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Por que a OGX se tornou um problema para Ibovespa

Ações da companhia ganharam forte característica especulativa e distorcem o desempenho do índice

Ações da OGX registram queda de 96% desde a abertura de capital da companhia, em 2008 (Fernando Cavalcanti/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2014 às 07h51.

São Paulo – Nos últimos meses o mercado tem acompanhado a dramática trajetória da OGX ( OGXP 3) na bolsa brasileira. Desde 2008, quando a petrolífera de Eike Batista foi a mercado e captou 6,7 bilhões de reais em seu IPO , muita coisa mudou – e mudou para pior.

Bem diferente daquela empresa pré-operacional e promissora que surgia há cinco anos, a OGX continua a ganhar os olhares do mercado, mas não da maneira como Eike planejou.

Dos 11,31 reais do preço de cada papel em sua estreia na bolsa, restaram apenas centavos, após um tombo de 96%. Negociando atualmente em valores baixíssimos, as ações da companhia ganharam uma forte característica especulativa, a qual pode proporcionar ganhos (ou perdas) percentuais consideráveis aos aventureiros da bolsa.

Nos dias atuais, qualquer variação de preço do papel da OGX gera uma significativa oscilação percentual e, com isso, as ações da petrolífera têm distorcido consideravelmente o desempenho do Ibovespa, já que os ativos da empresa representam 4,26% do índice.

Além disso, a crise da petrolífera freou o desempenho do Ibovespa nos últimos meses. Em julho, o Ibovespa avançou 1,64%. Sem a participação da OGX, o desempenho teria sido de 2,11%, conforme mostra um levantamento da Economatica.

Já em agosto, o avanço do Ibovespa seria ainda maior que os 3,68%, não fosse a derrocada de 53% dos papéis da OGX durante o período. Desconsiderando a petrolífera, o Ibovespa teria avançado 4,93%.


Arrumando a casa

A BM&FBovespa tem avaliado a possibilidade de mudanças no método de cálculo do Ibovespa, que não sofre alterações desde 1968.

Os principais pontos em análise são o critério de ponderação, a fórmula de cálculo do índice de negociabilidade e os critérios de inclusão e exclusão. O grupo de trabalho foi constituído por iniciativa da Bovespa e é composto por integrantes de diversos segmentos. A bolsa ainda vai realizar novas consultas, principalmente a entidades de classe do mercado.

Pela metodologia proposta, seriam excluídas da carteira os ativos classificados como “Penny Stock” (ações de valor baixo, geralmente, abaixo de 1 real) durante o período de vigência da carteira anterior ao rebalanceamento. Com isso, as ações da OGX poderiam ser excluídas do índice.

Vale lembrar que a carteira teórica do Ibovespa é composta pelas ações que, com relação aos doze meses anteriores à formação da carteira, estão incluídas em uma relação de ações cujos índices de negociabilidade somados representem 80% do valor acumulado de todos os índices individuais; apresentem participação, em termos de volume, superior a 0,1% do total e tenham sido negociadas em mais de 80% do total de pregões do período.

Existem duas alternativas de ponderação do Ibovespa em análise, levando em consideração o valor de mercado do free float ou a liquidez. Para a implementação, há também duas alternativas sendo analisadas: de modo integral ou escalonado. Pelo modelo escalonado, ocorreriam três rebalanceamentos a partir de janeiro de 2014. A outra possibilidade é que a mudança seja implementada de forma integral na revisão de janeiro de 2014.

Para o analista da Gradual Investimentos, Flávio Conde, a solução não está em excluir papéis com valor abaixo de 1 real, e sim, compor um Ibovespa pelo valor de mercado das empresas, assim como acontece com o S&P 500.

“É uma maneira de premiar as maiores e mais sólidas empresas do mercado. Traria uma segurança maior ao investidor, além de meritocracia às companhias”, justifica Conde.

