Por que o Ibovespa não vai pra frente?
Tensões em relação ao abismo fiscal nos EUA, incertezas na Europa e intervencionismo do governo federal afastam investidores
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2012 às 05h00.
São Paulo - O Ibovespa fechou o pregão de quarta-feira caindo 2,10%, aos 56.279 pontos e apagou os ganhos no ano, passando a registrar queda de 0,84%. O mercado reagiu a notícias de greves nos países europeus, queda na produção industrial da zona do euro, e recuo no PIB de Portugal e da Grécia no terceiro trimestre.
A queda no índice tem sido uma constante desde o dia 24 de setembro quando perdeu o patamar dos 61 mil pontos - só em outubro o Ibovespa registrou queda de 3,6%.
No mês, o volume financeiro médio diário também despencou 21% em relação a setembro: o volume caiu para 6,67 bilhões de reais, ante os 8,44 bilhões de reais do mês anterior e foi o menor giro médio diário desde julho.
Segundo Romeu Vidali, superintendente de operações Bovespa da Concórdia Corretora, na virada do ano de 2011 para 2012, estimava-se que o Ibovespa terminaria 2012 entre 70 e 72 mil pontos. “O que vemos agora é que devemos fechar o ano entre 56 e 57 mil pontos e já será um grande feito”, afirma.
Ele diz que são 4 os principais fatores que levam o índice a ter esse desempenho decepcionante: cenário externo, intervencionismo estatal, saída de investidores estrangeiros e de pessoa física.
Cenário externo
“A bolsa brasileira tem seguido o comportamento das bolsas internacionais, que também estão muito voláteis e prestando atenção aos problemas financeiros na Europa e na economia americana”, diz Vidali.
A reeleição do presidente Barack Obama nos Estados Unidos veio junto com a questão do “abismo fiscal”, que é hoje o principal motivo que impede o avanço do Ibovespa.
O mercado teme que a economia sucumba ao “fiscal cliff”, que se refere ao fim de incentivos fiscais aplicados há quase dez anos pela administração de George Bush e ao início de cortes automáticos no orçamento em programas sociais e militares a partir de janeiro de 2013. O valor a ser retirado da economia pode chegar a 607 bilhões de dólares.
De olho no problema, a agência de classificação de risco Moody’s já avisou que se o país adiar um acordo para resolver o abismo fiscal para o ano que vem será necessário um compromisso dos congressistas em fechar um acordo orçamentário e um claro cronograma de reformas para manter seu rating ‘Aaa’. Segundo a agência, a política está “muito polarizada e imprevisível".
No ano passado, quando o Congresso vivia um impasse sobre o aumento do limite do endividamento do país, a agência Standard and Poor’s rebaixou a nota de crédito dos EUA de AAA para AA+. A classificadora disse que o principal gatilho para a revisão foi a “divergência entre os partidos políticos quanto à política fiscal”, mesmo problema enfrentado agora.
Intervencionismo estatal
No cenário nacional, Vidali destaca que a intervenção do governo Dilma em setores importantes para a economia como o bancário e o energético desanimou os investidores desses segmentos.
A ação do governo também afastou os investidores estrangeiros da bolsa brasileira. Em outubro, temores de que o governo poderia taxar o capital externo fizeram com que houvesse retirada líquida de 1,23 bilhão de reais. No acumulado do ano, há um déficit de capital externo na Bovespa de 2,394 bilhões de reais.
Saída da pessoa física
“Então o mercado de renda variável está na mão de profissionais, há uma perda significativa de participação de pessoa física no segmento”, afirma. A participação de pessoa física na Bovespa, que já esteve em 30,5%, hoje chega a 18%.
Segundo o analista, isso se explica pela falta de boas perspectivas no mercado externo. “Sempre que tivemos redução na taxa de juros, com perspectiva de crescimento da economia o mercado ganhou força. Mas agora, mesmo com as taxas baixas, não se vê o investidor com apetite pro risco na renda variável, porque ele olha pro mercado externo e vê que tem muito a ser superado ainda.
