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Queda do mercado de ações abala ganhos de títulos corporativos

A baixa de 19% do Ibovespa nos últimos quatro meses começou a abalar a confiança dos investidores em algumas companhias brasileiras

Ainda que os investidores de títulos esperassem que a desaceleração econômica fosse prejudicial, a magnitude da desvalorização das ações causou surpresa (Marcel Salim/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2011 às 10h16.

Nova York e São Paulo - A disparada de cinco meses dos títulos de empresas brasileiras no exterior está sendo interrompida pela queda do Ibovespa, que foi a mais acentuada entre os principais índices acionários.

RBS Securities Inc. e Citigroup Inc. dizem que a baixa de 19 por cento do Ibovespa nos últimos quatro meses começou a abalar a confiança dos investidores em algumas companhias brasileiras, provocando a elevação do rendimento médio dos títulos, que em 2 de agosto estava em 5,63 por cento, o menor patamar já registrado.

O tombo de 40 por cento nas ações da Marfrig Alimentos SA num período de três dias levou investidores a venderem os títulos da empresa com vencimento em 2016, com as taxas pagas por estes papéis subindo 217 pontos-base nas últimas duas semanas, para 10,53 por cento, segundo dados da Bloomberg.

Ainda que os investidores de títulos estivessem esperando que a desaceleração econômica mundial prejudicasse o crescimento brasileiro e os lucros das empresas, a magnitude da desvalorização das ações causou surpresa, disse Omar Zeolla, analista de crédito para mercados emergentes da RBS em Stamford, no estado americano de Connecticut.

“Quando algo está significativamente em queda do lado das ações, é preciso ao menos olhar para os valores da renda fixa, especialmente se algum papel está em queda na comparação com outras empresas no mesmo país”, disse Zeolla em entrevista por telefone. “ Isso requer uma reconsideração ou reavaliação no mercado de dívida.”

A queda do Ibovespa nos últimos quatro meses ampliou a perda deste ano para 22 por cento, o pior desempenho em moeda local entre os dez países com os mercados acionários de maior valor no mundo.

‘Fundamentalmente errado’

Os títulos em dólar emitidos por empresas brasileiras perderam 2 por cento nas últimas duas semans, reduzindo a valorização no ano para 5,6 por cento, segundo o JPMorgan Chase & Co. No México, os títulos de dívida corporativa acumulam retorno de 2,2 por cento em 2011, enquanto o principal índice do mercado de ações caiu 12 por cento. Os títulos corporativos brasileiros pagam 125 pontos-base, ou 1,25 ponto percentual, a mais do que a dívida pública, comparado a uma diferença de 50 em março, de acordo com o JPMorgan.

O presidente da Marfrig, Marcos Molina, afirmou em 15 de agosto que a queda nas ações foi provocada pela GWI Asset Management, que reduziu sua participação na empresa após ser forçada a liquidar. A GWI, sediada em São Paulo, fechou nove fundos para resgate e novos investimentos em 11 de agosto.

A Marfrig e a GWI não quiseram comentar.

“Dada a turbulência geral do mercado na semana passada, os detentores de títulos ficaram nervosos, e provavelmente não queriam correr o risco de esperar para descobrir se há algo fundamentalmente errado com o crédito”, disse Ivan Fernandes, analista de crédito para a América Latina do Barclays Plc em Nova York, em entrevista por telefone.

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Nova York e São Paulo - A disparada de cinco meses dos títulos de empresas brasileiras no exterior está sendo interrompida pela queda do Ibovespa, que foi a mais acentuada entre os principais índices acionários.

RBS Securities Inc. e Citigroup Inc. dizem que a baixa de 19 por cento do Ibovespa nos últimos quatro meses começou a abalar a confiança dos investidores em algumas companhias brasileiras, provocando a elevação do rendimento médio dos títulos, que em 2 de agosto estava em 5,63 por cento, o menor patamar já registrado.

O tombo de 40 por cento nas ações da Marfrig Alimentos SA num período de três dias levou investidores a venderem os títulos da empresa com vencimento em 2016, com as taxas pagas por estes papéis subindo 217 pontos-base nas últimas duas semanas, para 10,53 por cento, segundo dados da Bloomberg.

Ainda que os investidores de títulos estivessem esperando que a desaceleração econômica mundial prejudicasse o crescimento brasileiro e os lucros das empresas, a magnitude da desvalorização das ações causou surpresa, disse Omar Zeolla, analista de crédito para mercados emergentes da RBS em Stamford, no estado americano de Connecticut.

“Quando algo está significativamente em queda do lado das ações, é preciso ao menos olhar para os valores da renda fixa, especialmente se algum papel está em queda na comparação com outras empresas no mesmo país”, disse Zeolla em entrevista por telefone. “ Isso requer uma reconsideração ou reavaliação no mercado de dívida.”

A queda do Ibovespa nos últimos quatro meses ampliou a perda deste ano para 22 por cento, o pior desempenho em moeda local entre os dez países com os mercados acionários de maior valor no mundo.

‘Fundamentalmente errado’

Os títulos em dólar emitidos por empresas brasileiras perderam 2 por cento nas últimas duas semans, reduzindo a valorização no ano para 5,6 por cento, segundo o JPMorgan Chase & Co. No México, os títulos de dívida corporativa acumulam retorno de 2,2 por cento em 2011, enquanto o principal índice do mercado de ações caiu 12 por cento. Os títulos corporativos brasileiros pagam 125 pontos-base, ou 1,25 ponto percentual, a mais do que a dívida pública, comparado a uma diferença de 50 em março, de acordo com o JPMorgan.

O presidente da Marfrig, Marcos Molina, afirmou em 15 de agosto que a queda nas ações foi provocada pela GWI Asset Management, que reduziu sua participação na empresa após ser forçada a liquidar. A GWI, sediada em São Paulo, fechou nove fundos para resgate e novos investimentos em 11 de agosto.

A Marfrig e a GWI não quiseram comentar.

“Dada a turbulência geral do mercado na semana passada, os detentores de títulos ficaram nervosos, e provavelmente não queriam correr o risco de esperar para descobrir se há algo fundamentalmente errado com o crédito”, disse Ivan Fernandes, analista de crédito para a América Latina do Barclays Plc em Nova York, em entrevista por telefone.

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