O analista lembra ainda que, ao utilizar o método de exclusão das Penny Stocks, um simples agrupamento de ações seria capaz de manter a OGX ainda pertencente ao Ibovespa, já que elevaria o valor de face das ações para mais de 1 real.

São Paulo – Nos últimos meses o mercado tem acompanhado a dramática trajetória da OGX ( OGXP 3) na bolsa brasileira. Desde 2008, quando a petrolífera de Eike Batista foi a mercado e captou 6,7 bilhões de reais em seu IPO , muita coisa mudou – e mudou para pior.

Bem diferente daquela empresa pré-operacional e promissora que surgia há cinco anos, a OGX continua a ganhar os olhares do mercado, mas não da maneira como Eike planejou.

Dos 11,31 reais do preço de cada papel em sua estreia na bolsa, restaram apenas centavos, após um tombo de 96%. Negociando atualmente em valores baixíssimos, as ações da companhia ganharam uma forte característica especulativa, a qual pode proporcionar ganhos (ou perdas) percentuais consideráveis aos aventureiros da bolsa.

Nos dias atuais, qualquer variação de preço do papel da OGX gera uma significativa oscilação percentual e, com isso, as ações da petrolífera têm distorcido consideravelmente o desempenho do Ibovespa, já que os ativos da empresa representam 4,26% do índice.

Além disso, a crise da petrolífera freou o desempenho do Ibovespa nos últimos meses. Em julho, o Ibovespa avançou 1,64%. Sem a participação da OGX, o desempenho teria sido de 2,11%, conforme mostra um levantamento da Economatica.

Já em agosto, o avanço do Ibovespa seria ainda maior que os 3,68%, não fosse a derrocada de 53% dos papéis da OGX durante o período. Desconsiderando a petrolífera, o Ibovespa teria avançado 4,93%.


Arrumando a casa

A BM&FBovespa tem avaliado a possibilidade de mudanças no método de cálculo do Ibovespa, que não sofre alterações desde 1968.

Os principais pontos em análise são o critério de ponderação, a fórmula de cálculo do índice de negociabilidade e os critérios de inclusão e exclusão. O grupo de trabalho foi constituído por iniciativa da Bovespa e é composto por integrantes de diversos segmentos. A bolsa ainda vai realizar novas consultas, principalmente a entidades de classe do mercado.

Pela metodologia proposta, seriam excluídas da carteira os ativos classificados como “Penny Stock” (ações de valor baixo, geralmente, abaixo de 1 real) durante o período de vigência da carteira anterior ao rebalanceamento. Com isso, as ações da OGX poderiam ser excluídas do índice.

Vale lembrar que a carteira teórica do Ibovespa é composta pelas ações que, com relação aos doze meses anteriores à formação da carteira, estão incluídas em uma relação de ações cujos índices de negociabilidade somados representem 80% do valor acumulado de todos os índices individuais; apresentem participação, em termos de volume, superior a 0,1% do total e tenham sido negociadas em mais de 80% do total de pregões do período.

Existem duas alternativas de ponderação do Ibovespa em análise, levando em consideração o valor de mercado do free float ou a liquidez. Para a implementação, há também duas alternativas sendo analisadas: de modo integral ou escalonado. Pelo modelo escalonado, ocorreriam três rebalanceamentos a partir de janeiro de 2014. A outra possibilidade é que a mudança seja implementada de forma integral na revisão de janeiro de 2014.

Para o analista da Gradual Investimentos, Flávio Conde, a solução não está em excluir papéis com valor abaixo de 1 real, e sim, compor um Ibovespa pelo valor de mercado das empresas, assim como acontece com o S&P 500.

“É uma maneira de premiar as maiores e mais sólidas empresas do mercado. Traria uma segurança maior ao investidor, além de meritocracia às companhias”, justifica Conde.

O analista lembra ainda que, ao utilizar o método de exclusão das Penny Stocks, um simples agrupamento de ações seria capaz de manter a OGX ainda pertencente ao Ibovespa, já que elevaria o valor de face das ações para mais de 1 real.

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