“Provamos que o modelo de banco digital é rentável”, diz CEO do Nubank após balanço
David Vélez defende que forte rentabilidade na operação brasileira responde às dúvidas do mercado sobre a operação da fintech
Beatriz Quesada
Publicado em 15 de fevereiro de 2023 às 06h10.
Última atualização em 15 de fevereiro de 2023 às 08h00.
Desde que estreou na bolsa em dezembro de 2021, o principal questionamento que o Nubank (NUBR33) enfrenta no mercado é sobre a rentabilidade de suas operações. Como muitas empresas de tecnologia, a fintech começou dando prejuízo, com a promessa de lucros futuros. E, nos últimos trimestres, os lucros apareceram.
David Vélez, CEO do Nubank, acredita que o resultado pode colocar um ponto final nas dúvidas do mercado. “O modelo de banco digital deve gerar rentabilidade em cima da indústria tradicional. Nosso custo operacional é 85% menor, então o retorno deve ser maior, mas não tínhamos como provar isso – até agora”, disse o executivo em entrevista à EXAME Invest .
A comprovação, segundo o executivo, está na abertura dos resultados da holding ao divulgar os números separados das operações de Brasil, México e Colômbia. Mais madura, a operação brasileira tem os resultados mais fortes do grupo, que estão sendo utilizados para financiar a expansão do roxinho na América Latina.
O lucro líquido do Nubank Brasil para o quarto trimestre foi de US$ 185 milhões, acima dos US$ 58 milhões reportados pela holding. Jáo retorno sobre patrimônio líquido (ROE) anualizado do Nubank no Brasil, que indica sua capacidade de rentabilizar seu capital, foi de 35%. O resultado é mais de 10 pontos percentuais acima do ROE anualizado de 23% do Banco do Brasil, que foi o mais alto entre os grandes bancos incumbentes brasileiros.
A tese é de que o Nubank tem três operações, em diferentes estágios. A brasileira, mais antiga e mais avançada, seria a prova que as demais têm o potencial de alcançar e entregar uma rentabilidade sustentável acima dos bancos tradicionais.
“Quando abrimos [os dados] e apresentamos uma operação mais madura no Brasil,conseguimos provar que esse modelo de banco digital hoje gera uma rentabilidade significativa. Colômbia e México vão chegar lá também eventualmente”, defende Vélez.
Guilherme Lago, CFO do Nubank, aponta ainda uma diferença significativa na operação do Nubank para os bancos tradicionais, que é a gestão da carteira de crédito. “[Os grandes bancos] estão moderando as expectativas de crescimento, mas eles já partem de uma base muito grande. Nós temos uma participação de 3% a 4% no mercado, então ainda temos muito espaço para impulsionar o crescimento”, afirmouLago à EXAME Invest .
Além disso, os bancões enfrentam um momento de turbulência com o efeito Americanas (AMER3), que fez aumentar vertiginosamente as provisões para devedores no segmento de crédito para grandes empresas, o atacado. O Nubank, por outro lado, não tem e nem planeja ter exposição ao crédito de atacado.
“Vemos uma perspectiva de estabilização da inadimplência da pessoa física e aumento da inadimplência da pessoa jurídica. Como não temos exposição à PJ, nossa perspectiva é diferente dos bancos incumbentes. Assumindo que a inadimplência continue sob controle, devemos acelerar o ritmo de crescimento no crédito pessoal”, disse o CFO.
A carteira de crédito da fintech cresceu 65% em 2022, com 70% da alta vinda do cartão de crédito e outros 30% de crédito pessoal. Para 2023, o Nubank deve iniciar uma nova área de atuação, o crédito consignado. O foco no consignado e no microcrédito já havia sido adiantado pelo CEO em entrevista no último ano.
As duas linhas de crédito são consideradas mais seguras e devem ajudar o banco a controlar a inadimplência. O indicador de inadimplência acima de 90 dias subiu de 4,7% para 5,2%, enquanto a taxa de 15 a 90 dias diminuiu 50 pontos-base, para 3,7%.
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