São Paulo - O Ibovespa fechou o pregão de quarta-feira caindo 2,10%, aos 56.279 pontos e apagou os ganhos no ano, passando a registrar queda de 0,84%. O mercado reagiu a notícias de greves nos países europeus, queda na produção industrial da zona do euro, e recuo no PIB de Portugal e da Grécia no terceiro trimestre.
A queda no índice tem sido uma constante desde o dia 24 de setembro quando perdeu o patamar dos 61 mil pontos - só em outubro o Ibovespa registrou queda de 3,6%.
No mês, o volume financeiro médio diário também despencou 21% em relação a setembro: o volume caiu para 6,67 bilhões de reais, ante os 8,44 bilhões de reais do mês anterior e foi o menor giro médio diário desde julho.
Segundo Romeu Vidali, superintendente de operações Bovespa da Concórdia Corretora, na virada do ano de 2011 para 2012, estimava-se que o Ibovespa terminaria 2012 entre 70 e 72 mil pontos. “O que vemos agora é que devemos fechar o ano entre 56 e 57 mil pontos e já será um grande feito”, afirma.
Ele diz que são 4 os principais fatores que levam o índice a ter esse desempenho decepcionante: cenário externo, intervencionismo estatal, saída de investidores estrangeiros e de pessoa física.
Cenário externo
“A bolsa brasileira tem seguido o comportamento das bolsas internacionais, que também estão muito voláteis e prestando atenção aos problemas financeiros na Europa e na economia americana”, diz Vidali.
A reeleição do presidente Barack Obama nos Estados Unidos veio junto com a questão do “abismo fiscal”, que é hoje o principal motivo que impede o avanço do Ibovespa.
O mercado teme que a economia sucumba ao “fiscal cliff”, que se refere ao fim de incentivos fiscais aplicados há quase dez anos pela administração de George Bush e ao início de cortes automáticos no orçamento em programas sociais e militares a partir de janeiro de 2013. O valor a ser retirado da economia pode chegar a 607 bilhões de dólares.
De olho no problema, a agência de classificação de risco Moody’s já avisou que se o país adiar um acordo para resolver o abismo fiscal para o ano que vem será necessário um compromisso dos congressistas em fechar um acordo orçamentário e um claro cronograma de reformas para manter seu rating ‘Aaa’. Segundo a agência, a política está “muito polarizada e imprevisível".
No ano passado, quando o Congresso vivia um impasse sobre o aumento do limite do endividamento do país, a agência Standard and Poor’s rebaixou a nota de crédito dos EUA de AAA para AA+. A classificadora disse que o principal gatilho para a revisão foi a “divergência entre os partidos políticos quanto à política fiscal”, mesmo problema enfrentado agora.
Intervencionismo estatal
No cenário nacional, Vidali destaca que a intervenção do governo Dilma em setores importantes para a economia como o bancário e o energético desanimou os investidores desses segmentos.
A ação do governo também afastou os investidores estrangeiros da bolsa brasileira. Em outubro, temores de que o governo poderia taxar o capital externo fizeram com que houvesse retirada líquida de 1,23 bilhão de reais. No acumulado do ano, há um déficit de capital externo na Bovespa de 2,394 bilhões de reais.
Saída da pessoa física
“Então o mercado de renda variável está na mão de profissionais, há uma perda significativa de participação de pessoa física no segmento”, afirma. A participação de pessoa física na Bovespa, que já esteve em 30,5%, hoje chega a 18%.
Segundo o analista, isso se explica pela falta de boas perspectivas no mercado externo. “Sempre que tivemos redução na taxa de juros, com perspectiva de crescimento da economia o mercado ganhou força. Mas agora, mesmo com as taxas baixas, não se vê o investidor com apetite pro risco na renda variável, porque ele olha pro mercado externo e vê que tem muito a ser superado ainda.