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Pessimismo com Jogos Olímpicos do Rio não abala investidores

O pessimismo em torno dos Jogos Olímpicos não está contaminando o mercado financeiro brasileiro


	Mercado financeiro: com a cerimônia de abertura a caminho, o Ibovespa e o real estão em seus níveis mais altos em mais de um ano
 (Getty Images)

Mercado financeiro: com a cerimônia de abertura a caminho, o Ibovespa e o real estão em seus níveis mais altos em mais de um ano (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2016 às 17h52.

O pessimismo em torno dos Jogos Olímpicos, que começam nesta sexta-feira no Rio de Janeiro, não está contaminando o mercado financeiro brasileiro.

Os problemas da maior economia da América Latina estão sob os holofotes em meio à chegada dos atletas de mais de 200 países para a Olimpíada.

São velejadores que torcem o nariz para a água suja da Baía de Guanabara, o time de basquete da China teve que desviar de um tiroteio pouco depois de sua chegada e até os viajantes que foram recebidos por policiais insatisfeitos no aeroporto do Rio com um cartaz dizendo “Welcome to Hell” (“Bem-vindo ao inferno”).

Essa semana, um condutor da tocha mostrou seu descontentamento com o governo abaixando a calça no meio de uma cerimônia oficial.

Contudo, com a cerimônia de abertura a caminho, o Ibovespa e o real estão em seus níveis mais altos em mais de um ano, registrando a melhor performance do mundo neste ano em meio à recuperação dos preços das commodities e à especulação de que os estímulos monetários nos mercados desenvolvidos tornarão as taxas de juros mais elevadas do Brasil mais atrativas para o investidor estrangeiro.

Os títulos do governo brasileiro emitidos em dólar seguiram o exemplo e entregam aos investidores um retorno que representa o dobro da média dos emergentes.

O risco medido pelos swaps de crédito também despencou com as apostas de que o novo governo será capaz de encerrar a pior recessão em um século.

“O investidor não está ligando para os Jogos Olímpicos”, diz Jankiel Santos, economista-chefe do banco Haitong, em São Paulo. “Com perspectiva de estabilidade política, com consolidação de impeachment e novas medidas para lado fiscal, investidor olha e vê quadro diferente de anteriormente”.

Michel Temer, que assumiu como presidente interino em maio após o afastamento de Dilma Rousseff, que enfrenta um julgamento de impeachment, impressionou os investidores ao montar o que o Goldman Sachs chamou de equipe econômica dos sonhos em seu gabinete.

Embora ainda não tenha concretizado nenhuma grande mudança em termos de políticas, Temer prometeu reverter o déficit e estimular o crescimento na tentativa de tentar reconquistar a classificação de grau de investimento que o país perdeu no ano passado.

O rali deste ano também reflete, em parte, o desempenho ruim dos ativos nos últimos anos.

O Ibovespa subiu 33 por cento em 2016 após perder 38 por cento do fim de 2010 até dezembro passado.

A valorização de 24 por cento do real este ano é a maior entre 150 moedas monitoradas pela Bloomberg no mundo, mas contrasta com o declínio de 58 por cento registrado nos últimos cinco anos.

Os ativos brasileiros têm apresentado desempenho inferior aos de seus pares dos mercados emergentes em quase todas as categorias desde que o Rio foi escolhido para sediar os Jogos Olímpicos, em 2009.

Contudo, o otimismo de que Temer terá mais sucesso do que Dilma para tirar o Brasil da recessão elevou os preços dos ativos, mesmo em meio ao acúmulo de erros olímpicos.

“O apetite dos investidores pelo Brasil e a Olimpíada são duas coisas muito diferentes”, disse Bianca Taylor, analista e estrategista de títulos soberanos da Loomis Sayles & Co. em Boston, EUA, que ajuda a administrar US$ 229 bilhões em ativos, incluindo títulos do governo brasileiro.

“O bom momento para os ativos brasileiros continuará dependendo do apetite global por risco e da manutenção do caminho para as reformas fiscais”.

Há esperanças, também, para os brasileiros que estão mais interessados no vôlei do que nos preços dos ativos.

O Goldman Sachs prevê que o Brasil terá seu melhor desempenho olímpico da história, com 22 medalhas, cinco delas de ouro.

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