Passageiros em metrô de Xangai: restrições para conter coronavírus cobra preço da economia chinesa e PIB do segundo trimestre cai mais de 2% (Qilai Shen/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 15 de julho de 2022 às 07h28.
Última atualização em 15 de julho de 2022 às 07h42.
Um aparente movimento de apetite ao risco predomina no início desta sexta-feira, 15, no mercado internacional, com índices de ações em alta na Europa e no mercado de futuros americanos. Por trás da melhora de humor estão buscas por barganhas após as bolsas terem caído por preocupações sobre a intensificação do aperto monetário do Federal Reserve (Fed) para conter a maior inflação em 40 anos dos Estados Unidos. No Brasil, o Ibovespa fechou o último pregão no nível mais baixo desde 2020, próximo de 96.000 pontos.
O dólar também reage positivamente nesta manhã, cedendo terreno a moedas emergentes e desenvolvidas. O euro, que chegou a ser negociado abaixo de US$ 1 na véspera, avança frente ao dólar, mas segue negociada próxima da região considerada um suporte técnico para a moeda.
Apesar da melhora pontual dos indicadores de mercado, o mercado altamente suscetível à piora de humor de investidores, cada vez mais preocupados sobre o nível da inflação americana, que voltou a surpreender em dados divulgados nesta semana. Isso porque juros mais altos para conter a inflação da maior economia do mundo, aumentam ainda mais os temores de desaceleração da atividade global.
Ventos da China tampouco contribuem com a melhora de percepção sobre a economia mundial. Dados divulgados na última noite revelaram desaceleração do PIB chinês no segundo trimestre de 4,8% para 0,4% na comparação anual. A expectativa do mercado era de esfriamento para 1%. No trimestre frente ao anterior, o PIB da China caiu 2,6% ante consenso de 1,5% de queda.
Bolsas da Ásia fecharam em queda nesta madrugada, com investidores reagindo aos números mais fracos da economia chinesa. Rígidas restrições de mobilidade para conter a proliferação do coronavírus na China explicam parte da piora da atividade local.
Desempenho dos indicadores às 7h30 (de Brasília):
Nesta manhã, economistas deverão repercutir os dados de vendas do varejo americano do mês de junho, previstos para às 9h30. O consenso é de alta de 0,8% ante a queda de 0,3% registrada no mês anterior. Um número acima do esperado pode ajudar a resfriar os temores de piora da atividade econômica americana, por outro lado, tendem a adicionar ainda mais pressão para que o Federal Reserve acelere o ritmo de alta de juros para 1 ponto percentual.
As apostas de um aperto ainda mais duro que a elevação de 0,75 p.p. da última decisão ganharam força a partir da semana passada, chegando a superar 80% na quarta-feira, 13, quando o Índice de Preço ao Consumidor americano (CPI, na sigla em inglês) saiu acima do previsto. Mas após as primeiras reações do mercado, a probabilidade de uma alta de 1 p.p. recuou para próximo de 50%, patamar em que se mantém nesta manhã, segundo monitor do CME Group.
Falas do James Bullard, um dos primeiros membros do Fed a defender altas de juros mais fortes no início do ciclo, contribuíram para o arrefecimento das apostas mais duras ao dizer, em entrevista à Nikkei, que defende mais uma alta de 0,75 p.p. para a próxima reunião.
A Camil (CAML3) apresentou balanço do primeiro trimestre (de março a maio) na última noite. Com especificidades do setor agrícola, a companhia considera um período diferente para a divulgação de resultados. A Camil registrou receita líquida de R$ 2,8 bilhões no primeiro trimestre, 6,9% acima do mesmo período do ano passado.
O resultado foi impulsionado pela frente internacional, com expansão de 52,4% no Uruguai. Apesar da maior receita, o lucro da Camil caiu 10,5% para R$ 97 milhões, com queda de margem de 0,8 ponto percentual para 4%.
A Méliuz (CASH3) registrou em prévia operacional GMV de R$ 1,419 bilhão no segundo trimestre, representando um aumento de 24% em relação ao mesmo período do ano passado. O GMV, no entanto, caiu 10% frente ao trimestre anterior, quando bateu R$ 1,576 bilhão.