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Petróleo cai abaixo de US$ 27 o barril e causa estragos

O declínio de 6,7% ontem revela o papel central dos preços do petróleo na economia mundial

Petróleo: os índices de ações no mundo todo caíram em meio a preocupações de que o crescimento na China (ThinkStock)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2016 às 07h43.

Os preços do petróleo nos Estados Unidos caíram abaixo de US$ 27 por barril ontem, intensificando os temores sobre o ritmo do crescimento global e aprofundando a crise que vem abalando os mercados financeiros mundiais neste ano.

Os índices de ações no mundo todo caíram em meio a preocupações de que o crescimento na China e outros países emergentes será ainda mais lento que o previsto.

A China é um comprador crucial de commodities, e uma diminuição nas compras do setor industrial do país deve manter o mundo inundado de petróleo e outras matérias-primas por meses e talvez até anos.

O declínio de 6,7% ontem revela o papel central dos preços do petróleo na economia mundial.

Embora a retração dos preços do petróleo, agora em seu 19o mês, tenha sido provocada em grande parte pelo excesso de oferta em meio a um boom de produção nos EUA, o enfraquecimento da demanda global pode adiar a recuperação dos preços para 2017 ou além, dizem analistas.

Alguns economistas também alertam que, nas atuais mínimas, os efeitos econômicos positivos do petróleo barato no consumo podem ser anulados por fatores que muitos analistas subestimaram quando os preços do combustível começaram a cair: uma redução de empregos, cortes em gastos de capital por empresas e declínio na receita dos governos.

Os temores recentes em relação ao crescimento global ressaltam os limites do poder de influência dos bancos centrais para estimular as economias, oito anos após a crise financeira mais recente.

Nos EUA, onde o Federal Reserve elevou os juros em dezembro pela primeira vez em nove anos, parte de um processo de várias etapas para gradualmente reduzir a dependência da economia do programa de estímulo, dados divulgados ontem mostraram um ligeiro declínio do índice de preços ao consumidor e uma queda inesperada na construção de novas casas em dezembro.

Na China, onde o governo está buscando novas formas de estimular a economia depois de uma onda de gastos e investimentos alimentada por dívidas, os dados desta semana mostram que o crescimento da economia em 2015 foi o menor em 25 anos.

Mercados emergentes, incluindo a China, são vistos como essenciais para o crescimento da demanda por petróleo nas próximas décadas. Nos países desenvolvidos, dizem muitos economistas, o consumo de petróleo está perto ou já atingiu seu pico, à medida que consumidores e empresas se tornam mais eficientes no uso de combustíveis.

'O universo mais amplo de investimentos começa a aceitar que o crescimento dos países emergentes não será mais o que costumava ser', diz Chris Graff, diretor de gestão de ativos da americana RMB Capital, que administra US$ 4,5 bilhões. Para o mercado de petróleo, diz ele, 'é difícil ver […] de onde virá uma nova demanda que realmente absorva o excesso de oferta existente'.

A Média Industrial Dow Jones caiu 1,56% e o índice S&P 500 afundou para o menor nível em 21 meses. Os preços do petróleo dos EUA caíram US$ 1,91, ou 6,7%, para US$ 26,55 o barril, o menor nível desde 2003. Os preços do cobre caíram 0,9%, para US$ 1,956 por libra-peso, perto da mínima de seis anos. As notas do Tesouro e os preços do ouro subiram.

O petróleo foi um condutor-chave do mercado mais amplo nas últimas semanas. As empresas têm demitido centenas de milhares de funcionários e cortado bilhões de dólares em custos desde que os preços começaram a cair, em meados de 2014, e mais cortes devem acontecer à medida que empresas e países lidam com o recuo dos preços, que já alcança 28% só neste ano.

A petrolífera Royal Dutch Shell PLC informou ontem que seu lucro no quarto trimestre caiu 50% ante um ano atrás e que planeja cortar US$ 3 bilhões em custos este ano. A francesa Total SA deve divulgar queda de 20% no lucro ajustado, disse o diretor-presidente, Patrick Pouyanné.

A consultoria Energy Security Analysis Inc. informou ontem que o crescimento da demanda por petróleo da China entre 2015 a 2030 deve cair 56% em comparação com o ritmo de 2000 a 2015. A China, tradicionalmente uma potência manufatureira, tenta mudar seu modelo econômico e depender mais do consumo e menos da indústria, que consome muita energia, diz Megan Wu, analista-chefe da ESAI para Ásia.

'Com a demanda nesse nível, a oferta tem que reagir' e cortar a produção de petróleo, diz ela.

Os produtores de petróleo foram lentos em responder à queda dos preços, com algumas empresas e países aumentando a produção numa tentativa de manter suas fatias de mercado.

A Agência Internacional de Energia informou na terça-feira que a produção fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo deve cair em 2016 devido aos cortes de gastos, mas grande parte da queda será anulada pelo aumento da produção iraniana. O Irã deve elevar sua produção de forma expressiva este ano, com o fim das sanções.

O consumo de petróleo subiu em 2015, à medida que consumidores se beneficiaram da gasolina mais barata e a China aproveitou para elevar suas reservas estratégicas, mas a AIE não espera que o crescimento continue. Um início de inverno quente incomum nos EUA e na Europa reduziu a demanda por óleo de calefação nos últimos meses.

