de seu pai para começar a trabalhar em um novo empreendimento da família, o Supermercado Pão de Açúcar.

Antes disso, Valentim havia fundado a Doceria Pão de Açúcar, inaugurada em 1948 e na qual Abílio havia trabalhado desde menino. Por isso, principalmente, Abílio recusava o título de fundador do Pão de Açúcar, sem jamais tirar de si o mérito da expansão do grupo. No fim dos anos 1950, nascia a primeira loja do mercado, na Av. Brigadeiro Luiz Antônio, em São Paulo.

Nas décadas de 60 e 70, Abilio trouxe para o Brasil o conceito de hipermercados por meio da bandeira Jumbo, um empreendimento que copiava o modelo do Carrefour, cuja ideia veio depois de uma viagem do empresário à Europa de olho em tendências do setor. Depois disso, adquiriu ainda as duas pioneiras Peg-Pag e Sirva-se.

Por desentendimentos familiares, Abilio deixou os negócios nos anos 80, mas retornou à operação no final da década, tentando reerguer o Pão de Açúcar em pleno governo Collor.

Na época, Abílio cortou dezenas de diretores. O número de funcionários caiu de 45 mil em 1990 para 17 mil em 1991. A frota de carros, benefício dos executivos, foi vendida. O número de lojas foi de 626 para 262.

“Sofri muito com a empresa familiar. Há sempre uma tendência de misturar os assuntos corporativos com os de casa, o que atrapalha o andamento da companhia”, afirmou à EXAME em 2011. A relação ficou estremecida principalmente depois que o pai de Abílio, Valentim, dividiu o grupo Pão de Açúcar e deixou a maior parte das ações com o filho.

Na mesma década, também acontecia um evento que marcaria a vida de Abilio para sempre. Em 1989, no meio das dificuldades pelas quais o negócio passava, o executivo foi sequestrado e passou seis dias em um cativeiro na zona sul da capital paulista.

Em 1995, Abilio foi peça fundamental para a abertura de capital do Grupo Pão de Açúcar e, em 1997, passou a negociar as ações da empresa em Nova York, marcando mais uma vez a trajetória de pioneirismo. Foi a primeira empresa de controle 100% nacional a fazer uma emissão global de ações.

Em 2006, o executivo negociou a compra do Atacadão, rede de atacarejo voltada às classes C e D. Mesmo com o faturamento na casa do bilhão, a diretoria do GPA não aprovou — e ele comprou pouco tempo depois a rede Assaí.

Ainda no apetite por consolidação, três anos depois, Abilio comprou a Casas Bahia e o Ponto Frio, formando a maior rede de eletroeletrônicos do Brasil. A aquisição foi feita em bons termos, mas a família Klein se arrependeu do contrato, numa briga que só acabou quando Abilio saiu da empresa.

Sucessão do poder

Na década de 2010, Abilio travou uma das maiores batalhas de sua vida: a tomada do poder do Pão de Açúcar pelo grupo francês Casino. Emocionalmente e financeiramente: a briga custou cerca de 500 milhões de reais aos sócios, segundo o livro Abilio - Determinado, Ambicioso, Polêmico, da autora Cristiane Correa.

Em 2005, o grupo francês aumentou sua participação na empresa brasileira e firmou um contrato que previa que Abilio deveria deixar o controle total em 2012. O empresário brasileiro se arrependeu, na data, mesmo já com mais de 70 anos, e tentou costurar uma fusão de três: Carrefour, Casino e Pão de Açúcar. A tentativa falhou – e foi interpretada como uma forma de Abilio tentar descumprir o acordo. Além disso, Abilio chegou a propor a troca de ações do Pão de Açúcar para ações da Rallye, controladora do Casino, o que também não foi aceito.

O imbróglio jurídico se arrastou até 2013, quando um mediador de conflitos internacionais interveio e, enfim, o Casino tomou o controle do negócio.

Com o poder tomado pelo Casino — e sua fortuna transformada em liquidez —, o executivo se dedicou cada vez mais à Península Participações, veículo de investimentos da família, e à participação no conselho de diferentes empresas.

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