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Prêmio entre títulos em reais dispara com receio de mais medidas

Investidores estão comprando mais bônus internacionais denominados em real, diante de receios de que o governo reduza as aplicações no mercado local

O ministro Guido Mantega disse que o governo está “preocupado” com a força do real e pode tomar medidas nos mercados de derivativos e futuros (Wilson Dias/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2011 às 11h24.

Nova York - Especulações de que o governo vai anunciar mais medidas para conter a valorização do real estão ampliando o rendimento de títulos locais para um nível recorde em relação a papéis internacionais denominados em real.

Os títulos emitidos no exterior e atrelados ao real com vencimento em 2022 pagam 395 pontos-base, ou 3,95 pontos percentuais, a menos do que os papéis de prazo similar emitidos no mercado doméstico. A diferença é a maior desde que os papéis foram vendidos em fevereiro de 2010, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O diferencial de taxas entre os títulos da Colômbia em pesos negociados no exterior com vencimento em 2015 e a dívida interna encolheu três pontos-base no mesmo período para 195.

Investidores estão comprando mais bônus internacionais denominados em real, diante de receios de que o governo tome novas medidas para reduzir as aplicações no mercado local após o real ter atingido a maior cotação em 12 anos em relação ao dólar. O governo impôs no ano passado uma alíquota de 6 por cento para o Imposto sobre Operações Financeiras cobrado em investimentos estrangeiros em renda fixa, taxação que não se aplica a papéis negociados no exterior. A disparada da dívida externa mostra que o governo está perdendo uma chance de reduzir seu custo de captação, disse Tony Volpon, estrategista da Nomura Holdings Inc.

“O governo tem sido eficaz em desestimular alguns investidores estrangeiros de participar no mercado local”, disse Alejandro Urbina, que supervisiona US$ 800 milhões em dívida de mercados emergentes -- incluindo títulos atrelados ao real -- na Silva Capital Management LLC, em entrevista por telefone de Chicago. “Muita gente foi direcionada para os bônus globais, que oferecem exposição ao real sem pagar o IOF. O Brasil é um país que precisa que esses investidores continuem tendo interesse no mercado local.”


Apreciação cambial

O rendimento dos títulos em real emitidos no mercado internacional desabou 43 pontos-base no último mês para 8,6 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O rendimento das Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2021 avançou 20 pontos-base no período para 12,6 por cento.

Em parte graças à atratividade do segundo maior juro ajustado para inflação do mundo, o real deu um salto de 48 por cento desde o fim de 2008, o segundo maior ganho após o do dólar australiano. O governo elevou o custo para apostas na valorização do real este mês, depois que o dólar caiu para R$ 1,5524, a menor cotação desde 19 de janeiro de 1999. Foi mais um esforço para conter a apreciação cambial que prejudica os lucros dos exportadores e provocou um déficit recorde na conta corrente.

“Estamos sempre estudando novas medidas”, disse o secretário do Tesouro, Arno Augustin, em 15 de julho, uma semana depois de o Banco Central ter subido o depósito compulsório sobre posições vendidas em dólar.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse em 5 de julho que o governo está “preocupado” com a força do real e pode tomar medidas nos mercados de derivativos e futuros.

‘Agressivos’

O Ministério da Fazenda não quis fazer comentários para esta reportagem.

A diferença de rendimentos entre a dívida interna e os títulos internacionais denominados em real vai depender de “quão agressivos os brasileiros vão parecer quanto à prevenção da apreciação do câmbio”, disse Paul McNamara, que ajuda a gerenciar US$ 8 bilhões em dívida de mercados emergentes na GAM Investment Management Ltd., em entrevista por telefone de Londres. As autoridades “sinalizaram com extrema clareza que estão novamente preocupadas com a valorização cambial”, ele disse.

O governo pode adotar medidas “no longo prazo” que incluem a taxação da retirada de dinheiro do País ou um imposto de retenção, de acordo com McNamara.

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Os títulos emitidos no exterior e atrelados ao real com vencimento em 2022 pagam 395 pontos-base, ou 3,95 pontos percentuais, a menos do que os papéis de prazo similar emitidos no mercado doméstico. A diferença é a maior desde que os papéis foram vendidos em fevereiro de 2010, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O diferencial de taxas entre os títulos da Colômbia em pesos negociados no exterior com vencimento em 2015 e a dívida interna encolheu três pontos-base no mesmo período para 195.

Investidores estão comprando mais bônus internacionais denominados em real, diante de receios de que o governo tome novas medidas para reduzir as aplicações no mercado local após o real ter atingido a maior cotação em 12 anos em relação ao dólar. O governo impôs no ano passado uma alíquota de 6 por cento para o Imposto sobre Operações Financeiras cobrado em investimentos estrangeiros em renda fixa, taxação que não se aplica a papéis negociados no exterior. A disparada da dívida externa mostra que o governo está perdendo uma chance de reduzir seu custo de captação, disse Tony Volpon, estrategista da Nomura Holdings Inc.

“O governo tem sido eficaz em desestimular alguns investidores estrangeiros de participar no mercado local”, disse Alejandro Urbina, que supervisiona US$ 800 milhões em dívida de mercados emergentes -- incluindo títulos atrelados ao real -- na Silva Capital Management LLC, em entrevista por telefone de Chicago. “Muita gente foi direcionada para os bônus globais, que oferecem exposição ao real sem pagar o IOF. O Brasil é um país que precisa que esses investidores continuem tendo interesse no mercado local.”


Apreciação cambial

O rendimento dos títulos em real emitidos no mercado internacional desabou 43 pontos-base no último mês para 8,6 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O rendimento das Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2021 avançou 20 pontos-base no período para 12,6 por cento.

Em parte graças à atratividade do segundo maior juro ajustado para inflação do mundo, o real deu um salto de 48 por cento desde o fim de 2008, o segundo maior ganho após o do dólar australiano. O governo elevou o custo para apostas na valorização do real este mês, depois que o dólar caiu para R$ 1,5524, a menor cotação desde 19 de janeiro de 1999. Foi mais um esforço para conter a apreciação cambial que prejudica os lucros dos exportadores e provocou um déficit recorde na conta corrente.

“Estamos sempre estudando novas medidas”, disse o secretário do Tesouro, Arno Augustin, em 15 de julho, uma semana depois de o Banco Central ter subido o depósito compulsório sobre posições vendidas em dólar.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse em 5 de julho que o governo está “preocupado” com a força do real e pode tomar medidas nos mercados de derivativos e futuros.

‘Agressivos’

O Ministério da Fazenda não quis fazer comentários para esta reportagem.

A diferença de rendimentos entre a dívida interna e os títulos internacionais denominados em real vai depender de “quão agressivos os brasileiros vão parecer quanto à prevenção da apreciação do câmbio”, disse Paul McNamara, que ajuda a gerenciar US$ 8 bilhões em dívida de mercados emergentes na GAM Investment Management Ltd., em entrevista por telefone de Londres. As autoridades “sinalizaram com extrema clareza que estão novamente preocupadas com a valorização cambial”, ele disse.

O governo pode adotar medidas “no longo prazo” que incluem a taxação da retirada de dinheiro do País ou um imposto de retenção, de acordo com McNamara.

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