'A produção americana está caindo e, quanto menor o preço ficar, pior será [para a oferta] e melhor para a demanda', diz David Pursell, diretor-gerente de energia do banco de investimento Tudor, Pickering, Holt & Co. 'O mercado está chegando perto do equilíbrio.'

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Os preços do petróleo nos Estados Unidos caíram abaixo de US$ 27 por barril ontem, intensificando os temores sobre o ritmo do crescimento global e aprofundando a crise que vem abalando os mercados financeiros mundiais neste ano.

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A China é um comprador crucial de commodities, e uma diminuição nas compras do setor industrial do país deve manter o mundo inundado de petróleo e outras matérias-primas por meses e talvez até anos.

O declínio de 6,7% ontem revela o papel central dos preços do petróleo na economia mundial.

Embora a retração dos preços do petróleo, agora em seu 19o mês, tenha sido provocada em grande parte pelo excesso de oferta em meio a um boom de produção nos EUA, o enfraquecimento da demanda global pode adiar a recuperação dos preços para 2017 ou além, dizem analistas.

Alguns economistas também alertam que, nas atuais mínimas, os efeitos econômicos positivos do petróleo barato no consumo podem ser anulados por fatores que muitos analistas subestimaram quando os preços do combustível começaram a cair: uma redução de empregos, cortes em gastos de capital por empresas e declínio na receita dos governos.

Os temores recentes em relação ao crescimento global ressaltam os limites do poder de influência dos bancos centrais para estimular as economias, oito anos após a crise financeira mais recente.

Nos EUA, onde o Federal Reserve elevou os juros em dezembro pela primeira vez em nove anos, parte de um processo de várias etapas para gradualmente reduzir a dependência da economia do programa de estímulo, dados divulgados ontem mostraram um ligeiro declínio do índice de preços ao consumidor e uma queda inesperada na construção de novas casas em dezembro.

Na China, onde o governo está buscando novas formas de estimular a economia depois de uma onda de gastos e investimentos alimentada por dívidas, os dados desta semana mostram que o crescimento da economia em 2015 foi o menor em 25 anos.

Mercados emergentes, incluindo a China, são vistos como essenciais para o crescimento da demanda por petróleo nas próximas décadas. Nos países desenvolvidos, dizem muitos economistas, o consumo de petróleo está perto ou já atingiu seu pico, à medida que consumidores e empresas se tornam mais eficientes no uso de combustíveis.

'O universo mais amplo de investimentos começa a aceitar que o crescimento dos países emergentes não será mais o que costumava ser', diz Chris Graff, diretor de gestão de ativos da americana RMB Capital, que administra US$ 4,5 bilhões. Para o mercado de petróleo, diz ele, 'é difícil ver […] de onde virá uma nova demanda que realmente absorva o excesso de oferta existente'.

A Média Industrial Dow Jones caiu 1,56% e o índice S&P 500 afundou para o menor nível em 21 meses. Os preços do petróleo dos EUA caíram US$ 1,91, ou 6,7%, para US$ 26,55 o barril, o menor nível desde 2003. Os preços do cobre caíram 0,9%, para US$ 1,956 por libra-peso, perto da mínima de seis anos. As notas do Tesouro e os preços do ouro subiram.

O petróleo foi um condutor-chave do mercado mais amplo nas últimas semanas. As empresas têm demitido centenas de milhares de funcionários e cortado bilhões de dólares em custos desde que os preços começaram a cair, em meados de 2014, e mais cortes devem acontecer à medida que empresas e países lidam com o recuo dos preços, que já alcança 28% só neste ano.

A petrolífera Royal Dutch Shell PLC informou ontem que seu lucro no quarto trimestre caiu 50% ante um ano atrás e que planeja cortar US$ 3 bilhões em custos este ano. A francesa Total SA deve divulgar queda de 20% no lucro ajustado, disse o diretor-presidente, Patrick Pouyanné.

A consultoria Energy Security Analysis Inc. informou ontem que o crescimento da demanda por petróleo da China entre 2015 a 2030 deve cair 56% em comparação com o ritmo de 2000 a 2015. A China, tradicionalmente uma potência manufatureira, tenta mudar seu modelo econômico e depender mais do consumo e menos da indústria, que consome muita energia, diz Megan Wu, analista-chefe da ESAI para Ásia.

'Com a demanda nesse nível, a oferta tem que reagir' e cortar a produção de petróleo, diz ela.

Os produtores de petróleo foram lentos em responder à queda dos preços, com algumas empresas e países aumentando a produção numa tentativa de manter suas fatias de mercado.

A Agência Internacional de Energia informou na terça-feira que a produção fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo deve cair em 2016 devido aos cortes de gastos, mas grande parte da queda será anulada pelo aumento da produção iraniana. O Irã deve elevar sua produção de forma expressiva este ano, com o fim das sanções.

O consumo de petróleo subiu em 2015, à medida que consumidores se beneficiaram da gasolina mais barata e a China aproveitou para elevar suas reservas estratégicas, mas a AIE não espera que o crescimento continue. Um início de inverno quente incomum nos EUA e na Europa reduziu a demanda por óleo de calefação nos últimos meses.

'A produção americana está caindo e, quanto menor o preço ficar, pior será [para a oferta] e melhor para a demanda', diz David Pursell, diretor-gerente de energia do banco de investimento Tudor, Pickering, Holt & Co. 'O mercado está chegando perto do equilíbrio.'

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