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Por que ninguém espera uma festa junina para a bolsa

Nível de incertezas cresce com dados ruins sobre as economias da China e EUA

Analistas esperam que junho seja um mês chave para os mercados  (André Koehne/Wikimedia Commons)

Analistas esperam que junho seja um mês chave para os mercados (André Koehne/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2012 às 19h50.

São Paulo – O mês começa sem a previsão de festa junina nos mercados financeiros. Pular a crescente fogueira da economia global vai ser quase impossível com os dados publicados desfavoráveis já no primeiro dia e que aumentam as incertezas sobre as principais economias do mundo, os Estados Unidos e a China. Em maio, a bolsa brasileira acompanhou a piora da crise internacional e despencou 12%. Foi o pior desempenho mensal desde outubro de 2008. E hoje o índice caminha para o maior ciclo de perda semanal em 8 anos.

“Com o agravamento da crise europeia, indefinições políticas, especialmente na Grécia e Espanha, os mercados tiveram um mês de maio de expressiva queda”, ressalta a equipe de análise do HSBC, liderada pelo estrategista Carlos Nunes. O banco alterou a carteira recomendada de ações para junho com o objetivo de adotar uma postura mais defensiva com a preferência a empresas com maior previsibilidade de fluxo de caixa e crescimento estrutural.

Os sinais de hoje

1. Logo nesta manhã os investidores souberam que a economia chinesa enfrentou uma queda na produção industrial em maio. O índice que mede a atividade manufatureira passou de 53,3 pontos em abril para 50,4 pontos. "A baixa relativamente grande do índice em maio se situa dentro de uma tendência de desaceleração econômica", comentou Zhang Liqun, analista da entidade próxima ao governo que coleta os dados. “Não é um viés recessivo, mas a probabilidade de um PIB trimestral anualizado inferior a 8% no segundo trimestre é cada dia mais elevada”, ressalta o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho.

2. Nos Estados Unidos, o aguardado Relatório de Emprego trouxe detalhes desanimadores sobre a recuperação econômica. O país criou 69 mil vagas em maio, muito abaixo da expectativa de 150 mil postos de trabalho. Segundo os economistas da consultoria brasileira LCA, os dados podem inaugurar um período em que o desempenho da economia americana deixará de representar um contraponto positivo à evolução preocupante da economia europeia e aos resultados decepcionantes da economia chinesa, “fator que poderá contribuir para aprofundar o clima de incertezas no ambiente global”.


3. No Brasil, além de os resultados do primeiro trimestre das empresas decepcionarem, o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) não trouxe alívio. Segundo o IBGE, a economia brasileira cresceu 0,2% no período. “Agora fica impossível imaginar um crescimento superior a 3% para esse ano. A forma como nosso PIB vem se desacelerando, desde o ano passado, indica que foi a desaceleração dos Investimentos que comandou o atual estágio de estagnação econômica, encerrando o período de recuperação iniciado no segundo trimestre de 2009 e que se sustentou fortemente até o segundo de 2011”, estima Pedro Paulo Silveira, economista da TOV Corretora.

O que esperar para junho

O tropeço das bolsas mundiais logo no primeiro pregão do mês pode ser um sinal do que vem pela frente. Os principais mercados da Europa caíram forte hoje e o destaque foi a Alemanha. O índice DAX, normalmente mais resistente que os demais, registrou uma baixa de 3,4%, a maior entre os da região. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 opera abaixo de 2% a 1.277 pontos. Segundo o analista técnico do HSBC, Mauricio Camargo, o índice pode abandonar a tendência de alta que havia sido iniciada em outubro do ano passado quando a média móvel de 50 dias cruzou acima da média móvel de 200 dias.

“É provável que junho seja um mês chave para os mercados, com o acompanhamento de perto das eleições na Grécia e a expectativa de piora em relação aos riscos da Espanha. As eleições gregas neste mês dificilmente levarão a uma saída imediata do euro, mas podem alimentar as dificuldades de seus bancos, o que poderia contaminar potencialmente a Espanha. Acreditamos que tais eventos possam finalmente levar as autoridades europeias a adotarem medidas para tentar controlar essa situação”, sintetiza a Ágora, corretora do Bradesco, em um relatório assinado pela equipe de análise liderada por Dalton Gardimam.

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