Mercados

Pedidos de seguro desemprego devem bater novo recorde nos EUA

Na semana passada, número foi quase o dobro do projetado pelo mercado, e derrubaram bolsas pelo mundo

Bolsa de NY: desemprego em alta é um forte golpe para a maior economia do mundo   (Brendan McDermid/Reuters)

Bolsa de NY: desemprego em alta é um forte golpe para a maior economia do mundo (Brendan McDermid/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de abril de 2020 às 06h52.

Última atualização em 2 de abril de 2020 às 07h26.

O mercado deve ter mais um sinal dos impactos do coronavírus na maior economia do mundo. Para esta quinta-feira, está programada a divulgação dos dados de pedidos de seguro desemprego nos Estados Unidos referentes à última semana. A expectativa é a de que a quantidade entre na casa dos 5 milhões pela primeira vez na história.

“Isso é mais um reflexo dos efeitos catastróficos na economia dos EUA e do mundo”, disse Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. Segundo ele, os dados sobre desemprego devem ter forte influência no preço dos ativos, “principalmente se vierem muito pior do que o esperado”.

Na quinta-feira passada, a quantidade de pedidos por seguro desemprego ficou em 3,28 milhões, superando o recorde anterior de 695 mil, de outubro de 1982. O resultado foi quase o dobro da projeção mediana de mercado, mas foi ofuscado pelas falas do presidente do Fed, Jerome Powell, que disse que não ficaria “sem munição” para estimular a economia americana.

“Agora não tem mais estímulos para anunciar e as medidas de saúde já foram tomadas. Restam os números do coronavírus”, comentou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Nesta semana, a aversão a risco voltou a ganhar força, com o piora dos casos de coronavírus nos Estados Unidos. No país, já são mais de 200.000 infectados confirmados e mais de 4.000 mortos.

O avanço do vírus fez até o presidente Donald Trump mudar o discurso sobre a doença, alertando que as próximas duas semanas devem ser “muito difíceis”. Na terça, o governo americano também revisou o potencial número de mortos de 100 mil para até 240 mil. “Foi um choque de realidade”, afirmou Beyruti.

Com tudo isso no radar, nem mesmo os dados de março sobre a produção manufatureira americana, que vieram melhor do que as expectativas, contiveram o pessimismo entre os investidores. Nesta quarta-feira, 1º de abril, o principal índice acionário dos EUA fechou em queda de 4,41%, levando as bolsas globais para baixo, inclusive a brasileira, que caiu 2,82%.

No longo prazo, a tendência é a de que os mercados emergentes sintam mais os impactos da pandemia de coronavírus, de acordo com Beyruti. “Não estamos preparados economicamente para aguentar uma crise desse tamanho. É esperada uma fuga de capital do Brasil.”

Acompanhe tudo sobre:bolsas-de-valoresCoronavírusEstados Unidos (EUA)Exame Hoje

Mais de Mercados

"O dólar é o grande quebra-cabeça das políticas de Trump", diz Luis Otavio Leal, da G5 Partners

Vale (VALE3) sobe após aumento de 210% em lucro e puxa Ibovespa para cima

PCE dos EUA, Caged e repercussão do balanço da Vale (VALE3): o que move o mercado

Lucro da Vale (VALE3) supera expectativas e sobe 210%, para US$ 2,76 bilhões

Mais na Exame