Petrobras cai forte em bolsa mas preço ainda não atrai o mercado

São Paulo - As ações ordinárias (PETR3) e preferenciais (PETR4) da Petrobras já caíram mais de 20% na bolsa este ano e, ainda assim, parecem não estar atraentes para o mercado. O problema é que, apesar dos preços estarem deprimidos em relação às perspectivas de lucros da estatal e em comparação com outras do setor, os investidores ainda temem as incertezas que rondam o processo de capitalização.

Nesta quarta-feira (11), o banco suíço UBS rebaixou a recomendação para as ações ordinárias da empresa de neutra para venda. Para a analista Lilyanna Yang, há um crescente risco de que a empresa pague mais do que o esperado pelo direito de exploração de 5 bilhões de barris de petróleo dos poços da área do pré-sal, a chamada cessão onerosa.

Para encontrar um preço, a Petrobras contratou a consultoria DeGolyer & MacNaughton. Entretanto, na lei da capitalização aprovada em 10 de junho, exige-se um segundo laudo independente, esse feito pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Para isso, a agência contratou a Gaffney, Cline & Associates. A estimativa é de que a empresa conclua o trabalho até o final de agosto.

Segundo Lilyanna, os investidores ficariam desapontados caso o governo feche um preço acima dos seis dólares por barril. Haroldo Lima, presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) disse à Reuters que o governo deseja um valor entre 7 e 8 dólares. A analista também projeta que a capitalização possa ficar para depois de setembro. A estimativa inicial era de julho.

Para as ações preferenciais, o UBS manteve a recomendação neutra. O preço-alvo para as ordinárias foi reduzido de 40 reais para 33 reais. A Petrobras já perdeu R$ 75,033 bilhões em valor de mercado em 2010, segundo levantamento feito pela consultoria Economatica. Os papéis ordinários caíram 3,8% nesta quarta-feira, cotados a 31,65 reais. Os preferenciais cederam 3,2%, negociados a 27,50 reais.

O Black Rock, o fundo com maior fatia da Petrobras, recentemente passou a vender as ações da estatal por temer atrasos e mudanças no processo de capitalização. "Se o laudo da ANP não sair até agosto, só sai em setembro. Então as eleições poderão atrapalhar porque alguns investidores estrangeiros não vão querer participar durante o período eleitoral. Não é o nosso caso, mas quem não pensa sobre o Brasil 24 horas por dia poderá evitar. Não está na hora de ser agressivo com os papéis da Petrobras", disse Will Landers, gestor para a América Latina do fundo em entrevista ao Site Exame.

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